A família é o lugar por excelência da benção de Deus



A família é o lugar por excelência da benção de Deus. Até mesmo Deus(Jesus) quis nascer numa família. E, nascendo em uma família, o Filho de Deus divinizou a instituição familiar e a elevou a condição de “Igreja Doméstica’, de modo que, quem vive numa família cristã autêntica alcançará, por obra do Espírito Santo, a salvação.

Nós, por conta dos nossos pecados e limitações, não somos capazes de compreender o grande valor que tem uma verdadeira família cristã fundada nos valores do Evangelho e da Sã Doutrina da Igreja, nem muito menos de enxergar as grandes maquinações que hoje o Inimigo, por meio de pessoas e situações, está utilizando para destruir aquilo que, por natureza, é sagrado.

Assim como a salvação do mundo passa pela salvação de cada um particular, podemos dizer que a salvação de todos e cada um de nós passa pela salvação de cada família. Mas se é assim podemos também afirmar que, infelizmente, ‘o pecado do mundo’ está escondido no pecado de cada família. É por este motivo que a ação evangelizadora deve ter como foco principal a família cristã, uma vez que, nos últimos tempos, por uma série de fatores, ela vem sendo desintegrada e suprimida em detrimento das ‘vantagens’ que a vida moderna oferece.

É preciso que tenhamos muito cuidado para que nossas famílias não percam os genuínos valores humanos e evangélicos que sempre foram como que colunas de sustentação para uma convivência intra e extra-familiar sadia e fraterna e, acima de tudo, para a tomada de posse da salvação em Jesus. Deste modo, a família não pode perder-se em ideologias e filosofias modernas vãs que dizem ser corretos e aceitáveis e, até mesmo democráticos e inteligentes, posicionamentos a favor do: aborto, adultério, homossexualismo, drogas, orgias, busca do sucesso a qualquer custo e etc.

Tudo isso é uma afronta direta à nossa identidade cristã católica e deve, com as armas da fé e da doutrina, ser combatido, de maneira a salvaguardar a dignidade da família. Quem é cristão de verdade, e sente arder no seu peito o amor por Jesus, pela Igreja e pela instituição familiar não pode ficar de braços cruzados esperando que o massacre iniciado contra as nossas famílias seja finalizado. Se isso acontecer os prejuízos neste mundo e, sobretudo na eternidade, serão desastrosos e irreversíveis. Por isso, é necessário que fiquemos com o recado que nos foi dado pelo profeta Isaías – é o recado para cada família: “buscai o senhor enquanto ele se deixa encontrar; invocai-o enquanto ele está perto” (Is 55,6).

Finalizando, podemos dizer que a família, ao mesmo tempo em que é espaço de acolhida e porto-seguro para os seus membros, não pode se fechar em si mesma e começar a ratificar como correta a atitude equivocada de algum dos seus membros. Não podemos, em nome do amor familiar, passar a mão por cima do pecado dos membros de nossa família. Isso aos olhos da fé é uma contradição performativa e uma ofensa direta ao coração do Senhor que, com seu próprio sangue, fez com que a família fosse espaço de crescimento na fé, na espiritualidade e nos valores e não espaço de atrofiamento e de conivência com o que é ilícito e imoral.

Que o Senhor nos ajude a compreender este grande mistério do qual depende e muito a nossa vida eterna!

Francisco Edmar
AGDI

Façam morrer aquilo que em vós pertence à terra



“Façam morrer aquilo que em vocês pertence à terra: fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir, que é uma idolatria. Isso é o que atrai a ira de Deus sobre os rebeldes. Outrora, também vocês eram assim, quando viviam entre eles. Agora, porém, abandonem tudo isso: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas, que saem da boca de vocês”. (Cl 3,5-8)

Após fazer, nos primeiros versículos, uma breve e profunda advertência, São Paulo começa a exortar-nos.

Por isso, ainda no versículo número dois São Paulo nos lembra que devemos pensar e buscar as coisas do alto e não as da terra. Agora ele detalha um pouco mais o que são as coisas da terra. E nos dá um grande conselho para que permaneçamos, como seguidores de Cristo, longe de tudo o que nos afasta de Deus. Na verdade, a linguagem que ele usa é que “façamos morrer”.

