Orientações aos católicos sobre eleições e censo



Esta orientação que dom Odilo Scherer fez ao Clero e aos fiés de São Paulo é muito útil para todos os católicos. Por isso resolvi postá-la aqui no blog do Ministério Geral de Desenvolvimento Integral.


Estimados Padres da Arquidiocese de São Paulo


Escrevo-lhes sobre a campanha eleitoral, já iniciada, em vista das próximas eleições para os cargos do Poder Executivo (Presidente e Governador) e do Poder Legislativo (Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual).

Todos os cargos pleiteados nestas eleições são importantes; por isso requerem atenção especial de nossa parte. O destino político do Brasil, nos próximos anos, estará na mão daqueles que agora forem eleitos.

O Episcopado do Regional Sul I da CNBB (Estado de São Paulo), em sua assembléia de junho passado, emitiu uma Nota com orientações sobre como "Votar Bem", que lhes envio em anexo..Aconselho-os a divulgarem estas orientações através dos meios à sua disposição, não deixando de imprimir e de difundir as mesmas nos jornais paroquiais e na internet. Trata-se de uma ocasião importante para a formação da consciência política do nosso povo; os eleitores devem exercer bem o seu poder político, mediante o voto, escolhendo candidatos idôneos e comprometidos com o bem comum, com a justiça social, o respeito à vida, à dignidade da pessoa humana e com as demais causas boas.

Ao mesmo tempo, desejo comunicar-lhes algumas orientações da Arquidiocese de São Paulo com respeito ao envolvimento dos espaços e organizações eclesiais na campanha eleitoral.

1. Fique claro que a Igreja não tem uma opção oficial por partidos ou candidatos. Por isso, também os representantes da Igreja (Clero) não devem envolver-se publicamente na campanha partidária (cf Cân. 287 §2; 572).

2. Nas Missas e outras celebrações (homilias, cursos), não deve ser feita campanha explícita para partidos ou candidatos, quer por clérigos, quer por leigos. O envolvimento político-partidário direto do Padre, ou o uso instrumental, para isso, da celebração litúrgica divide a comunidade.

3. Os espaços eclesiais não devem estar, de forma exclusiva, a serviço de um partido ou candidato. Nos mesmos espaços eclesiais (templos, salões paroquiais) não sejam afixados apelos eleitorais de partido ou candidato.

4. No entanto, não se deixe de orientar os fiéis para que votem de modo consciente e responsável, dando o apoio a candidatos que sejam afinados com as suas próprias convicções e que, se eleitos forem, não promovam causas contrárias aos princípios cristãos na sua atuação parlamentar, ou executiva, sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da vida, desde a sua concepção até à sua morte natural. No entanto, não se indiquem nomes.

5. Para melhor conhecimento dos candidatos e de suas propostas, é útil promover encontros de vários candidatos, para o debate e a exposição das propostas, no salão paroquial ou em outros ambientes. Porém, isso não deve ser feito no templo.

Acrescento uma preocupação relativa ao Censo 2010. A pergunta que se refere à religião ("qual é sua religião?") pode gerar confusão, perplexidade e distorção dos dados da realidade. De fato, quem responder "sou católico", ou "minha religião é a católica", será colocado diante de uma lista de nada menos que 27 opções de "católicos" ou de "religiões católicas" supostamente diferentes. Fica a pergunta sobre os reais motivos dessa formulação da questão, quando boa parte das alternativas (bem 12) dizem respeito à mesma Igreja/religião Católica Apostólica Romana. Nossos católicos poderão ser levados a indicar uma opção equivocada, que não corresponda à sua/nossa Igreja ou religião: Católica Apostólica Romana.

Portanto, recomendo que nossos fiéis católicos sejam oportunamente orientados a responder: "sou católico apostólico romano", ou "minha religião é a Católica Apostólica Romana". Sugiro que a questão seja explicada sem demora ao povo nas Missas (avisos) e em outras circunstâncias (jornais, revistas, internet). O Censo já está acontecendo. Em anexo, envio-lhes a lista do IBGE, relativa às opções de "católicos" constantes no Censo 2010.

Estimados padres, as questões acima expostas entram no nosso zelo pastoral, para conduzir, defender e servir, quais bons pastores, o rebanho do Senhor confiado aos nossos cuidados. Deus os abençoe e recompense!

