Maturidade Cristã: um caminho contínuo e necessário


“A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então, já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro. Ao contrário, vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os aspectos em direção a Cristo, que é a Cabeça. Ele organiza e dá coesão ao corpo inteiro, através de uma rede de articulações, que são os membros, cada um com sua atividade própria, para que o corpo cresça e construa a si próprio no amor”. (Ef 4,13-16)
A Palavra de Deus, durante os séculos, vem iluminando a caminhada de cada discípulo em particular e de toda a Igreja no seu conjunto. O Novo Testamento, de modo inequívoco, mostra como a Igreja, nos seus inícios, conseguiu sobreviver às várias investidas que vinham de dentro e de fora dela, além das investidas do Inimigo do Povo de Deus. A Bíblia não deve ser utilizada como livro de auto-ajuda e nem como livro de adivinhação ou de acusação. Os relatos bíblicos, por si só, se impõem como luz para a caminhada hodierna dos discípulos de Cristo, sem que seja necessário “forçar a barra” para mais ou para menos.
Esta passagem bíblica em particular nos apresenta um caminho para se alcançar a tão pretendida e necessária maturidade cristã. Nesse ponto, São Paulo coloca a maturidade no âmbito da perfeição. E sabemos que a perfeição, dentro da espiritualidade bíblica, é santidade. Em assim sendo, quem avança na maturidade caminha no sentido da santidade, que é a nossa grande meta. Nas palavras do apóstolo Paulo a maturidade é importante porque com ela “já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro. Ao contrário, vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os aspectos em direção a Cristo, que é a Cabeça”.   
É impressionante notarmos, à medida que caminhamos, quantas e quantas pessoas fracassam no quesito maturidade. Pessoas boas, que rezam, que participam dos encontros, que evangelizam, mas que, no dia a dia, se mostram extremamente imaturas. Tal situação é complicada e requer acompanhamento constante, pois isso não constrói. Muito pelo contrário, atrapalha de modo significativo a caminhada discipular de toda a Obra DJC e, por conseguinte, da Igreja.
Certamente, nenhum de nós é totalmente maduro. Ainda estamos longe. E essa é a regra da vida: vamos amadurecendo aos poucos, a partir da resposta que somos capazes de dar em cada situação que se coloca diante de nós. Ser imaturo não é pecado. O erro consiste em permitir que as nossas imaturidades nos sufoquem e prejudiquem não somente a nós, mas a todo um conjunto. Dessa forma, a nossa imaturidade, em determinados momentos, vai aflorar. Mas ela não pode, sob nenhuma hipótese, comprometer a nossa caminhada pessoal e muito menos comunitária. 
E é isso que, via de regra, acontece na caminhada discipular. No próprio DJC tal situação vem se repetindo numa velocidade preocupante. É preciso, antes de tudo, que cada discípulo possa pedir ao Senhor e fazer todo o esforço humano necessário para dar passos no sentido de um amadurecimento mais rápido e consistente, de modo que os frutos sejam sentidos no dia a dia da caminhada.
Vejamos só o que nos alerta o Documento de Aparecida a cerca do processo de amadurecimento cristão: “a pessoa amadurece constantemente no conhecimento, amor e seguimento de Jesus Mestre, aprofunda no mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua doutrina. Para isso são de fundamental importância a catequese permanente e a vida sacramental, que fortalecem a conversão inicial e permitem que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que nos desafia”.
É só ir seguindo os passos acima mencionados pelo Documento de Aparecida, bem como as orientação dadas pelo DJC e cada um de nós vai, aos poucos, crescendo na maturidade. Trabalhar os sentimentos e as emoções é um caminho extremamente necessário. As imaturidades nascem, justamente, no coração e na mente de pessoas que ainda não conseguiram resolver bem o seu passado e que, infelizmente, ainda não têm paz completa com seus sentimentos e emoções. É um trabalho longo e cheio de tropeços, mas, sem sombra de dúvidas, imprescindível para o bom andamento da caminhada discipular pessoal e comunitária.
Como já disse, quando alguém age com imaturidade ela não só se prejudica. Prejudica também a caminhada de todo o DJC, uma vez que o discípulo que age com imaturidade traz para si a atenção que deveria ser despendida para as pessoas que estão sendo evangelizadas. O segredo é, como diz o Documento de Aparecida, perseverar mesmo em meio a imaturidade e tentar, a todo custo espiritual e psicológico, superar estas imaturidades.
E quando estas imaturidades fizerem parte da nossa personalidade? Nessa situação em particular é necessário que aprendamos a conviver com elas e não permitir que elas sejam capazes de afundar o nosso barco pessoal ou o barco da caminhada coletiva. Na base da oração e da decisão diária é preciso ir pedindo ao Divino Espírito Santo para que todas as áreas de nossa vida sejam curadas e libertadas de tudo aquilo que nos puxa para o fundo do poço. Em casos muito complexos pode ser necessária, quem sabe, até mesmo uma ajuda profissional de um psicólogo.
Por fim, tem outro ponto importante que precisa ser meditado: geralmente os discípulos imaturos, quando se encontram em situações conflituosas, colocam à disposição o seu ministério, o seu serviço. No meu entendimento, antes de qualquer coisa, agir dessa forma é uma prova concreta, pelo menos nessa situação, de falta de amor e, até mesmo, de responsabilidade, pois não é tão fácil encontrar um novo discípulo para se colocar no lugar de quem entrega o seu ministério. 
Quem procede dessa forma, especialmente quem tem uma longa caminhada no DJC, sinaliza que não aprendeu muita coisa ao longo do caminho ou, se aprendeu, está fazendo de conta que não aprendeu. Em qualquer um dos casos fica evidenciada a falta de caridade. A entrega do ministério ou do serviço só deve ser realizada em casos extremos. Casos corriqueiros como, por exemplo o desentendimento entre irmãos ou pessoas responsáveis pela Obra DJC, não devem ser, a priori, motivo de colocar a sua missão à disposição.
Já pensou se todo e qualquer conflito dentro do DJC, na Igreja no seu conjunto e na sociedade como um todo, fossem resolvidos com a entrega de seu serviço? Seria uma balburdia total. Cada qual com aquele “cheio de não me toque”, se achando acima do bem e do mal ou com a falsa pretensa de que não querer ser corrigido.
Peçamos ao Senhor que nos ajude nessa longa caminhada no crescimento da maturidade cristã.

Francisco Edmar
AGDI