Muito interessante a colocação do apóstolo: façam morrer. Esse verbo “façam” é um verbo que tanto pode exprimir uma ordem direta como um acontecimento do presente ou do futuro ou ainda um desejo. Interpretações gramaticais a parte, em uma ou outra situação, é preciso, para continuar o caminho de busca das coisas do alto, que façamos morrer as coisas quem nós pertence à terra. Em outras palavras, mediante a ordem do apóstolo, devemos desejar e, ao mesmo tempo, concretizar no presente e no futuro (ou seja, durante toda a vida) esse fazer morrer continuamente para o pecado, pois essa é uma condição indispensável para ressuscitar com Jesus ainda aqui na terra, mas especialmente para a eternidade.

Na linguagem do novo testamento quase sempre que a palavra terra aparece ela significa tudo aquilo que está contraposto ao céu, morada de Deus. Portanto, tudo aquilo que pertence à terra permanece em contraposição a Deus e a tudo aquilo que Ele representa. Assim, para estar com Deus fazer morrer significa, antes de tudo, uma regeneração do homem terreno para ir, aos poucos, assumindo a condição de homem celeste.

E essa regeneração, sabemos todos nós, é contemplada, pela primeira vez, no santo batismo. Entretanto, pela própria dinâmica da vida, vamos perdendo a graça da regeneração. Não é que o batismo perda seu valor, uma vez que tudo aquilo que vem de Deus é irrevogável. Entretanto, essa graça batismal pode permanecer em nós como “dom morto” ou adormecido, precisando ser acordado. E esse acordar da graça batismal dentro de nós é o que chamamos de batismo no Espírito Santo, revivido repetidas vezes no RES e em tantos outros encontros de oração e formação do DJC.

Em outras traduções aparece a frase façam morrer é trocada pelo termo mortificai. A mortificação, dentro da fé católica, “é a luta contra as más inclinações, a fim de submetê-las à vontade de Deus. A mortificação não é um fim, mas um meio para o homem viver uma vida superior e não desejar ou ficar apegado aos bens terrenos” (Pe. Reinaldo Cazumbá).

E quais são as coisas terrenas? São Paulo as elenca com clareza: “fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir.... ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas”. Com a graça do Espírito Santo (a graça do batismo no Espírito Santo), à medida que vamos, no decurso da nossa vida e caminhada cristã mortificando tudo isso vamos, também, nos aproximando de Deus e buscando, cada vez mais, as coisas do alto e não as da terra. É um processo. Não é um passe de mágica. Vai ocorrendo na medida em que vamos amadurecendo na vida pessoal e de fé, bem como de acordo com a abertura do nosso coração para que Deus, silenciosamente, faça a sua parte.

Para encerramos a nossa breve reflexão de hoje, vejo como muita esclarecedora a nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém que afirma: “a obra da morte e ressurreição, operada pelo batismo de maneira instantânea e absoluta no plano místico da união com Cristo celestial, deve realizar-se de modo lento e progressivo no plano terrestre do velho mundo em que o cristão permanece mergulhado. Já morto em princípio, deve ele morrer de fato, “mortificando” dia a dia o “homem velho” do pecado que nele vive”.    


 Francisco Edmar
AGDI

A marcha da intolerância. Ou: A única vítima de preconceito é o pastor! Ou: Os “fascistoides do bem” estão cada vez mais assanhados


Deixo aqui um texto que não é direcionado ao público católico, de modo específico, mas dado o contexto que tais coisas ocorrem no Brasil e no mundo, ele serve para a nossa reflexão como católicos. Serve para abrir os nossos olhos, para dar-nos consciência da situação real e concreta pela qual o país passa e, quem sabe, ajudar no discernimento do caminho a ser percorrido. O texto é um pouco longo, mas vale a pena ler até o fim, para que você possa entendê-lo completamente. O texto é do jornalista da Revista Veja Reinaldo Azevedo 

Segue o texto....... 

