"Possa
este Ano da Fé tornar
cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a
certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro". (Papa Bento Xvi, Carta Apostólica PORTA FIDEI)
É com essas palavras que o Papa Bento XVI
encerra a Carta Apostólica Porta Fidei, que introduz a Igreja na mística do Ano
da Fé. Sempre gosto muito dos escritos do Papa, pois cada palavra ou frase são
de um profundidade sem comparação. Lendo esta frase ganhamos um novo e vigoroso
rumo para a realização dos nossos Kairós.
Desta forma, todos os nossos Kairós devem ser
espaços propícios para que seja exaltada a verdade e a necessidade da salvação
em Jesus Cristo. É necessário que cada oração e pregação, realizadas por
pessoas diferentes e com linguagens particulares, possam convergir para esse
fim último: a salvação em Jesus Cristo.
Quem não aceita essa salvação, de corpo, alma
e coração, permanece na escuridão e na ignorância, embora travestido de luz e
sabedoria. Somente a salvação de Jesus, tal como ensinada na Palavra de Deus,
em especial no Novo Testamento, é capaz de trazer a luz e a vida nova aos
homens de todos os tempos, especialmente ao home de hoje.
Por isso é de suma importância que os Siloés
que serão realizados antes do grande dia do Kairós já possam ir propagando esta
mística. É preciso que nesses Siloés o clima de aceitação da Salvação já possa
ir sendo criado. Caso contrário, pode chegar o dia do Kairós e as pessoas nem
saibam bem porque estão ali.
Os pré-Kairós, tal como o de Cascavel que já
foi agendado, também são momentos para se criar esse clima. Numa linguagem
peculiar, que preza mais pelo louvor, esse encontro é de suma importância para
não transformar o Kairós num evento a mais, um outro Siloé em dia diferente.
Deus tem pressa
para nos salvar
A urgência que Deus tem para nos salvar é um dos temas centrais da obra
de Lucas (Evangelho e Atos dos Apóstolos). A história de Zaqueu é um caso
exemplar (Lc 19,1-10). Zaqueu era rico, poderoso e infeliz. Era “muito baixo”:
vivia para o dinheiro e por isso roubava e explorava.
Um certo dia, subiu numa figueira para ver Jesus passar, pois, como
sabemos, “era muito baixo”. Quando
Jesus chegou ao lugar, olhou para cima, e disse: “Desça DEPRESSA, Zaqueu, porque HOJE preciso ficar em sua casa”. Esta
boa notícia ecoou no coração do pobre homem de Jericó. Acolheu a palavra de
Jesus e nele acreditou: “Desceu
RAPIDAMENTE, e RECEBEU Jesus com alegria”.
Que atitude de fé e humildade! Que prontidão! Que alegria!, disse Jesus
consigo mesmo. Então, estabeleceu o Kairós na vida de Zaqueu.
Muitos criticaram o Senhor Jesus, dizendo: “Ele foi se hospedar na casa de um pecador!” Ora, foi
precisamente para isto a que veio: reconciliar os homens com o Pai. Não se
alegra com a morte do pecador, mas que se converta e viva vida nova, agora(Jo 3,16-18).
Ante a urgência de Deus nos salvar, é preciso a emergência da nossa
conversão, livre e consciente. Da nossa resposta dependerá a nossa salvação ou
a nossa condenação. O que fica para trás é de muito menos valor que “as coisas
novas” concedidas por Deus.
No Evangelho, quando Zaqueu se converteu, compartilhou suas riquezas
com os necessitados e reparou os seus pecados, devolvendo tudo o que tinha
roubado. Deste modo, não ficou só na intenção, mas realmente esvaziou-se do
velho pecado para receber Jesus, “com
alegria”. Disse Jesus: “Onde está o teu tesouro, aí está o teu
coração”. O convertido tem plena consciência de que o seu único tesouro
é Jesus e faz opção radical por ele(Fl
3,7).
Conversão é este “lançar-se em direção à meta”, “em
vista do prêmio do alto, que Deus nos chama a receber em Jesus Cristo”. Trata-se
de uma opção fundamental: a decisão de iniciar uma vida nova que tende a
crescer e a se desenvolver mais e mais na graça do Espírito Santo.
Também nós, que já fomos batizados e participamos da Igreja, precisamos
nos converter diariamente. E isto é muito importante! A cada dia temos a
oportunidade de refazer o nosso compromisso com Deus. Arrependendo-nos dos
erros cometidos e renovando o nosso primeiro SIM estamos cooperando com a
renovação da nossa vida cristã-batismal(Col
3,10).
Salvação é, pois, graça de vida nova e abundante em Cristo Jesus. Para
que ela ocorra é preciso que nos convertamos. Porém, esta decisão de mudar de vida nunca será resultado só do nosso
esforço. É preciso que queiramos, mas, na verdade, a conversão é fruto do
Espírito Santo. Como dizia Santo Agostinho: “É o próprio Deus quem opera em
nós o querer e o fazer!”.
Por isso é fundamental para a nossa conversão-salvação
que desejemos, aspiremos, supliquemos com insistência e acolhamos o Espírito
Santo. Ele é a nossa única esperança. Sem a Graça de Deus não podemos fazer
nada(Jo 5,5), nem mesmo nos converter e tomar posse da herança de salvação! Um
só Deus Bendito da Aliança agindo em
nosso benefício, por amor: a decisão de nos salvar é do Pai Celeste.
Quem nos salva é Jesus Cristo. Mas quem nos converte e nos prepara para
acolher a salvação é o Espírito Santo. Portanto, em primeiro lugar, devemos
invocar o Espírito Santo. Neste Espírito, acolher Jesus Salvador para a maior
glória do Pai!
A salvação é, ao mesmo tempo, personalizada e integral. Cada
pessoa tem a sua própria história, com os seus sucessos e fracassos, virtudes e
vícios. Jesus salvou Zaqueu de um jeito, a mulher samaritana de outro e para
você, tem um plano especial e personalizado.
Jesus é Onisciente, ou seja, cheio de ciência e sabedoria. Por isso, conhece a cada um e o momento que
está vivendo. A salvação que ele opera é personalizada, conforme as
necessidades vitais de cada criatura humana.
No evangelho, Jesus conseguia entrar na vida de cada pessoa, acolher,
chamar pelo nome, revelar os pensamentos e falar ao coração. Mesmo quando estava no meio de uma grande multidão, tinha a capacidade
de se dirigir a cada um em particular, com uma atenção e consideração bem
especiais. Jesus conhece e ama a pessoa humana em todas as suas dimensões, pois
o homem, como um todo, é criatura de Deus, é obra boa feita pelo Pai Criador.
Por isso, a salvação que ele realiza, além de ser personalizada, é integral,
total.
Francisco Edmar
MGDI