Como a Igreja se organizou e se manteve ao longo dos séculos?


“Dou testemunho diante de vós: eu não sou responsável se alguém se perder, pois não deixei de vos anunciar todo o plano de Deus a vosso respeito. Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como guardiães, como pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o seu sangue” (At 20,27-28)

Os primeiros cristãos (inspirados pelos ensinamentos e pelo exemplo do próprio Jesus), sobretudo na pessoa dos apóstolos e depois dos primeiros padres, tinham uma preocupação muito grande: estruturar bem o trabalho de evangelização, de tal modo que este pudesse permanecer até mesmo depois da morte deles.

E vejamos só no que deu esta preocupação: em pleno século XXI a Igreja de Cristo, apesar de tudo, permanece firme e forte na sua missão. Tudo isso graças à visão daqueles homens, iluminados pelo Espírito Santo, que enxergavam na estruturação o melhor caminho para que o evangelho do Senhor fosse propagado a todas as gentes conforme Ele mesmo havia pedido (Mt 28,19)

Por algumas passagens do livro dos Atos dos Apóstolos e alguns escritos antigos é possível notar que eles, mas do que falar em fundação de alguma comunidade (e mesmo depois que fundavam) davam grande atenção à continuidade do trabalho de evangelização (At 1,21-22).

Bem sabiam que nenhum trabalho se sustenta só de intenção ou de um desejo que nunca se concretiza no dia-a-dia. Sabiam mais ainda que, por ser um trabalho extremamente difícil, a missão evangelizadora precisava ser constantemente irrigada com muita paresia e com pessoas certas para serviços certos capazes, se necessário, de dar até mesmo a vida pela causa do Reino de Deus.

Por isso, os apóstolos tomaram três decisões.

A primeira delas é que eles seriam os primeiros a darem testemunho da ressurreição do Senhor, mesmo que isso representasse para eles açoites e morte. E fizeram isso com muita lucidez e alegria (At 5,41). Queriam com este ato torna-se referência para os outros que labutavam pela mesma causa. Queria demonstrar que era possível sacrificar-se, até a morte, pela causa de Jesus. Isso passa pelos séculos até os dias atuais: se quem está evangelizando não for o primeiro a dar testemunho, todo o trabalho de evangelização, mesmo que disponha de todos os meios humanos possíveis, fracassará, pois estará faltando o testemunho pessoal que arrasta multidões e inibe a fofoca dos inimigos e invejosos (2Pd 2,11-12).

A segunda é escolher pessoas certas para serviços e ministérios certos (At 6,1-7). Pessoas que tivessem compromisso e disponibilidade para o anúncio da Palavra. Além disso, deviam ser pessoas com reputação ilibada (incorrupta, sem manchas) e com muito amor a Jesus e à Igreja (At 3,1-2). Portanto, logo de início, aquelas pessoas interesseiras, sem comunhão total com a obra de Jesus, mentirosas e que só gostavam de aparecer, eram descartadas (At 5,1-11).

A terceira era escrever, em forma de compilação, tudo aquilo que Jesus tinha ensinado e que o Espírito Santo havia revelado (Lc 1,1; Jo 21,24). Desta forma, eles resolviam três problemas: tinham um conteúdo único para o anúncio da Palavra; esta palavra, agora compilada, podia chegar a lugares longínquos; e, com o anúncio básico nas mãos, os evangelizadores tinham como se livrar dos falsos profetas que queriam pregar a sua própria verdade e não a sã doutrina deixada por Jesus.

Estas três atitudes garantiram a permanência da Igreja ao longo dos séculos. E olha que não foram somente flores no caminho. Muitas pedras e espinhos, cultivados dentro e fora da Igreja, tiveram que ser removidos.

Mas tudo isso só foi possível porque a base havia sido lançada (primeiro pelo próprio
Jesus e depois pelos apóstolos e seus sucessores). E os que vieram depois deles aprenderam tudo isso. E isso é feito até hoje.

É isso que, como DJC, precisamos aprender, pois tais atitudes minimizam os insucessos e maximizam os sucessos na evangelização. Quem manda é o Espírito Santo. Os apóstolos sabiam disso. Por isso, quando tomavam uma decisão eles sempre diziam: "nós e o Espírito" (At 15,28). Mas eram também conscientes que precisavam fazer a sua parte. E isso, com a ajuda de muitos outros, fizeram muito bem.

Caminhemos nesta direção.

Graça e Paz a todos.

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI

Papa destaca missão da Igreja nos meios de comunicação



O Papa Bento XVI recebeu na manhã deste sábado os participantes do encontro nacional intitulado "Testemunhas digitais. Rostos e linguagens na era da mídia", promovido pela Conferência Episcopal Italiana.