Escrevi aqui alguns posts sobre o processo que o Ministério Público Federal move contra o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus. A maioria de vocês deve conhecer o assunto, mas sintetizo para quem está chegando agora. Em junho do ano passado, a passeata gay levou à avenida modelos caracterizados como santos católicos em situações homoeróticas. Também prometeu imprimir as imagens em 100 mil invólucros de camisinha. Não sei se realmente o fez. Malafaia censurou o comportamento das lideranças gays e recorreu a determinadas palavras que o MP caracterizou como incitamento à violência. Dada a transcrição de sua fala que circulava por aí, o processo já me parecia absurdo. Agora que vi o vídeo, vai além do absurdo: trata-se de um troço acintoso, típico de sociedades totalitárias, o que ainda não somos (embora estejamos no rumo). Sei que muitos vão ficar indignados com o que vem agora, mas paciência! Quem está sendo vítima de preconceito é Malafaia! Antes que o demonstre, algumas considerações de ordem geral. 

Não vou colaborar, com o meu silêncio, para a reinstalação da censura no Brasil, dê-se ela pela via judicial ou por força do barulho de grupos de pressão que repudiam a democracia. Quando rompi com a esquerda lá atrás, na juventude, foi exatamente por isto: não aceito que partido, grupo ou grupelho decidam o que posso pensar ou não — em especial quando essa patrulha se exerce na contramão de direitos garantidos por uma Constituição democrática. Desde o fim do regime de exceção, não percebo tão presente a patrulha. Corri um risco razoável sendo um adolescente meio bocudo contra a ditadura. A democracia nos permitiu o suspiro de alívio. Agora, ameaça-nos uma nova censura: não pensar de acordo com os que se organizam em grupos e hordas para definir “a verdade”. Não raro, é gente que depreda a liberdade que outros conquistaram. Modéstia às favas, estou entre esses “outros”. Volto ao caso. 

Não sou evangélico. Não conheço Silas Malafaia. Nunca falei com ele. Discordo de algumas de suas teses, e, se ele leu uma coisa ou outra que escrevo, sabe disso. Mas tentar processá-lo por aquilo que não fez??? Acusá-lo de crime que não cometeu??? E tudo porque seus acusadores formam, afinal, um grupo hoje influente, organizado a tal ponto que o país pode votar uma dita lei anti-homofobia que é uma espécie de AI-5 Constitucional filtrado pela teoria da “diversidade sexual”? Aí, não dá! Não será com o meu silêncio. 

Esses grupos militantes — gays, feministas, racialistas, minorias várias — são muito ligeiros em acusar seus adversários de “fascistas”, de “autoritários”, de “reacionários”, mas impressiona a rapidez e a desenvoltura com que defendem a censura, a punição de quem pensa diferente, a exclusão dos adversários do mundo dos vivos. Esses intolerantes são, em suma, intoleráveis. 

Quem me acompanha sabe o que penso. Ninguém é gay porque quer — fosse escolha, todos seriam heterossexuais. Sou favorável à união civil, por exemplo. Mas considerei, e considero, absurda a decisão do Supremo que igualou legalmente os casais gays aos héteros. A razão é simples. A Constituição é explicita ao afirmar que a união civil se estabelece entre homem e mulher. Sem a mudança da Carta — o que só pode ser feito pelo Congresso —, o Supremo legislou e fez feitiçaria constitucional. Atrás desse precedente, podem vir outras “interpretações criativas” da nossa Lei Maior. De fato, a tal Lei Anti-Homofobia um mimo do autoritarismo, sob o pretexto de proteger uma categoria. Entre outros absurdos, um chefe ou dono de uma empresa, ao dispensar um funcionário gay ou ao não contratar um candidato gay, teria de provar que não age movido por “homofobia”. Uma lei que torna, de saída, suspeita a esmagadora maioria dos brasileiros não é uma boa lei. De resto, ela impõe restrições a convicções religiosas, sim! 

A proteção a minorias não pode ser maximizada a ponto de pôr em risco direitos fundamentais — entre eles, a liberdade de expressão. Esse caso envolvendo Malafaia me incomodou especialmente porque é preciso pôr um ponto final à ousadia dessas hordas fascistoides — fascitstoides, sim! — que saem por aí satanizando pessoas na Internet, atribuindo-lhes coisas que não disseram e não escreveram. Eu mesmo sei que sou saco de pancada de alguns grupos militantes — e da rede suja alimentada por dinheiro oficial. É claro que toda essa gente tem motivos de sobra para me detestar. Mas que o fizessem, ao menos, com coisas que realmente me pertencem, que saíram do meu teclado. Não! Em nome do que dizem ser a “democracia”, a “igualdade de direitos”, “o combate ao preconceito”, mentem de forma deslavada, metódica, decidida. 