São Paulo, 20.08.2010

Cardeal Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

fonte: http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/index.htm

Células-tronco embrionárias e aborto serão discutidos em debate



No próximo dia 23 de agosto, o Sistema Canção Nova de Comunicação e a Rede Aparecida vão realizar o primeiro debate entre os presidenciáveis promovido por TVs de inspiração católica. Todos os candidatos com representação na Câmara foram convidados. José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio Arruda Sampaio (PSOL) já confirmaram presença no programa.

O debate pretende criar um espaço inédito para que temas de interesse dos cristãos sejam tratados com profundidade, além de questões ligadas à saúde, educação, emprego, segurança pública, previdência, liberdade de imprensa e reforma agrária. O aborto, o uso de células-tronco embrionárias e a exposição de símbolos religiosos em locais públicos ganham destaque na pauta.

Aborto

Um estudo da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgado em 2008, mostra que pelo menos 3,7 milhões de mulheres entre 15 e 49 anos realizaram aborto. Ou seja, 7,2% das mulheres em idade reprodutiva.

Segundo a Instrução "Donum Vitae", elaborada pelo Vaticano para avaliar todas as questões morais relativas à bioética, a vida humana deve ser respeitada de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o homem deve ter reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida. “O fruto da geração humana, desde o primeiro momento da sua existência, isto é, a partir da constituição do zigoto, exige o respeito incondicional que é moralmente devido ao ser humano na sua totalidade corporal e espiritual”.

Células-tronco embrionárias

Quanto ao uso de células-tronco embrionárias, a Igreja declara que não visa atrasar o desenvolvimento científico, como alegam alguns pesquisadores, mas ser em primeiro lugar a favor da vida. Em 29 de maio de 2008, o Superior Tribunal Federal aprovou esse tipo de pesquisa no Brasil. O país é o primeiro a liberar o uso de células-tronco embrionárias para estudo na América Latina e o 26º no mundo. O artigo 5º da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005) libera no país a pesquisa com células-tronco de embriões obtidos por fertilização in vitro e congelados há mais de três anos.

“Salvar um e matar outro não é a resposta”, destaca o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha, que acrescenta o seguinte, ao enfatizar que a Igreja não é insensível ao sofrimento das pessoas: "A Igreja é sensível ao sofrimento de tantas pessoas que desejam a cura e estimulam os cientistas para que possam progredir nas pesquisas a fim de que doenças incuráveis possam ter cura. A Igreja não concorda é com a manipulação dos sentimentos das pessoas e o seu desejo de viver, a sua esperança de encontrar uma cura, com informações falsificadas. Vamos passar informações corretas, seguras e não alimentar expectativas falsas".

De acordo com a Instrução "Dignitas Personae", escrito em 2008 e que trata sobre algumas questões de Bioética, “o corpo de um ser humano, desde as primeiras fases da sua existência, nunca pode ser reduzido ao conjunto das suas células. O corpo embrionário desenvolve-se progressivamente segundo um programa bem definido, e com um fim intrínseco próprio, que se manifesta no nascimento de cada criança".

Símbolos religiosos em locais públicos

Nos últimos anos, há uma discussão na justiça sobre a exposição de símbolos religiosos em locais públicos, enfatizada no ano passado pelo PNDH-3 (Programa Nacional de Desenvolvimento Humano). O embate gira em torno do fato de algumas pessoas alegarem que tal exibição fere a laicidade do Estado.

Para o jurista Dr. Ives Gandra Martins, é preciso esclarecer exatamente o que significa a palavra "laicidade". “Estado laico não significa que aquele que não acredita em Deus tenha direito de impor sua maneira de ser, de opinar e de defender a democracia. Numa democracia, todos têm o direito de opinar, os que acreditam em Deus e os que não acreditam. Mas, na democracia brasileira, foram os representantes do povo, reunidos numa Assembléia Constituinte considerada originária, que definiram que todo o ordenamento jurídico nacional, toda a Constituição, todas as leis brasileiras devem ser veiculadas 'sob a proteção de Deus', não podendo, pois, violar princípios éticos da pessoa humana e da família”.

O Papa Bento XVI afirmou que os sinais religiosos do povo não devem ser retirados dos locais públicos, porque quando se retira Deus da vida pública a sociedade se encaminha para o vazio e o mal.

