A correção é necessária?


”Meu filho, não despreze a correção do Senhor e não perca o ânimo quando for repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho. Em vista da educação é que vocês sofrem. Na hora, qualquer correção parece não ser motivo de alegria, mas de tristeza; porém, mais tarde, ela produz um fruto de paz e de justiça naqueles que foram corrigidos”
(Hb 12,5.611).

Não raras vezes ficamos chateados, e até mesmo magoados, com a pessoa que está responsável por nós pelo fato de ela ter chamado a nossa atenção em alguma coisa. Diante disso, ficamos querendo jogar tudo para o alto, pois o nosso ego fica abalado.

Essa é uma atitude que faz parte da natureza humana. No entanto, isso não significa que é correta e que deve ser repetida. Muito pelo contrário. Ela deve ser trabalhada na presença de Jesus pelo auxílio do Espírito Santo.

Tanto no Antigo como no Novo Testamento encontramos a certeza de que a correção/direcionamento provém do coração de Deus e que ela é necessária para que possamos caminhar sempre na verdade ( Gn 12,1-2; Ex 3,16; Js 1,2-3; Ez 3,16-21; Lv 19,17; Dt 19,15; Mt 18,15-18; 2Ts 3,15; Gl 6,1; 2Tm 2,25-26; Hb 12,11; Tg 5,19). Citamos aqui somente alguns, mas existem vários outros, sobretudo nos Evangelhos, onde Jesus indica aquilo que os discípulos precisam realizar em sua missão ( Mt 10,5; 21,1; Lc 10,1-12).

Alguns destes textos sagrados são bastante claros. Vejamos só o que podemos ler na carta aos Hebreus: “Na hora, qualquer correção parece não ser motivo de alegria, mas de tristeza; porém, mais tarde, ela produz um fruto de paz e de justiça naqueles que foram corrigidos” (Hb 12,11).

É de fato isso o que acontece quando recebemos uma correção: dói. E causa dor porque geralmente pensamos que a nossa verdade é a verdade absoluta e, por isso, não aceitamos que ela seja re-direcionada e podada. Esta correção acaba mexendo com o nosso ego. Nosso egoísmo e vaidade são feridos.

Porém, a Palavra de Deus nos mostra que, embora no momento exato a correção machuque e entristeça, depois os frutos colhidos são de “paz” e “justiça”. Estes são os frutos que se manifestarão quando o Senhor vier “justiça e paz se abraçaram” (Sl 85,11)

Diante desta certeza que a Palavra de Deus nos traz não podemos ter medo de orientar o Povo de Deus que está sob a nossa responsabilidade. As atitudes de orientar e educar são próprios de quem ama, pois “quem ama educa”.

Todos os passos que damos na nossa vida precisam ser orientados: na escola pelo professor; na profissão pelo nosso superior; na sociedade pelas leis em vigor; na Igreja por quem Deus colocou como nosso responsável. Tudo isso porque quem não é orientado de forma correta acaba sendo de outra forma, não raras vezes equivocadas. Isso é uma das causas de muitos fracassos na caminhada

No DJC esta orientação recebe o nome de Acompanhamento Personalizado. Ele está dentro do MEAD (Método de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos), sobretudo na segunda parte, onde, já tendo a nossa fé reavivada, passamos a vivenciar o nosso Desenvolvimento Integral.

Este Acompanhamento Personalizado é realizado pelos Articuladores, Coordenadores, Conselheiros e Acompanhantes. Somente eles estão autorizados a fazê-lo, uma vez que é missão específica deles. Esta é uma precaução tomada até para que não se banalize algo tão fundamental para o nosso crescimento como discípulos e missionários de Jesus Cristo, onde toda pessoa pode ficar entrando na vida e na missão do outro. Isto de forma alguma é fechamento, mas organização.

O Acompanhamento se faz na prática do dia-a-dia, com orientações pontuais, de acordo com a necessidade de cada momento, mas também em momentos específicos que serão especialmente reservados. Se quem é o responsável por orientar não o fizer está incorrendo em pecado grave, pois se Deus deu o Carisma devemos colocá-lo em prática.

Jesus nunca teve medo de orientar e se dirigir aos seus discípulos. Várias passagens dos Evangelhos nos mostram esta realidade. Ele sabia como falar, mas não tinha medo de falar.

Por fim é preciso dizer que a orientação deve sempre ser acompanhada do amor e do
discernimento, pois embora às vezes seja necessário falar de forma mais “dura” nunca podemos perder de vista que a orientação deve ser fruto do amor e que deve gerar na pessoa crescimento. É só equilibrar pulso firme com amor. Jesus sempre soube

Da mesma forma que Jesus teve que se dirigir aos vendedores do templo de um modo mais “áspero” com o intuito de mostrá-los o valor da casa de Deus (Mt 21,12) também nós, mesmo nos momentos de correções mais “claras e diretas” devemos ter em mente o amor e como horizonte que aquela pessoa está em crescimento.

Graça e Paz!

Francisco Edmar
MGDI