Analisando o vídeo 

Em 1min27s, criticando o silêncio da imprensa diante da agressão cometida contra os símbolos católicos, o pastor afirma: “E a imprensa não diz nada. Não baixa o porrete”. Ora, é óbvio que ele não está censurando a imprensa por esta não ter batido nas lideranças gays, certo? “Não baixar o porrete” quer dizer, simplesmente, não criticar, omitir-se, silenciar. 

Malafaia conta que é alvo constante de sites gays, que o chamam de “doente” e que exploram a sua imagem, associando-o a coisas não muito boas. A gente sabe bem como é isso. Aos 2min26, referindo-se a interlocutores que lhe recomendam que processe seus detratores, ele conta o que lhe dizem: “Pastor mete o pé; entra contra eles [na Justiça]“. E emenda: “Eu lá vou perder meu tempo com isso?” Evidentemente, não estão recomendando a ele que chute as lideranças gays, mas que recorra à Justiça. 

Aos 3min22s, Malafaia se refere explicitamente à Igreja Católica. Assim: “É pra Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, baixar o porrete em cima, pra esses caras aprenderem. É uma vergonha. Protestar, sabe? Pra poder anunciar… Botar pra quebrar. Pagar em jornais notícias! Não querem dar? Paguem aí vocês da Igreja Católica, botem notícia pro povo saber. Isso é uma afronta, senhores! É o que eles querem! Depois querem chamar a gente de doente. Quem são os doentes, afinal de contas, que não respeitam a religião de ninguém, que debocham da religião dos outros, que debocham dos outros? Quem são os doentes?” 

Resta escandalosamente claro que expressões como “baixar o porrete” e “entrar de pau” sugerem uma reação no terreno da comunicação. Ele é explícito ao sugerir que a Igreja Católica pague anúncios na grande imprensa protestando contra a ofensa. É isso o que quer dizer “baixar o porrete”. 

Preconceito 

Cadê o incitamento à violência? Cadê a discriminação? Cadê a homofobia? Então os militantes gays — que trato como grupo distinto dos cidadãos gays — podem não só vilipendiar símbolos católicos (e não estou sugerindo medidas legais contra eles, não! Mas têm de aguentar a reação da sociedade, certo?) como agora têm o poder, também, de decidir o que é e o que não é crime porque conta com um Ministério Público sensível à sua causa? Ora, vão plantar batatas! 

Até o senador Lindberg Farias (RJ), que é do PT — e isso quer dizer que não é da minha turma ideológica —, num rasgo de bom senso, afirmou que Malafaia não tinha incitado a violência coisa nenhuma. Foi alvo de um protesto veemente do setor GLTBXYZ do partido. Na carta que lhe enviaram, curiosamente, nem entram no mérito da acusação. Contentam-se em tratar o pastor como inimigo. Vale dizer, se é inimigo, que importa que possa ser injustamente acusado? 

Encerrando 

Não vou silenciar diante disso! Posso discordar de Malafaia em muita coisa. E daí? Mas concordo plenamente com o seu direito de dizer o que pensa. Mais ainda: concordo que ele deve arcar com o peso do que disse — como qualquer um de nós —, mas jamais com o peso daquilo que não disse. 

Agora que vi o vídeo, digo com todas as letras: a ação do Ministério Público é ridícula. Serve apenas para alimentar a militância com uma causa. E se trata, obviamente, de mais uma tentativa de molestar quem não reza segundo a cartilha. O MP não é polícia do pensamento. E me parece que deve ser, sim, apurada a falha funcional de quem mobilizou recursos públicos para mover uma ação que se caracteriza, por seus próprios termos, como uma falsa imputação de crime. 

O movimento gay tem todo o direito de combater as ideias de Malafaia — como reivindico o direito de criticar as coisas de que não gosto. Mas que tal fazer um embate honesto de pontos de vista? O único tratado com preconceito, até agora, nessa história é o pastor. Odiar o que ele diz é um direito. Tentar processá-lo pelo que não disse é coisa de ditadores, de totalitários, de intolerantes. 

