Espiritualidade da Cruz



“Pois a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas, para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus. Por isso através da loucura que pregamos, Deus quis salvar os que acreditam. Nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos.”(1Cor 1,18.21.23)

Este texto de São Paulo é muito claro. Ele nos exorta quanto ao valor da cruz para a vivência concreta da nossa vida como discípulos do Mestre Jesus.

Antes de Jesus, a cruz representava a morte. A crucifixão era destinada apenas aos bandidos mais perigosos.

Baseados nisso, algumas pessoas, erroneamente, argumentam que a cruz é sinal de maldição, pois foi nela que Nosso Senhor foi crucificado e morto.

Na verdade, no Antigo Testamento, a cruz era sinal de maldição (Dt 21,22-23). Mas com a ressurreição de Cristo, a cruz passa a ser sinal de salvação, pois foi nela que Cristo matou o ódio e nos introduz no Reino do seu Pai (Ef 2,16-18). E por onde Jesus passa, tudo aquilo que era sinal de maldição e morte, transforma-se em sinal de bênção e vida.

Jesus, de fato, transformou o que era sinal de maldição em sinal de salvação. Foi por meio da Cruz que Jesus nos salvou. Sem Cruz não existiria salvação. Por isso os cristãos são convidados a venerá-la como sinal primeiro da salvação.

Se Jesus não tivesse “descido a mansão dos mortos e ressuscitado ao terceiro dia”, como rezamos no Credo, a cruz não teria nenhum sentido para nós. Mas Cristo ressuscitou, vencendo o pecado e a morte por meio da cruz: “sobre o madeiro, levou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para nossos pecados, vivêssemos para a justiça. Por suas feridas fostes curados”(1Pd 2,24).

Neste tempo em que nos aproximamos da Semana Santa, período que celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus (Páscoa) somos levados a meditar profundamente sobre o valor e significado que a Cruz de Cristo possui em nossa vida.

Neste sentido a Igreja nos ensina a rezar, durante a Quaresma, A VIA-SACRA. Via-Sacra significa caminho santo, onde podemos rever, rezando, todos os passos de Jesus antes de ser crucificado.

Trata-se de vivenciar a ESPIRITUALIDADE DA CRUZ, pois nós também teremos, a exemplo do Mestre, que carregar a nossa cruz. Foi isso que Ele nos ensinou: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e me siga”(Mc 8,34).

As dores, as incertezas e os pecados são as nossas cruzes diárias. As tentações do Diabo e as influências do mundo também nos tiram a paz e o sossego e, muitas vezes, tornam-se motivo da nossa tristeza e fardo pesado de carregar. As dificuldades na família, no trabalho e na evangelização também não ficam de fora. São verdadeiras cruzes.

No entanto, em Cristo, somos convidados a não desanimar, mas prosseguir firmes e fortes.

Talvez, muitas vezes, até rezemos como Jesus: “Pai se for possível afasta de mim este Cálice (cruz)”, mas com Ele também não podemos nos esquecer de rezar: “no entanto não se faça a minha, mas a tua vontade”(Lc 22,42).

Nunca poderemos esquecer de que a Cruz de Cristo é sinal da Vitória de Deus sobre o pecado e a morte. Desta forma, todo aquele que abraçar sua cruz receberá do Senhor o prêmio da ressurreição.

Graça e Paz a todos!

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI