Apego não é
amor. Apego é uma espécie de tumor cancerígeno que, pela incapacidade de lidar
com os nossos sentimentos, reside à margem do amor. Onde há apego o amor fica
sempre encoberto. E quando o amor fica encoberto uma conseqüência direta do
amor, a obediência, desaparece na mesma proporção. E quanto à obediência São
Paulo nos dá uma aula espetacular: “assim
como, pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, do mesmo
modo, pela obediência de um só, todos se tornarão justos” (Rm 5,19).
Pode até não
ser por má intenção (o que somos levados a crer) de quem se apega, mas infelizmente
o fruto é esse. As palavras do Apóstolo são duras, mas não deixam dúvidas: a obediência
traz consigo a justiça, enquanto a desobediência traz consigo o pecado, sendo
ela mesma o grande pecado que gerou uma série de outros pecados (Gn 3,1ss).
Desta forma,
não devemos nos apegar a um Órgão ou Organismo do DJC como se ele pertencesse a
nós ou como se ele só estivesse de pé porque estamos lá. Isso é reflexo de
imaturidade que poderá causar sérios e irreparáveis danos à Obra DJC.
Se não podemos
nos apegar a Órgãos ou Organismos internos do DJC, muito menos podemos nos
apegar a pessoas ou, mais precisamente, “ao achismo” delas. O “achismo” deverá
sempre ser algo refutável entre nós. Ele não edifica nada. Muito pelo
contrário, sempre nos leva a praticar os pecados do egoísmo e da auto-suficiência.
Muitos dizem
assim: eu não concordo com o que o DJC diz porque “eu acho isso”. Meu irmão,
com todo o respeito à dignidade e liberdade humanas, o que eu acho, o que você acha,
não tem nenhum peso, se eles não forem exorcizados de todas as malícias humanas
e investidas do Inimigo da Fé e colocados para serem purificados pelo conjunto
da Obra.
É inegável que
o DJC sempre deixou (e deixa) aberto o canal do dialogo. Entretanto na Igreja
de Cristo, justamente para não incorrermos em erros graves, o discernimento e
direcionamento coletivo, suplantam o discernimento e direcionamento
individuais. Caso contrário, não teríamos a Igreja de Jesus, fundada no amor,
na obediência e na unidade, mas sim várias “igrejas” adaptadas ao modo de
pensar e agir de cada um de nós (em outras palavras: fundadas sobre o tal do “achismo”).
O DJC,
depois de tanto tempo de caminhada, de tantas lutas, erros e acertos (mil vezes
mais acertos) não pode mais ficar vulnerável à desobediência de um ou de outro
ou até mesmo de um Órgão ou Organismo. A nossa missão dentro da Igreja e na
sociedade não suporta mais tal comportamento. Ele deve ser imediatamente
eliminado. Através da graça da oração e da conversão ela, a desobediência,
deverá desaparecer, ou pelo menos permanecer ofuscada, no nosso meio. Caso contrário,
podemos colocar em risco a própria missão e razão de ser do DJC.
A bem da
verdade, a essa altura do campeonato, não era mais necessário estarmos
lembrando isso. Era de se esperar, sobretudo dos mais antigos da caminhada, que
soubessem do bem que faz a obediência para a vida particular de cada um e para
todo o DJC.
E surge,
inevitavelmente, a pergunta: e se mesmo depois de toda uma orientação, de um
conjunto de conversas e de tempo disponibilizado para a reflexão o discípulo não
mudar sua postura? Resposta dura, porém lógica e única: essa pessoa não tem
amor verdadeiro e puro pelo DJC, pois caso tivesse não teria a audácia de
desobedecer as orientações que todos sabem ser para o bem de toda a missão.
E neste
ponto quero ressaltar algo que considero importante. As vezes deixa-se para
orientar depois, quando as coisas já tomaram uma proporção gigantesca. Não se
pode deixar para amanhã o que se pode e deve fazer hoje. Desta forma, com todo
amor e paciência é necessário orientar para a coisa não ganhar proporções indesejáveis.
Entretanto, mesmo tendo que agir rápido, com o objetivo de “conter o incêndio”,
nunca se pode perder de vista que essa orientação deve está embebida de amor e paciência,
tal como Jesus tem por cada um de nós. Nada de truculência ou arrogância, mas também
nada de displicência ou medo, uma vez que o resultado que se tem depois (quando não se orienta por medo) é o mesmo que se teria no começo.
Nada que se
orienta no DJC, nada que o Conselho Geral ou qualquer outro responsável direto
pela Obra DJC coloca, é para o mal. A visão e o objetivo sempre será o crescimento
e a unidade de todo o nosso trabalho de evangelização.
E não é
preciso ser muito inteligente para descobrir que aquilo que mais destrói qualquer
empreendimento humano é a divisão. No caso da Igreja, que é humana mas também uma
Instituição Divina, a divisão gera a sua própria ruína a partir de dentro.
Desta forma,
ninguém pode, sob nenhum pretexto, desconsiderar aquilo que o DJC propõe como
caminho. Se acontecer isso, o reino estará dividido. Quanto a essa divisão
Jesus foi bem claro: “todo reino
dividido em grupos que lutam entre si, será arruinado. E toda cidade ou família
dividida em grupos que brigam entre si, não poderá durar” (Mt 12,25).
Eu, particularmente,
não concordo com tudo o que se propõe no DJC. Exerço o meio direito natural de
discordar. Tenho cérebro, tenho inteligência e não sou passivo nas discussões internas.
Tenho o meu modo de pensar, mas sempre tento moldá-lo ao modo de pensar do
conjunto dos irmãos, em especial do Conselho Geral, através do Discernimento
Coletivo que se realiza em cada encontro mensal.
Ali, nas concordâncias
e discordâncias, vamos construindo um DJC não somente para nós, mas, sobretudo
e fundamentalmente, para a posteridade, para aqueles que vierem depois de nós. Eles
não poderão mais receber um DJC em construção. O DJC manterá a sua
dinamicidade, sempre olhando para a frente. Mas quem receber o DJC de nossas mãos,
não poderá mais está preocupado em construir o alicerce. Vão apenas realizar construções
sobre o alicerce que nós deixarmos. A missão de estruturar, de construir o
alicerce da Obra é nossa, que estamos caminhando nesse presente.
E não sejamos
pessimistas, pois esse alicerce, tanto material, como legislativo e espiritual
está sendo bem construído. Graças ao esforço de todos e cada um de nós é visível
que estamos crescendo. Ora mais rápido ora numa marcha mais lenta, mas sempre
para frente. Entretanto, isso não encobre a necessidade de podarmos algumas
coisas para não colocar em xeque toda uma caminhada.
E esse
alicerce, assim como todo o resto da construção, deve está balizado na obediência
e na unidade que dela decorre. Quem ama de verdade a Obra e o Carisma DJC há de
entender essas palavras.
Francisco Edmar
AGDI