Por Reinaldo Azevedo 
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Pensem nas coisas do alto




Precisamos, para adentrar no itinerário proposto nessa Páscoa, avançar um pouco nas nossas reflexões. Lembrando que essas reflexões não são verdades absolutas, mas apenas fruto da minha humilde reflexão pessoal, dentro do meu itinerário. Elas se propõem a ser apenas uma contribuição para o conjunto da obra DJC. Mas cada qual pode, e deve seguir, guiado pelo Espírito, o seu próprio itinerário.

O que nos guia agora é o pedido de São Paulo: “Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. Vocês estão mortos, e a vida de vocês está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo se manifestar, ele que é a nossa vida, então vocês também se manifestarão com ele na glória. Vida nova em Cristo”. (Cl 3,2-4).

Ele nos pede para pensar nas coisas do alto. Pensar é o ato que diferencia o ser humano dos animais irracionais. O ato de pensar ajuda o seu humano a alcançar as suas capacidades mais sublimes, a chegarmos a lugares inesperados, inclusive ao coração de Deus. Certamente alguém pode dizer que não rezamos somente com a mente, porque se assim fosse em nada estaríamos nos diferenciando das seitas orientais, tal como a Seicho-no-ie. Aqueles que pensam assim estão com toda a razão. Não podemos confiar apenas na força do pensamento para alcançarmos a Deus e, consequentemente, a salvação. A salvação é, antes e acima de tudo, uma graça divina, um dom e uma atitude primeira d’Ele.

Entretanto, como o pensamento faz parte das nossas capacidades humanas, e sendo que é através das capacidades humanas que nos aproximamos de Deus, não podemos prescindir dele. Devemos fazer bom uso dos pensamentos. Caso contrário, São Paulo não teria pedido para pensar nas coisas do alto. E a razão dele fazer esse pedido parece ser bem lógica: “vocês estão mortos, e a vida de vocês está escondida com Cristo em Deus”. Se a nossa vida verdadeira está escondida em Cristo, então pensar nas coisas do alto, nos ajuda, a seu modo, a descobrir os mistérios de Deus.

Mas o que realmente significa pensar nas coisas do alto? Significar colocar os nossos pensamentos direcionados para Deus, que está no alto. E alcançamos Deus de várias formas, mas sempre graças a ação do Espírito Santo. É o Espírito que mantém viva a espiritualidade. E o coração da espiritualidade é a oração. Desta forma, o lugar privilegiado para pensar nas coisas do alto é a oração. A oração ungida unge também os pensamentos. Reza bem quem reza de coração, cheio da unção do Espírito Santo. No entanto, mesmo quando se reza de coração, reza-se também com os pensamentos.

Mas existem outros lugares privilegiados para se pensar em Deus: a leitura de bons livros católicos, escutar músicas católicas de boa qualidade, escutar pregações, ter boas conversar, boas amizades, e assim por diante. Tudo isso vai elevando nosso pensamento para o alto.

Por outro lado não podemos perder de vista que olhar, tendo Jesus como luz dos nossos olhos, para aquilo que nos circunda não deixa de ser um olhar para o alto. Visitar os irmãos enfermos, pagar a contribuição fiel, se sacrificar pela evangelização, respeitar o irmão de caminhada, especialmente aquele que é responsável direto por você, é também pensar nas coisas do alto. E olhando para o alto alcançamos Deus. E alcançando Deus podemos transformar o que está ao nosso redor, até mesmo no campo político e social.

Para finalizar meditemos nessa musica do Padre Zezinho. É uma verdadeira catequese a cerca da espiritualidade cristã. E os pensamentos estão em concordância com essa mesma espiritualidade.

Feita de dois riscos é a minha cruz
Sem esses dois riscos não se tem Jesus
Um é vertical, o outro horizontal
O vertical eleva, o horizontal abraça
Feita de dois riscos é a minha cruz
Sem esses dois riscos não se tem Jesus



Feita de dois riscos é a minha fé
Sem esses dois riscos religião não é
Um é vertical, o outro horizontal
Um vai buscar na fonte
O outro é o aqueduto
Feita de dois riscos é a minha fé
Sem esses dois riscos religião não é



Feita de dois riscos é o meu caminhar
Sem esses dois riscos posso não chegar
Um é vertical, o outro horizontal
O vertical medita, o horizontal agita
Feita de dois riscos é o meu caminhar
Sem esses dois riscos posso não chegar


      É importante salientar que em algumas traduções a frase “pensem nas coisas do alto” é trocada por “aspirai as coisas do alto”. O verbo muda, mas a intenção do apóstolo é a mesma. Aspirar é desejar, é querer, é pensar e agir ardentemente, tendo em vista as coisas do alto, ou seja, na essência, o próprio Deus.

