Quando se busca só o hoje onde fica o eterno?



Então Jesus falou aos seus discípulos: “Por isso eu lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir. Pois a vida vale mais do que a comida, e o corpo mais do que a roupa. O Pai bem sabe que vocês têm necessidade dessas coisas. Portanto, busquem o Reino dele, e Deus dará a vocês essas coisas em acréscimo
(Lc 12,22-23.30-31)

  
A humanidade que vive no mundo chamado “pós-moderno, mais do que em outros momentos históricos, cresce em cima do ter: dinheiro, fama, sucesso, casas luxuosas, carros e etc. 

Hoje existe uma busca desenfreada pelo aqui e agora, em detrimento do eterno, do transcendente. A humanidade de hoje, turbinada por falsos ideais, perdeu a mística do eterno. A moda hoje é o superficial, ou seja, aquilo que traz prazer imediato. Comportando-nos, como cristãos, deste mesmo modo não teremos destino diferente dos homens e mulheres que vivem afastados de Jesus e da Igreja: “e se não vos converterdes morrerão do mesmo jeito” (Lc 13,1-3). 

Usa-se a argumentação de que se nós tivermos dinheiro e fama todos os problemas estão resolvidos e que aquilo que Jesus e a Igreja propõem não passa de mero atraso para a vida. Coloca-se que o avanço tecnológico iria resolver todos os malefícios sociais. No entanto, isso é inverídico, não acontece e não vai acontecer. 

Trabalhamos, estudamos, nos esforçamos para que no futuro e ate mesmo agora possamos ter uma vida melhor. Mas esta busca não pode ser louca o ponto de matar de Deus, ou seja, retira-lo de nossas vidas. Tudo isso é importante, porém passará. Somente Deus e sua Palavra permanecerá por toda eternidade. 

Já o cristão deve investir tudo no ser: santo, humilde, caridoso. Parece até que caminhamos na contramão. E isso não é somente impressão, mas de fato estamos indo. Se quisermos ganhar a vida eterna devemos buscar primeiramente às coisas do alto, pois de nada nos adianta outras coisas. 

Jesus certa vez, em uma de seus ensinos aos discípulos, disse claramente: “O que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e vir a perder a vida eterna” (Mc 8,36). 

Hoje é inadmissível que muitas pessoas fiquem esbanjando dinheiro, como já se dizia no ditado popular, “a torta e a direita”, e muitos irmãos nossos, sobretudo, nos países ditos subdesenvolvidos morrem de fome, muitas vezes precisando de muito pouco para sobreviver. 

Isso é algo absurdo e que passa despercebido, às vezes conscientes e outras por mau intenção mesmo, aos nossos olhos e, acima de tudo razão e coração. 

Um tempo desses saiu uma reportagem dizendo que uma apresentadora de programas na TV brasileira gastou dez mil reais para transportar seu cachorro de estimação de São Paulo até o Rio de Janeiro. Você não está enganado não: foi exatamente a cifra de R$ 10.000 reais para levar um cachorro de avião particular de uma cidade a outra. 

Mas muitas pessoas podem dizer: o dinheiro é dela e, de fato e de direito, ela pode gastar do jeito que quiser. Isso é uma aberração humana e, de certa forma, até uma burrice coletiva. Por que ela pode gastar desta forma arbitrária o que tem e uma pessoa do seu lado morre de fome precisando apenas de um quilo de feijão ou de arroz para saciar suas necessidades básicas. 

Isso é a cegueira que o mundo nos impõe e que, aos poucos, vamos nos acostumando e achando que é certo e que não se tem problema porque aquela pessoa merece tudo aquilo que está vivendo. 

E os nossos pais e mães que passam o dia inteiro trabalhando duro para ganhar um salário mínimo para pagar água, luz, alimentar os filhos, vesti-los e calcá-los não merecem? Ou será que trabalham e sofrem menos do que estes artistas famosos? Pense, reflita e responda! 

Alguns jogadores de futebol ganham 10, 20 até mesmo 50 milhões de reais por ano e tem como roby ficar passeando de avião para cima e para baixo, sem se preocupar com as mazelas do mundo. 

E quando são interrogados podem até responder: mais a responsabilidade de resolver os problemas sociais é dos políticos por meio de políticas públicas eficientes. Claro que todos nós sabemos que isso é real e que deveria ser desta forma. Não estamos aqui contestando está verdade, mas sim a legitimação de salários milionários enquanto muitas pessoas não têm nem mesmo o direito de se alimentar, ao lazer, à educação, saúde e a todas as demais necessidades humanas. Será que isso é justo? 

Da mesma forma que é ilícito a político não assumir sua missão de promover o bem estar social é também, no mínimo absurdo, legitimar e tornar certo que alguns tenham muito e outros nada sob a alegativa de que este merece tudo o que está vivendo. E aqueles anônimos, porém tão importantes que dão a vida e o sangue para que os outros possam usufruir não merecem? 

Enquanto um ser humano não for capaz de se solidarizar, não somente por meio de palavras, mas por atos concretos com as dores dos outros nenhum problema social irá ser resolvido!

Francisco Edmar
MGDI