Cardeal cobra posicionamento claro sobre aborto



O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, defendeu a livre manifestação de padres e bispos, como o bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que prega voto contra a candidata Dilma Rousseff, do PT, alegando que ela defende o aborto.

- Eles (padres e bispos) são livres para se manifestar - argumentou o cardeal de São Paulo.

Mesmo lembrando que a posição oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é não indicar partido ou candidato, dom Odilo afirmou que não cabe punição ou qualquer tipo de reprimenda ao bispo de Guarulhos. Dom Odilo defende a pluralidade de posições e garantiu que não há divisão no clero.

- Evidentemente nós somos mais de 400 bispos católicos no Brasil, membros da CNBB. Nós temos cabeças diferentes e muitas vezes posições diferentes. Porém, a posição assumida pela CNBB, aquela da assembléia geral, ela vale, foi votado, portanto não há divisão - disse.

O cardeal, que já foi secretário geral da CNBB, disse que a monopolização do aborto na discussão da campamnha presidencial não é boa porque outros assuntos não são abordados, mas defendeu o direito dos eleitores conhecerem a posição dos candidatos sobre outros temas importantes para o país.


Quando perguntado se a posição do candidato sobre o aborto seria fundamental na hora de escolher o próximo presidente da República, Dom Odilo declarou que outros assuntos também devem ser levados em consideração.

“[O aborto] é uma das questões que os eleitores têm que saber o posicionamento dos candidatos. Porém, a polarização em torno do assunto não é boa, porque temos muitos assuntos que devem também ser levados em consideração [na hora do voto]”, disse.


Para o cardeal, os candidatos devem “se manifestar sobre aquilo que é sua posição [sobre o aborto], assim como tantos outros assuntos que interessam aos eleitores”.

Dom Odilo reiterou a posição da CNBB de não declarar apoio a partidos ou candidatos nesta disputa eleitoral. “A Igreja se propôs a não indicar partidos ou candidatos, mas apontar critérios e princípios com relação à escolha, que deve ser livre e autônoma.”

Questionado sobre integrantes da igreja que teriam indicado apoio a algum candidato, Dom Odilo afirmou que “se algum o fez é por sua responsabilidade própria. Não é uma posição oficial’. Ele descartou uma divisão na CNBB sobre o assunto. “A posição foi votada em assembleia geral, portanto, não há divisão”, declarou.

"Acredito que é bom que a questão do aborto seja também levada em consideração dentro dos debates políticos. É questão que merece consideração política. Ou a vida humana seria tão desprezível que não merece atenção da discussão política? Então, é importante que a questão em torno do aborto mereça a atenção política e um posicionamento claro daqueles que se propõem a governar e a legislar"

O arcebispo de São Paulo lembrou ainda que a Igreja Católica considera que a vida humana se inicia no momento da concepção. “Independente das condições que em que foi concebido, o ser humano precisa de amparo. A criança não deve pagar com a sua vida pelo que outros cometeram de forma errada”, disse.

Fonte: Comunidade Shalom