Francisco Edmar
AGDI

É preciso ressuscitar para buscar as coisas do alto


“Se vocês foram ressuscitados com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus”. (Cl 3,1) 

No nosso itinerário durante o tempo litúrgico da Páscoa São Paulo nos coloca algo fundamental. Na verdade, a sua colocação começa com uma condição. Ele estabelece um condicionante para que a caminhada seja iniciada. É preciso ter ressuscitado com Cristo. 

 Sem que tenha havido ressurreição é impossível começar qualquer caminho de vida nova. E a obra da ressurreição na nossa vida é, essencialmente, obra do Espírito Santo, pois é ele que nos vivifica (Rm 8,11). Somente sob a bênção, graça e unção do Espírito Santo é que é possível ressuscitar. A bem da verdade, toda a nossa caminhada cristã converge para esse desejo e necessidade de ressurreição. 

Essa ressurreição não precisa ser necessariamente instantânea, pronta e acabada, como geralmente nós pensamos. Nós já a iniciamos no Reavivamento. Todos aqueles que participaram ativamente do RES já começaram o seu processo anual e sistemático de ressurreição. 

E continuamos caminhando na ressurreição, durante toda a quaresma, até chegarmos à Semana Santa e, dentro dela, ao Tríduo Pascal, onde vivenciamos o sábado de aleluia, ou seja, o sábado da ressurreição. 

Então, certamente, todos nós já estamos caminhando na ressurreição. Ressurreição já nesta vida, mas, sobretudo, para eternidade. Assim, estamos cumprindo a primeira condição que nos foi imposta por São Paulo. Logo depois ele nos pede que devemos “procurar as coisas do alto”. As coisas do alto são aquelas que se referem a Deus. Portanto buscar as coisas do alto é buscar, antes de mais nada, Jesus Cristo. 

É preciso esclarecer que as coisas do alto encontram a sua concretude nas coisas da terra. Quando as coisas da terra são ungidas por Deus elas nos ajudam a chegar a Deus e, portanto, às coisas do alto. 


E o que significa procurar as coisas do alto? A vida cristã, mantida viva pelo Espírito Santo (que nos concede a mística) é muito concreta, muito real. Por isso, deveremos procurar as coisas do alto enquanto estamos em nossos corpos mortais, uma vez que ressuscitados já estaremos “no alto”, no céu e, desta forma, não precisaremos mais buscá-las. 

Em outras palavras, busca-se as coisas do alto no dia a dia da caminhada cristã. Assim sendo, podemos e devemos buscar as coisas do alto das seguintes formas: 

1. Oração 
2. Meditação Orante da Palavra de Deus 
3. Celebração dos Sacramentos (sobretudo, Eucaristia e Confissão) 
4. Vivência das Virtudes 
5. Busca dos Dons e Carismas 
6. Leitura de bons livros 
7. Escuta de boas músicas 

Quem está em falta em uma ou mais formas de se buscar as coisas do alto, é preciso que busque colocar em prática, pois é a partir dessa vivência concreta que faremos um bom itinerário. 

Quando vamos colocando tudo isso em prática, com erros e acertos, avanços e retrocessos, é que vamos buscando as coisas do alto e, desta forma, vamos encontrando aquilo que está no alto: Jesus e sua graça. E quanto mais nós conhecemos Jesus mais vamos querer buscar as coisas do alto. É um ciclo vicioso, que se estrutura no equilíbrio do dia a dia, sem romantismos ou ceticismos. 

Francisco Edmar 
AGDI 

Páscoa: itinerário para uma vida nova

Esse aqui é um pequeno itinerário que você (assim como meditamos na Fraternidade de Aliança de hoje) pode seguir durante esse início de Páscoa e, quem sabe, durante toda ela. 

Não adianta querer fazer tudo de uma vez. Siga o caminho. Siga o itinerário. Vá caminhando, no concreto de sua vida, e tentando viver o que nos diz São Paulo. É um texto bem profundo. Medite em oração e veja o que é possível colocar em prática, sem romantismos ou ceticismo. 

