A
melhor maneira de conhecer o modo como Jesus se relacionava com os seus
discípulos é apontar alguns momentos que Ele teve em particular com os eles.
Inicialmente
descobrimos algo importante ao lermos os Evangelhos: Jesus nunca teve medo de
orientar os seus discípulos; Ele sempre os orientou: de maneira mais branda
quando necessário, de maneira mais dura quando a situação lhe pedia.
Os
Evangelhos nos mostram, sem máscaras, que os Apóstolos eram homens simples, sem
muita instrução, ambiciosos e medrosos. Veremos que um deles traiu Jesus
(Judas, responsável pelas economias dos apóstolos); outro o negou três vezes
(Pedro, 1° Papa da Igreja); e todos os outros, com exceção de João, fugiram no
momento em que Ele foi preso.
Se
Jesus não tivesse orientado aqueles pobres e incultos homens, não teríamos a riqueza
que hoje temos na Igreja: nas primeiras perseguições e adversidades eles tinham
se desviado. Mas como Jesus os tinha acompanhado isso não aconteceu, mas
ocorreu justamente o contrário: eles ganharam forças para seguir o Senhor até
as últimas conseqüências.
Evidentemente
que mesmo caminhando com Jesus eles não se tornaram santo de uma hora para
outra. Não funciona assim. Não é tão fácil. No entanto, uma coisa primordial
eles tinham: o direcionamento de Jesus. Jesus apontava, literalmente, o caminho
que deviam seguir. Não raras vezes no Evangelho encontramos passagens que
mostram o Senhor convidando os discípulos a irem por determinado caminho, para
que pudessem chegar a tal destino (Mc 6,7-13; Lc 10,1-12; Mc 11,1-10. 14,12-16).
Eram caminhos de terra, mas eram também caminhos de fé.
Sem
atropelos e nem desleixo, e de um modo muito pedagógico, Jesus ia mostrando a
missão de cada um e da Igreja como um todo. Foi mostrando de pouco em pouco até
falar de modo claro e aberto quando da sua subida para Jerusalém (Mt 20,17).
Em
alguns momentos se sentava a sós com os discípulos e ia lhes explicar as
parábolas (Mt 13,10; Mc 4,10) ; outras vezes os levava para lugares mais
afastados para que eles pudessem se alimentar, rezar e descansar (Mc 6,7-13).
Até mesmo depois da sua ressurreição Jesus fez isso. De modo claro, vemos Jesus
caminhando com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35); atesta a missão de Pedro
(Jo 21,15-23); cura Tomé de sua incredulidade (Jo 20,24-29); e antes da sua
Ascensão dá as ultimas instruções (Lc 24,44-49, Mc 16,9-20; Mt 28,16).
Coloquei
aqui apenas algumas citações que mostram Jesus com os discípulos. Mas uma
leitura mais cuidadosa mostrará que tudo aquilo que Jesus disse e fez tinha a
intenção da orientação, formação e acompanhamento dos discípulos:
- reza por eles (Jo 17,1ss); caminha
os orientando (Lc 24,13-35); os repreende de forma mais dura (Jo 6,66-71; Mt
16,21-23; Mc 4,40. 9,2-10); chora com eles (Jo 11,28-37); diz para onde eles
deveriam ir e o que deveriam fazer (Mc 6,7-13; Lc 10,1-12; Mc 11,1-10. 14,12-16);
sabia da necessidade do descanso (Mc 6,30-32); defende-os (Mc 2,23-28).
Sabemos
que não somos Jesus, mas temos a difícil missão de fazer com que os discípulos
e discípulas possam caminhar lado a lado com Ele. Isso é do agrado do próprio
Senhor! Muitos na Igreja, e no próprio DJC, se perderam por falta de acompanhamento.
Claro que existem aqueles que saíram por discernimento maduro e outros por
fraqueza própria, mas não podemos negar que muitos saíram por fraqueza do DJC. Em outras situações por medo e, até mesmo, infelizmente, desleixos na dimensão
do acompanhamento.
Francisco Edmar
AGDI