Bento XVI destacou em seu discurso que o nosso tempo abriu as fronteiras para a comunicação e que a missão da Igreja e de toda pessoa que trabalha nos meios de comunicação é salvaguardar a qualidade das relações humanas e atender às pessoas e suas necessidades espirituais, oferecendo aos homens que vivem nesta era digital os sinais necessários para reconhecer o Senhor. Vários profissionais italianos do mundo da comunicação participaram do encontro, que se realizou em Roma.

O Papa convidou os participantes a fazerem dos meios de comunicação um caminho que conduza à Palavra de Deus. "Como animadores da cultura e da comunicação, vocês são os sinais vivos de que os modernos meios de comunicação fazem parte dos instrumentos cotidianos, através dos quais as comunidades eclesiais se expressam. Através deles é possível entrar em contato com o próprio território e instaurar formas de diálogo a longa distância".

O Pontífice exortou os profissionais da comunicação a continuarem nutrindo em seus corações uma saudável paixão pelo ser humano. "Que vocês sejam ajudados por uma sólida preparação teológica e pela profunda e alegre paixão por Deus, alimentada pelo contínuo diálogo com o Senhor".

O Santo Padre citou alguns meios de comunicação que estão a serviço da Igreja na Itália, como o jornal da CEI, Avvenire, a emissora televisiva TV 2000, a rede de rádios inBlu e a agência SIR (Serviço de Informação Religiosa), além de jornais e vários sites de inspiração católica.

Ao concluiu seu discurso, Bento XVI agradeceu os participantes do encontro pelo serviço prestado à Igreja e ao ser humano, e invocou sobre todos eles a proteção da Virgem Maria e dos grandes santos da comunicação.

Fonte: Canção Nova

A doutrina da redenção segundo o espiritismo


Este é parte do ensinamento que esta sendo proposto pela "onda de espiritismo" que ora se espalha em nosso país. Com muita serenidade e discernimento, firmes em Cristo, é preciso renunciar a tudo aquilo que não seja proveniente de Jesus, da Palavra de Deus e dos Ensinamentos da Igreja


"É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que ele derramou profusamente sobre nós", explicava são Paulo aos efésios (1,7).

Nossa redenção pela paixão, morte e ressurreição de Jesus é outra verdade fundamental da fé cristã. Nisso consiste propriamente a "boa nova" ou o "evangelho". Mas nem esta verdade tão central entra no credo espírita de Allan Kardec.

Segundo ele cada um deve ser seu próprio redentor através do sistema das reencarnações. Por isso no espiritismo a soteriologia (ou doutrina sobre a redenção ou salvação do homem) é deslocada da cristologia para a antropologia. Leão Denis o enuncia cruamente quando escreve: "Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo 'de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. É o que os espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo" (Cristianismo e espiritismo, p. 88).

E o Reformador, órgão máximo da propaganda reencarnacionista no Brasil, ensina em seu número de outubro de 1955 (p. 236): "A salvação não se obtém por graça nem pelo sangue derramado por Jesus no madeiro", mas "a salvação é ponto de esforço individual que cada um emprega, na medida de suas forças". Daí esta doutrina de Allan Kardec: "Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes" (V, 88).

Ele reconhece a necessidade e o valor do arrependimento; mas este arrependimento não basta ao pecador para obter o perdão divino. Segundo ele, a contrição é apenas o início da expiação e tem como conseqüência o desejo de "uma nova encarnação para se purificar" (I, 446). "O arrependimento concorre para a melhoria do espírito, mas ele tem que expiar o seu passado" (I, 448); "o arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve" (I, 450); "o arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação" (V, 90); e a graça é coisa que não existe porque "seria uma injustiça" (IV, 76).

No livro Roma e o Evangelho (5ª - ed.), o espírito de "Maria" dita estas palavras: "Jesus Cristo não podia, nem quis assumir todas as responsabilidades individuais, contraídas ou por contrair, emanadas dos pecados dos homens, e muito menos podia, pelo sacrifício da sua vida, remir a humanidade da pena de desterro a que fora condenada... A redenção da humanidade não se firma, pois, nos méritos e sacrifícios de Jesus, e, sim, nas boas obras dos homens... Que cegueira! Quanta aberração! Supor e afirmar que os sofrimentos e a morte do Justo foram ordenados do alto, em expiação dos pecados de todos, é a mais orgulhosa das blasfêmias contra a justiça do Eterno".

