Pela manhã, nós meditamos sobre
os símbolos da Eucaristia; e um destes símbolos é o sacrifício. Nós sabemos o
que é sacrifício porque cada um de nós vivemos algum. Querendo ou não, você
vive algum tipo de sacrifício na seu trabalho, na sua família, na escola, etc.
Se a Eucaristia é o Sacrifício dos sacrifícios - porque Jesus se derrama em
cada Santa Missa - nos somos convidados a também oferecer a Deus estes nossos
sacrifícios.
O problema não é sofrer ou não
sofrer, mas saber o que fazer com estes nossos sofrimentos. Neste dia de Corpus
Christi temos a grande graça de configurar os nossos sacrifícios ao Sacrifício
de Cristo que é a Eucaristia. É no altar que este amor de Deus por nós se
renova, mas se renova também as nossas forças quando vivemos esta vida
eucarística.
Nós devemos aprender esta
espiritualidade eucarística, porque é nesta espiritualidade que nós vamos
aprendendo o que é amor.
São Paulo nos diz na Carta aos
Romanos: “Eu vos exorto, pois, irmãos,
pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo,
santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual” (Rm 12, 1)
São Paulo esta dizendo que, para
que nossa ação de cedil;as seja perfeita é preciso oferecer nosso corpo, nossa
vida, todo o nosso ser. Este é nosso culto espiritual: oferecer as nossas
dores, nossas fraquezas. Muitas vezes nós não conseguimos viver uma
espiritualidade eucarística porque ficamos na teoria e não vamos para as coisas
do nosso dia a dia.
Quantas incapacidades trazemos em
nós; dificuldade de reconhecer nossos limites, nos reconciliar com eles.
Ficamos reclamando do que nós não somos e não entregamos a Cristo o que de fato
somos. Isso é viver uma espiritualidade eucarística: entregar a Deus nossas
fraquezas e feridas e não somente os nossos dons. Deus quer receber esta sua
fraqueza, suas limitações.
Tem gente que acha que servir a
Deus é viver na perfeição. Atendi um rapaz que sente o chamado ao sacerdócio
mas disse que não é capaz por causa de suas limitações. Então eu disse “você é
a pessoa certa para ser padre”. Porque uma pessoa que vai para o sacerdócio por
causa das suas capacidades não será um bom padre.
Nós temos dificuldades de
integrar estas áreas escuras da nossa vida. Nós temos que aprender a confiar em
Deus e acreditar que com Ele nós podemos tudo, se não vamos ficar sempre
pensando que temos um Deus que está muito distante de nós.
Deus está encarnado nas coisas concretas do
nosso dia a dia. Você que é dona de casa, Deus está encarnado nos cuidados que
você tem com sua casa, sua família; aí também está sua ação de graças. Você vai
ser um bom médico, um bom farmacêutico, um bom mecânico, um bom professor quando
você for tudo isto para Deus, todo o seu ser.
A gente pensa que vocação de Deus
é só a religiosa, ser padre ou freira. A sua vocação, a sua profissão, todo o
seu ser é pra Deus, é a sua eucaristia.
Padre Adriano Zandoná
Fonte: Canção Nova