O jovem precisa de referências


"Um jovem se aproximou, e disse a Jesus: «Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?" (Mt 19, 16)

Todos nós, independente do estágio de vida onde nos encontramos, precisamos de boas referências para encaminhar a nossa vida pelos caminhos corretos da vida e da fé. Más referências, num primeiro momento muito coloridas e atraentes, pouco tempo depois se mostram incapazes de preencher o nosso ser da verdadeira paz e alegria que brotam do coração de Jesus.

No entanto, é inegável, tanto do ponto de vista psicológico como espiritual, que os jovens carecem muito mais destas boas referências. Quando nos encontramos nesta fase da vida pensamos ser super-heróis, que tudo e todos estão errados e que somente nós somos portadores da verdade e da razão. Esta euforia juvenil pode nos induzir a trilhar caminhos tortuosos, que não raras vezes não têm volta.

Por isso, boas referências são fundamentais para um desenvolvimento juvenil equilibrado. Elas possuem o seu fundamento no convívio familiar, mas também devem ser repassadas pela escola, pela Igreja, pela mídia e etc. Infelizmente, algumas destas instituições não estão correspondendo à sua responsabilidade.

Grande parte das famílias não possui mais o senso do divino e, portanto, não consegue repassar os bons valores que vão nortear um crescimento maduro e saudável do jovem. Bombardeada pelos pelas ‘miragens de felicidade’ do mundo moderno, ela nem sempre coloca em prática a sua missão educadora. Por isso, não é a toa que a violência, dentro e fora de casa, tem aumentado de modo assustador nas últimas décadas, a despeito da melhoria das condições de vida e das facilidades da vida moderna.

A escola, espaço da educação formal, também abicou da vocação de transmissão dos bons valores aos jovens. Não querendo ser vista como uma instituição retrograda assume uma postura ‘moderna’, em detrimento de uma formação humana mais aprofundada de seus alunos. Muitos professores e dirigentes escolares demonstram aversão completa a qualquer modelo de ensino que não “esteja na moda”. Na sua ignorância simplesmente repetem para os seus alunos o modelo de sociedade falida que está em vigor.

A mídia, por sua vez, patrocinada pelas grandes corporações empresariais, tem tentado, a todo custo, alardear um estilo de vida meramente hedonista e consumista. Não há na TV brasileira, com exceção de alguns canais estatais e de canais administrados por entidades religiosas, uma programação que estimule os jovens a cultivarem uma responsabilidade pessoal e coletiva, bem como um crescimento, em todas as dimensões, sadio e equilibrado.

Pelo contrário, a programação tem estimulado de modo ininterrupto o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro (meio caminho andado para drogas mais pesadas), a competição a todo custo, o descompromisso com o namoro e o casamento, uma vida sexual desregrada, uma vida pautada em festas e orgias, preocupação apenas com a vida profissional e etc.

Apesar de excelentes experiências, alguns setores da Igreja, por seu turno, nem sempre têm se colocado como deveriam na educação e formação dos jovens. As pastorais, grupos e movimentos dedicados à evangelização dos jovens nem sempre propagam uma mensagem diferente daquela que é alardeada pela sociedade. Muitas das vezes falta coragem e parresia para anunciar aos nossos jovens que existe uma possibilidade, sem perder a riqueza desta fase da vida, de uma vivência pessoal e social diferente.

O fracasso da evangelização da juventude, na maior parte das vezes, é fruto da falta de amor (é isso mesmo) de quem está com o leme da evangelização na mão, pois se o capitão do barco não encoraja os seus marinheiros a se sacrificarem para que o barco não naufrague, como esperar que eles acordem para a realidade em que estão metidos?

Da mesma forma se, no trabalho de evangelização, a pessoa que está à frente não é a primeira a demonstrar felicidade e alegria naquilo que faz, como esperar que os outros se entusiasmem pela mesma causa? Se o responsável sempre está atolado de coisas para fazer e destina somente o sobejo do seu tempo para a evangelização, como esperar que os demais membros deixem de lado os seus afazeres terrenos (e, portanto, passageiros) para se dedicarem aos afazeres celestes (fundamento dos primeiros)? Se não há uma busca pela novidade inspirada pelo Espírito Santo, como esperar que a evangelização não afunde na mesmice? Se não há uma pescaria constante como não esperar que, em termos quantitativos, a FVC vá definhando? E assim sucessivamente.

Estes são apenas alguns questionamentos. Existem vários outros. Quem está com ‘o leme na mão’ deverá se preocupar com eles, buscando sempre a solução.

Se quem está à frente da evangelização não se torna, por meio de palavras e ações, referência para os demais jovens, o trabalho de evangelização esbarra na mesmice, na falta de motivação e testemunhos vivos. E, aos poucos, todos vão se dispersando: uns mudam de igreja... outros de movimento ou pastoral... outros ainda, o que é pior, abandonam completamente a fé e enveredam pelos caminhos da perdição... outros permanecem, mas sem grandes motivações.

É necessário ter muita coragem, unção e parresia para, a partir de Cristo e dos ensinamentos da Igreja, oferecer um SANTO CAMINHO aos jovens. O DJC Jovens não poderá abdicar desta sua prerrogativa.

O Discipulado no seu conjunto espera muito do DJC Jovens. É dele que sairão os novos evangelizadores, pregadores, ministros de oração, coordenadores, conselheiros, acompanhantes locais e etc.

Que o Senhor ilumine o DJC Jovens na sua missão específica. Que Maria interceda por cada jovem para que perseverem nos caminhos santos. E que São Paulo, o apóstolo missionário, interceda por cada coordenador e conselheiro para que possam evangelização com toda unção, amor e parresia.

Graça e Paz!