Espiritismo – orientação para católicos
Frei Boaventura Kloppenburg - 7ª ed. 2002

Católico ou espírita? O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã



É preciso ficar bem claro que o espiritismo (bem como suas derivações) contradiz frontalmente a doutrina católica em muitos pontos, sendo, portanto, impossível a um católico ser também espírita. Em 1953, os Bispos do Brasil disseram que o espiritismo é o desvio doutrinário
“mais perigoso” para o país, uma vez que “nega não apenas uma ou outra verdade da nossa fé, mas todas elas, tendo, no entanto, a cautela de dizer-se cristão, de modo a deixar, a católicos menos avisados, a impressão erradíssima de ser possível conciliar catolicismo com espiritismo” (Espiritismo, orientação para os católicos, D.Boaventura Kloppenburg, Ed. Loyola, 5ªed, 1995,pag.11).

Muitas passagens da Bíblia comprovam o que está dito acima. A principal delas é a que está no livro do Deuteronômio:
“Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha [magia negra], nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas...” (Deuteronômio 18,9-13). Essas palavras da Bíblia são muito claras e fortes e não deixam dúvida sobre a proibição “radical” de Deus a todas as formas de ocultismo e busca de poder ou de conhecimento fora da vontade de Deus. E isto é um perigo para a vida cristã, porque “contamina” a alma.

Por “adivinhos” devemos entender todas as formas de se buscar o conhecimento de realidades ocultas, conhecer o futuro, etc. Entre essas práticas estão, entre outras, a invocação dos mortos (necromancia), a leitura das mãos (quiromancia), a astrologia, os búzios, cartomancia, consultas aos cristais, tarôs, numerologia, etc. Uma verdade bíblica que todo católico precisa saber, é o que disse São Paulo aos coríntios: “As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas aos demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou quereis provocar a ira do Senhor”? (1 Cor 10,20´22).

O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã:

1 - Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser compreendido e explicado.

2 - Nega a inspiração divina da Bíblia.

3 - Nega o milagre.

4 - Nega a autoridade do Magistério da Igreja.

5 - Nega a infalibilidade do Papa.

6 - Nega a instituição divina da Igreja.

7 - Nega a suficiência da Revelação.

8 - Nega o mistério da Santíssima Trindade.

9 - Nega a existência de um Deus Pessoal e distinto do mundo.

10 - Nega a liberdade de Deus.

11 - Nega a criação a partir do nada.

12 - Nega a criação da alma humana por Deus.

13 - Nega a criação do corpo humano.

14 - Nega a união substancial entre o corpo e a alma.

15 - Nega a espiritualidade da alma.

16 - Nega a unidade do gênero humano.

17 - Nega a existência dos anjos.

18 - Nega a existência dos demônios.

19 - Nega a divindade de Jesus.

20 - Nega os milagres de Cristo.

21 - Nega a humanidade de Cristo.

22 - Nega os dogmas de Nossa Senhora (Imaculada Conceição, Virgindade perpétua, Assunção, Maternidade divina).

23 - Nega nossa Redenção por Cristo (é o mais grave!).

24 - Nega o pecado original.

25 - Nega a graça divina.

26 - Nega a possibilidade do perdão dos pecados.

27 - Nega o valor da vida contemplativa e ascética.

28 - Nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.

29 - Nega o valor dos Sacramentos.

30 - Nega a eficácia redentora do Batismo.

31 - Nega a presença real de Cristo na Eucaristia.

32 - Nega o valor da Confissão.

33 - Nega a indissolubilidade do Matrimônio.

34 - Nega a unicidade da vida terrestre.

35 - Nega o juízo particular depois da morte.

36 - Nega a existência do Purgatório.

37 - Nega a existência do Céu.

38 - Nega a existência do Inferno.

39 - Nega a ressurreição da carne.

40 - Nega o juízo final.

Apesar de tudo isso muitos continuam a proclamar que “o espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma coisa...” Na verdade é o “joio no meio do trigo” (Mt 13,28), que o inimigo semeou na messe do Senhor. Nada como o espiritismo nega tão radicalmente a doutrina católica.

Ouçamos, finalmente, a palavra oficial da nossa Mãe Igreja, que tão bem nos ensina através do Catecismo:
“Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supoem ´descobrir´ o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia (leitura das mãos), a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão (bolas de cristais), o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus” (N° 2116).”O espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo” (N° 2117).

Os católicos que se deram a essas práticas condenadas pela Igreja podem e devem abandoná-las com urgência. Devem procurar um sacerdote, fazer uma confissão clara dos seus pecados e prometer a Deus nunca mais se dar a essas práticas. É preciso também destruir todo material (livros, imagens, gravuras, vestes, etc) usadas e consagradas nesses cultos.

