A cegueira da idolatria


Em 1Cor 10,14 São Paulo nos exorta a “fugir da idolatria”. De fato a atitude cristã, condizente com os ensinamentos de Cristo e da Igreja, é de fugir deste grande pecado que há muito tempo vem atormentado o coração do homem e afastando-o da verdade e do Senhor. 

No Antigo Testamento, no livro da Sabedoria, nos capítulos 13,14 e 15, encontramos a abominação de Deus diante da idolatria, do idolatra e do ídolo. É preciso que meditemos com o coração estas exortações que são feitas nestes capítulos para que não corramos o risco de, enganados, deixemo-nos desencaminhar por este caminho do mal. Em outras passagens do Antigo Testamento temos outras exortações que podem ser meditadas. Mas caso não se tenha tempo para isso podemos meditar estes capítulos, pois eles são bem diretos e claros. 

Por que devemos fugir da idolatria? Porque a idolatria nos cega, nos torna insensatos. Vamos perdendo o censo de verdade e começamos a andar em caminhos tortuosos que nos leva a embriaguez de autonomia e visão destorcida da realidade. Isso é muito grave, mas também é o que vem prevalecendo em toda a sociedade de nossa época. Claro que sempre existiu idolatria. 

Nos mais diversos momentos históricos, nos mais diversos lugares sempre houve a prática deste pecado. Mas hoje temos um grande propagador deste pecado que são os meios de comunicação em massa. E, na medida em que eles divulgam este pecado, já trazem em si também a justificativa. Quando não temos a luz da Palavra de Deus em nossos corações e na nossa mente, facilmente nos deixamos tragar por esta onda avassaladora e, quando menos nos damos conta, já estamos morrendo afogados no mar de outros pecados que vem na esteira deste. Temos que ter muito cuidado. Orar e vigiar para que não caímos neste pecado.

Vemos todos os dias programas de TV que mostram a vida de pessoas comuns, assim como nós, que recebem o nome de “celebridades”. São pessoas das quais conhecemos muito pouco, a não ser aquilo que nos é apresentado pelo filtro da TV que, na maioria das vezes, mostra apenas o lado bom destes. Não sabemos de onde vieram, qual a sua família e quais os princípios que norteiam a vida destas pessoas. 

Mesmo não sabendo quase nada sobre eles muitos acabam tomando o seu estilo de vida como verdadeiro e trazendo para si alguns dos seus ensinamentos. As vezes são pessoas de outros países, cujos quais não sabemos nem o idioma, mas que logo adotamos o seu estilo de vida como certo e necessário para a felicidade. Grande equivoco que, quase sempre, faz com que o vazio interior cresça ainda mais.

Trata-se do pecado da avareza descrito na Carta aos Efésios (Ef 5,5). Este é um dos grandes pecados do mundo moderno. São pessoas que fazem de tudo para conseguir fama e sucesso, muitas das vezes em detrimento de sua própria dignidade e passando por cima de outras pessoas. E o que é mais grave sempre encontrando justificativa para tal atitude. E, infelizmente, por conta da cegueira que o Diabo coloca no nosso coração, acabamos por concordar com algumas destas baboseiras, buscando, também nós, encontrar justificativas para tais atitudes.

Por mais que tentemos, por mais argumentos que tentemos encontrar, jamais poderemos justificar estes atos, pois eles estão indo de contra aos valores morais e éticos que ficam gravados em nossos corações. 

A cultura é um patrimônio da humanidade. Nela está retratado os vários momentos históricos da vida do homem. Por isso, deve ser sempre salvaguardada, de modo que as gerações futuras possam sempre poder beber nesta grande fonte de riquezas deixada pelas gerações antecedentes. 

No entanto, tudo aquilo que é elevado a uma condição maior do que aquilo que tem torna-se ídolo e assume o lugar de Deus no nosso coração. Por mais que devamos valorizar e proteger as coisas boas que são produzidas pela cultura contemporânea, não podemos jamais esquecer de que nada (por melhor que seja ou aparente ser) pode tomar o lugar de Deus e nos cegar a tal ponto que tenhamos diante daquilo que a mídia nos oferece uma atitude que não condiz que a nossa condição de cristãos.

Quando estamos diante de uma realidade e simplesmente fugimos dela ou queremos justificar que ela não existe nos assemelhamos a animais irracionais que abrindo mão da sua capacidade de pensar acaba por ser tornar um ser irracional. Explico melhor para que possamos entender.

Aquilo que é evidente não podemos negar, sob pena de estarmos tomando a atitude de um louco. O evidente por si só é explicado. O simples fato de existir não deixa mais nenhuma sombra de duvidas de sua realidade. 