O debate acontecerá no auditório da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, no dia 23 de agosto, a partir das 22h. E será transmitido ao vivo para todo o Brasil, e para alguns países, pelo Sistema Canção Nova de Comunicação e a Rede Aparecida. Estima-se um público de mais de 100 milhões de telespectadores.


Ariane Fonseca
Da Redação

Fonte: Canção Nova

Os cristãos e os meios de comunicação (parte I)



Não se engane. Nada na imprensa é feita por acaso. Por trás de cada notícia e de cada programa existe um interesse implícito. Até mesmo aqueles programas mais simples, que parecem desprovidos de qualquer interesse, tem uma meta, um objetivo a ser alcançado.

Quem patrocina estes programas só o fazem porque sabem que existirá um retorno. E como sabemos que para promover um programa é necessário um alto investimento (porque tudo na TV é muito caro), não é de se estranhar que estes empresários só o façam mediante um retorno, seja ele a curto, médio ou longo prazo.

Um dos principais objetivos que a mídia atual tenta alcançar é o de secularizar a humanidade.

E isso não é algo recente. Não é de hoje que grande parte dos meios de comunicação seja ela escrita, falada ou televisionada, tem como linha principal de ação deturpar o sentido da religião.

Por trás dos sorrisos e entrega de prêmios encontramos uma trama que, como não é explicita, passa despercebida aos nossos olhos. E não se trata de algo fantasioso, fora da realidade, mas bem próximo a nós.

Embora existam aqueles que mostram a que se destinam de modo declarado, muitos dos programas são muito sutis. Assim, programações com roupagem familiar, lúdica e de simples entretenimento, têm como finalidade tirar Deus do coração do homem e torná-los ateus práticos, embora participando de algumas atividades religiosas. Temos que ter muito cuidado.

Não podemos nos esquecer dos vários meios de comunicação que, mesmo não tendo nenhum vínculo religioso, ajudam a promover bons valores humanos por meio de sua excelente programação, bem como deixar de destacar as TV’s católicas que, por força da vocação, além de difundir bons valores humanos, repassam também valores evangélicos.

No entanto, estes formam a exceção, não somente a nível nacional, mas também a nível mundial. A grande maioria da mídia caminha em sentido oposto.

Basta uma breve verificação com olhar cristão para vermos o quanto de mal a programação de certas emissoras produz. Especialmente males em longo prazo, na formação da personalidade e do caráter de crianças e adolescentes, bem como a deformação da mentalidade já formada em adultos. É um caso sério e que não podemos deixar de meditar, sob pena de estarmos sendo “inimigos da cruz de Cristo”(Fl 3,18), como dizia São Paulo.

Quase tudo do que somos hoje como adultos adquirimos quando ainda éramos crianças ou adolescentes. O restante (só pequenos ajustes) foi sendo modelado a partir do que tinha sido deixado registrado na nossa personalidade e caráter por nossa família e meio em que vivíamos, enquanto estávamos em processo de formação. A mesma coisa vai acontecer com as crianças e adolescentes de hoje.

Devemos ficar com olhos abertos porque é nesta fase que incutimos os valores que irão nortear toda nossa vida. Formaremos aqui o nosso interior. Se ele for mal formado toda a nossa existência estará comprometida.

Todas as coisas na vida cristã, inclusive a determinação daquilo que chega aos nossos olhos e ouvidos por meio da TV e de outros meios de comunicação social, devem passar pelo crivo do discernimento no Espírito Santo: “discerni tudo e ficai com que o é bom” (Ts 5,21).

Muitas pessoas, sobretudo, crianças e adolescentes, em plena formação de consciência e caráter, são bombardeadas por uma programação de cunho imoral e amoral. E como em todo tiroteio, algumas pessoas serão atingidas por “balas perdidas” (que não têm nada de perdidas), dentre as quais muitas levaram seqüelas irreversíveis para o resto da vida.

No Congresso Nacional tramita um Projeto de Lei que diz respeito ao tipo de programação que é exibida no Brasil. Mas, como sempre, devido a pressões de quem tem dinheiro neste país, o projeto corre em passos de tartaruga. Deus sabe se ele sairá ao menos da gaveta. E caso saia não sabemos se será aprovado.

É uma coisa seriíssima e como bons cristãos que somos não podemos ficar olhando o tempo passar e com ele chegar todas as desgraças.

Graça e Paz

Francisco Edmar
MGDI