Parece que hoje, grande parte do povo, volta ao paganismo e às suas práticas idolátricas - isto nega o Cristianismo. A Igreja, como Mãe bondosa e cautelosa não quer que os seus filhos se percam.

Professor Felipe Aquino - Canção Nova

Amo o DJC, por isso compro, vendo e medito os subsídios que ele produz

Em nenhum outro momento da história a humanidade teve tanto acesso à informação quanto nos dias atuais. É algo espetacular. Elas (as informações) são extremamente variadas e chegam de todos os lugares, de vários modos e provenientes de fontes incontáveis. O rádio, a TV, os jornais e revistas impressos, livros, e, sobretudo a internet, têm favorecido um incremento contínuo destas informações.

Ao contrário de outros momentos da história, a nossa e as futuras gerações não poderão reclamar da falta de informação. Até pouco tempo, o grande reclame era a limitação do acesso às informações. Poucos tinham acesso a elas. Somente um pequeno grupo, de forma especial os mais favorecidos, podiam acessar aquilo que era produzido intelectualmente. E quanto mais retrocedemos nos séculos mais podemos observar esta verdade.

Hoje, ocorre um fenômeno oposto do que ocorria em tempos passados. Na atualidade o problema não é o cerceamento da informação, mas o ordenamento e escolha delas, pois nem sempre são proveitosas e nos fazem crescer como pessoas. O que preciso e posso lê? O que é proveitoso? O que me fará crescer? Estes e outros são os questionamentos que nos fazemos.

Como cristãos devemos pedir ao Espírito Santo muito discernimento. Temos acesso a muitas informações, mas nem sempre elas são sadias ou favorecerão o nosso crescimento. É preciso sempre lembrar o que são Paulo exortou: “cuidado para que ninguém escravize vocês através de filosofias enganosas e vãs, de acordo com tradições humanas, que se baseiam nos elementos do mundo, e não em Cristo” (Cl 2,8).

Nem mesmo aquelas informações veiculadas com o pseudônimo religioso estão isentos de erros e más intenções, pois “houve falsos profetas no povo de Israel, e entre vocês também irão aparecer falsos mestres que trarão heresias perniciosas” (2Pd 2,1). É preciso muito discernimento. E o nosso discernimento tem como balizas a palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja.

Diante disso é que passamos a enxergar o valor e a necessidade dos subsídios do DJC. Eles, balizados pela palavra de Deus e pela sã doutrina católica, servem de suportes e vias para o nosso crescimento pessoal e comunitário.

Na verdade, eles são um resumo de tudo aquilo que Jesus nos foi mostrando como caminho a ser trilhado como Movimento Católico de Evangelização, uma vez que o DJC nunca (e nem poderia) inventou nada. Apenas, escutando a voz do Espírito, recebemos o tesouro da Igreja e fomos aplicando de acordo com as necessidades das pessoas que evangelizamos.

E o mais bonito dos subsídios do DJC, além de serem fruto da palavra e da doutrina, é que eles não são produzidos mecanicamente ou tampouco com o simples desejo de venda. Eles são produzidos na graça do Espírito Santo, sempre tendo como fundamento a oração e as necessidades da caminhada. Não são produtos de laboratório. Não são produzidos numa sala fechada com ar condicionado, mas no terreno árduo da evangelização.

É por tudo isso que nenhum membro do DJC pode deixar de adquirir estes subsídios. Quem é do DJC utiliza, não por orgulho, os subsídios do DJC, pois como já dissemos, eles são resumo da doutrina da Igreja e Palavra de Deus, aplicado à nossa realidade. Uma vez que nem todos nós temos a capacidade de abarcar toda a riqueza da Igreja, os subsídios pegam aquilo que é fundamental, a começar pelo querigma, e colocam a disposição dos fiéis. E isso acontece com todas as outras comunidades e movimentos: Canção Nova, Shalom e etc.

Cada subsídio foi e é produzido tendo em vista um objetivo claro, em meio à riqueza da nossa fé. Por exemplo: o Temário do Querigma tem como objetivo principal despertar a fé em Jesus através do ensinamento básico, do anúncio fundamental, do núcleo central e essencial da fé cristã. O Temário da Oração tem como objetivo despertar o gosto e o desejo por uma oração cada vez mais ungida, madura, consciente e sincera que tenha ressonância na pratica do dia-a-dia, tanto dentro como fora da Igreja. E assim ocorre com todos os Temários.