Por exemplo. Qual é o quadro que geralmente encontramos diante dos nossos olhos, tanto em grandes centros urbanos, como Fortaleza, ou em pequenas cidades do interior. Encontramos muita violência por meio de assaltos, homicídios, suicídios, fratricídio, crimes passionais e etc. por trás de tudo isso existe alguns fatores que as vezes, por falta de reflexão, nos passam desapercebidos.

Um desses motivos é a grande desigualdade econômica onde nos encontramos. Esta desigualdade econômica acaba sendo refletida no âmbito social. Desta forma, tendo uma disparidade econômica, inevitavelmente, como conseqüência direta, iremos encontrar grandes discrepâncias no âmbito social, quais sejam: desemprego, fome, miséria, educação de péssima qualidade, trabalhos forçado e etc. 

Como conseqüência também direta de todas estas mazelas podemos notar diariamente. Tudo aquilo que já foi citado.

Essas discrepâncias econômica e social está por criar “uma bomba” que, mais cedo ou mais tarde, irá explodir, pois é muita gente sem emprego, sem casa ou comida, sem atenção do estado, enquanto poucos, aparecendo na mídia todos os dias, acabam por esbanjar em público dinheiro por meio de viagens, farras, roupas e carros de luxo. A grande questão que se coloca é se isso é justo ou não. Se alguém, vendo tudo isso e se utilizando de um simples discernimento e bom senso chamar isso de justiça deve rever os seus parâmetros do que venha a ser esta justiça.

Enquanto a Gisele Bündchen ganha 1 milhão de reais para dar três voltas, em menos de 10 minutos, em uma passarela, um pai de família que passa um mês todo trabalhando, acordando cedo e correndo o risco de ser assaltado e morto, ganha apenas um pouco mais de um salário mínimo (quando ganha). 

Isso é um absurdo. Não podemos aceitar. Como cristãos temos o dever de dizer não, denunciar e renunciar.

Francisco Edmar
MGDI

Somos cristãos só de Igreja?



Vejo que, às vezes, quando o cristão esta envolto no mundo secular de maneira mais direta, existe sempre a tentação, cada vez maior, de negar a sua identidade cristã. 
A tentação consiste em deixar de lado seus princípios cristãos e se deixar levar pela onda avassaladora do relativismo e da justificação equivocada de seus atos.
Nós cristãos, onde quer que estejamos nunca poderemos negar aquilo que nós somos, nossa identidade própria, mesmo que isso custe, em alguns casos, sermos excluídos de alguns convívios e, quem sabe, virar o “santinho da turma”.
Somos do mundo, não podemos fugir dele, pois o próprio Senhor Jesus incluiu está verdade na sua oração ao Pai (Jo 17). 
Enquanto peregrinarmos na terra teremos que está sempre por dentro daquilo que acontece ao nosso redor, pois temos que trabalhar, estudar, tirar momentos de lazer. Nem sempre o ambiente em que estamos favorece a vivência do cristianismo. Mas a realidade é esta e dela não podemos fugir, sob pena de sermos cristãos alienados.
Mas, na mesma proporção, não podemos perder os valores fundamentais do evangelho e da nossa fé. Nossa identidade cristã não pode ser perdida totalmente. 
E esta identidade não vai ser defendida nem tanto por palavras, mas, sobretudo, por meio do testemunho vivo da presença do Senhor.
Não somos melhores e por isso não podemos nos encher de orgulho pelo simples fato de sermos cristãos. Devemos, com humildade e com muita convicção, defender diante da sociedade em geral e daquelas pessoas não-cristãs que estão mais próximas, aquilo que trazemos como verdade no nosso coração.
É o testemunho do cristão que tem o poder de evangelizar um ambiente não cristão. Volto a dizer: nem sempre a evangelização se dá por meio da palavra, pois corre-se o risco de que a pessoa que fale demais vire motivo de chacota por parte dos outros. O que edifica é o testemunho.
Os outros sempre defendem suas verdades. Mesmo que sejam verdades absurdas e passageiras eles defendem. Nós cristãos, quando estamos fora dos muros da Igreja, somos tentados a não defender aquilo que acreditamos. E olha que não defendemos “verdades” ou meros princípios, mas sim A VERDADE, Cristo Jesus.
Não podemos nos encabular. Um exemplo: as pessoas colocam colares horrorosos no pescoço e desfilam para cima e para baixo. Dizem que é moda. Mas existe uma moda que já dura mais de 2000 anos, sempre em alta: a moda da cruz de Cristo. Não podemos nos envergonhar. Sempre em frente, pois Jesus está conosco.
Somos de Cristo em todos os lugares mesmo que isso tenha algum preço. Caso tenhamos duvida disso é só meditarmos o que diz o Senhor: “de que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e vir a perder a vida eterna (Mc 8,32) ou “quem me renegar diante desta geração adultera e pecadora eu o renunciarei na eternidade”(Mc 8,33).

Francisco Edmar
MGDI