Boa caminhada. Graça e Paz!

Francisco Edmar
AGDI



Colossenses 3,1-17

1 Se vocês foram ressuscitados com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. 3 Vocês estão mortos, e a vida de vocês está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo se manifestar, ele que é a nossa vida, então vocês também se manifestarão com ele na glória. Vida nova em Cristo - 5 Façam morrer aquilo que em vocês pertence à terra: fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir, que é uma idolatria. 6 Isso é o que atrai a ira de Deus sobre os rebeldes. 

7 Outrora, também vocês eram assim, quando viviam entre eles. 8 Agora, porém, abandonem tudo isso: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas, que saem da boca de vocês. 9 Não mintam uns aos outros. De fato, vocês foram despojados do homem velho e de suas ações, 10 e se revestiram do homem novo que, através do conhecimento, vai se renovando à imagem do seu Criador. 11 E aí já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, estrangeiro ou bárbaro, escravo ou livre, mas apenas Cristo, que é tudo em todos. 

12 Como escolhidos de Deus, santos e amados, vistam-se de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência. 13 Suportem-se uns aos outros e se perdoem mutuamente, sempre que tiverem queixa contra alguém. Cada um perdoe o outro, do mesmo modo que o Senhor perdoou vocês. 14 E acima de tudo, vistam-se com o amor, que é o laço da perfeição

15 Que a paz de Cristo reine no coração de vocês. Para essa paz vocês foram chamados, como membros de um mesmo corpo. Sejam também agradecidos. 16 Que a palavra de Cristo permaneça em vocês com toda a sua riqueza, de modo que possam instruir-se e aconselhar-se mutuamente com toda a sabedoria. Inspirados pela graça, cantem a Deus, de todo o coração, salmos, hinos e cânticos espirituais. 17 E tudo o que vocês fizerem através de palavras ou ações, o façam em nome do Senhor Jesus, dando graças a Deus Pai por meio dele.

Trúduo Pascal: momento de uma santa e eficaz catequese.



“E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados”. (1 Cor. 15,17)

Nesse período que compreende hoje, amanha e sábado celebraremos juntos o Tríduo Pascal, momento em que Jesus vence a morte através da sua ressurreição. Dias lindos que a cada ano a Igreja, seguindo mandato do próprio Cristo, nos faz recordar e guardar no coração. O Tríduo foi antecedido por outro tempo litúrgico maravilhoso: a quaresma. Nela foi possível preparar o coração e a mente e os nossos parentes e amigos para celebrarem os dias mais importantes do cristianismo.

Diante da realidade concreta do Tríduo Pascal somos levados a fazer algumas reflexões importantes.

A Igreja vive, por meio da fé, centralizada no sacramento da Eucaristia , de tal forma que ela “é a fonte e o ápice da vida cristã”. Tudo gira em torno dela. Todos os demais sacramentos e atividades eclesiais emanam dela e para ela convergem. Está é uma verdade incontestável da fé católica.

A quinta-feira santa é o grande dia em que recordamos, como Igreja no mundo todo, a Instituição da Eucaristia. Jesus ao celebrar aquele banquete, que tantas e repetidas vezes várias gerações de judeus já haviam realizado, faz algo novo. Celebra uma “velha nova ceia” que devido toda a sua riqueza e magnitude nem mesmo os apóstolos que lá estavam com ele conseguiram entender de imediato. Quem sabe levaram muito tempo para entender. Fez algo diferente: institui aquilo que passará a ser o centro da nossa fé cristã: o Sacramento da Eucaristia. É algo tão novo e surpreendente, tão profundo e maravilhoso que nós, séculos depois, temos dificuldade de apreender toda a riqueza daquele gesto.

Ao mesmo tempo, em toda a sua sabedoria, instituiu um ministério que pudesse celebrá-la com toda a dignidade e beleza que ela exige: o ministério sacerdotal. Então além de recordarmos a instituição da eucaristia, recordamos também a instituição da vocação sacerdotal. Vocação que quando vivida em toda a sua plenitude e beleza se enche de significado e frutos na vida de muita gente.

Porém, estas duas instituições, tão caras à Igreja no seu conjunto e para cada um de nós em particular, só ganham sentido em algo muito importante: a ressurreição de Jesus. Ele, que na quinta-feira havia instituído a Eucaristia e o Sacerdócio, não ficou preso na morte como todos os homens até aquele momento tinham experimentado. Não, ele ressuscitou. Venceu a morte. Nessa grande novidade é que a Eucaristia e o Sacerdócio ganham relevo e importância. Sem a ressurreição nem a Eucaristia e nem o sacerdócio teriam sentido. Todo o nosso discurso seria em vão. A nossa fé seria vã (1 Cor 15,17)

Nesta mesma quinta-feira Jesus dá uma prova indiscutível de sua humildade: lava os pés dos discípulos. Ele que é o Mestre lava os pés daqueles que deveriam lavar os seus. Ele que havia nascido do seio de Maria por Obra e Graça do Espírito Santo, que havia curado e libertado a tantos, que é o Filho de Deus, mostra o que realmente é ser servo de Deus. Se pelo menos uma pequena parte da Igreja, especialmente aqueles que têm responsabilidade maior dentro dela (inclusive eu), fizesse isso certamente a Igreja seria um sinal mais eficaz do poder de Deus em meio a sociedade.

Passamos a quinta-feira e chegamos à sexta-feira santa. Nela Jesus se entregará totalmente. Nela sofrerá as conseqüências de todos os males da humanidade, em todos os tempos e lugares. Dará a prova concreta de obediência ao Pai e de amor para com cada um de nós. Na verdade passados tantos séculos daquele acontecimento real, vivenciado de perto por tantas pessoas e relatadas nos evangelhos, fica difícil, sem a ajuda do dom da fé, entendermos e compreendermos todos aqueles acontecimentos. Sem o auxílio da fé caímos facilmente ou no romantismo ou no ceticismo. Porém, a fé nos leva a compreensão de toda a riqueza e extensão, ao longo da história, daquela entrega de Jesus naquela bendita tarde de sexta-feira.

Durante toda aquela noite de sexta-feira e todo dia de sábado permanecem silentes as vozes do céu. Jesus está morto. Porém, naquele bendita madrugada de sábado para domingo, as vozes se irrompem num grande glória, pois Jesus agora vive, Ele ressuscitou. Venceu a morte. Algo novo. Ninguém jamais havia ressuscitado, mas ele sim. O Filho de Deus está vivo, como havia prometido. E a partir dele todos aqueles que morrem não ficam mais presos na morte, mas podem viver eternamente junto com Ele e com o Pai. Algo realmente espetacular. O Sábado de Aleluia nos recorda justamente isso.

Não obstante a toda a riqueza desse Tríduo Pascal, que deve ser pregada de modo místico e profundo, muitos vão se apegar a “pregação da comparação” ou “pregação do carão”. Vão falar de quem não está ali, de quem viajou e de quem vai passar esses três ou quatro dias bebendo. Por mais que saibamos que isso é uma realidade extremamente deprimente e triste, ela não está sob o nosso controle. Deus concedeu às pessoas o livre arbítrio e não é a nossa má falação que vai mudar essa realidade, pois Sempre tivemos pessoas que agiram assim e teremos. Certamente hoje o número é bem maior do que antes, mas a nossa palavra e a nossa pregação não irão alcançá-los. Não conseguiram alcançar o restante do tempo (especialmente durante a quaresma) e muito menos agora.

Vejo o Tríduo Pascal como momento singular para mostrar aos cristãos que efetivamente estarão nas celebrações toda a riqueza desses dias e desses acontecimentos reais na vida de Jesus e como eles resplandeceram como luz na vida da Igreja ao longo dos séculos. As comparações não irão resolver nada e ainda tomar o lugar de uma santa e eficaz catequese.

Da mesma forma, esse não é o momento de falar mal dos familiares que não estão presentes não celebrações. Se não conseguimos convencê-los ao longo dos últimos meses, fatalmente não conseguiremos agora. É hora sim de vivenciarmos esses dias e mostrar na prática quão bom é estar na presença daquele que vencendo a morte, nos deixou de presente a Eucaristia e os sacerdotes.

Vivenciemos cada momento da semana santa e não precisaremos ficar fazendo comparações ou recorrendo àqueles que não estão presentes.
Graça e Paz.

Francisco Edmar
AGDI