O Irmanador, nossa publicação trimestral, é outro exemplo. Ele serve, como o próprio nome já diz, para irmanar (tornar irmãos) todos aqueles que fazem (ou não) parte do DJC. É um meio eficaz, para quem lê com o coração, de crescimento pessoal. Além disso, é um excelente instrumento de evangelização.

Temos ainda a Agenda da Caminhada Discipular que é importantíssima para uma “linguagem comum no DJC”, além de incentivar a Meditação Orante diária da Palavra de Deus. E assim por diante.

Todos estes subsídios, já que não se propõem em primeiro lugar a angariar dinheiro, são produzidos com preços bem acessíveis, de tal forma que todos podem adquiri-los.

Por isso, compre, venda, dê de presente e leia os subsídios do DJC. Alguém da sua família ou algum amigo mora em outra localidade (bairro, cidade, estado ou país)? Alguma pessoa que você conhece esta passando por dificuldades humanas ou espirituais? Com muita unção e discernimento escolha um dos subsídios do DJC e envie para ela. Desta forma, você estará amando a vocação e missão do DJC e contribuindo como missionário e evangelizador.

Graça e Paz a todos.

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI

Amo o Discipulado: por isso sou contribuinte fiel.

“Quanto à coleta em favor dos irmãos, façam como eu ordenei às igrejas da Galácia. Todo primeiro dia da semana, cada um coloque de lado aquilo que conseguiu economizar; desse modo, vocês não precisarão esperar que eu chegue para fazer a coleta. Quando eu chegar, mandarei com uma carta minha aqueles que vocês tiverem escolhido para levar suas ofertas a Jerusalém. Se for conveniente que eu mesmo vá, eles farão a viagem comigo” (1Cor 16,1-4).

“Entretanto, qualquer que seja o ponto a que chegamos, caminhemos na mesma direção” (Fl 3,16). Esta era a orientação que São Paulo dava aos primeiros cristãos. Com estas palavras o Apóstolo queria manter acessa a chama do primeiro amor no coração daqueles que haviam feito a sua opção fundamental por Jesus.

Uma das grandes tentações que nos rodeia todos os dias, e que pode atrofiar de uma vez por todas a caminhada cristã, é o esfriamento, a tibieza. Entramos em estado de tibieza, em outras palavras, quando não fazemos mais o que deveríamos fazer com amor, unção, parresia e, quando necessário, sacrifício.

Quase sempre que falamos em tibieza, nos referimos à dimensão da espiritualidade. De fato, tibieza é uma fraqueza, uma preguiça espiritual. Mas como todas as dimensões de nossa vida estão intimamente inter-relacionadas, de tal forma que não podemos separá-las, é importante também frisar que existem conseqüências negativas desta fraqueza espiritual, pois, a bem da verdade, toda falta ou pecado cometido é fruto de uma espiritualidade que há muito vinha se arrastando e sendo carregada a meio toque.

Queria agora escrever um pouco sobre as conseqüências nefastas da tibieza sobre algumas coisas práticas e imprescindíveis da caminhada discipular, particularmente no que se refere à vida e missão do DJC.

A primeira delas, e uma das mais importantes, é o deixar de contribuir financeiramente mensalmente com a vida e missão do DJC através da Contribuição Fiel. Não que o dinheiro seja o mais importante. Sempre fomos ensinados que o mais importante é a própria pessoa. Mas se isso é verdade, é verdade também que uma conversão autêntica e madura passa pelo bolso.

Desde o começo do DJC sabemos que não existe valor estipulado para esta contribuição. Contribuímos de acordo com a nossa disponibilidade financeira e abertura do coração. Qualquer valor, dentro destes dois critérios mencionados, já é de grande valia.

Certamente, ninguém do DJC, por mais pobre que seja, esteja sem condições de pagar a sua contribuição fiel. Não é possível nem sequer argumentar que não tem dinheiro: é qualquer valor. O DJC não nos pede mais do que aquilo que podemos dar. Por isso, mesmo quem passa por dificuldades financeiras, tem condições de contribuir nem que seja com pouco.

No entanto, encontramos um caso grave que tem se repetido, para o mal de toda a obra, com certa freqüência. Pessoas que podem contribuir, não estão contribuindo. São pessoas que compram vários aparelhos eletrônicos, vão a passeios, a pizzarias e restaurantes, compram carros, motos, esbanjam dinheiro em shows e com amigos, mas simplesmente não contribuem com um centavo para a manutenção da Obra DJC.

Usam o espaço do DJC, com luz, água e espaço físico, mas nem são dão conta de que tudo isso custa caro. O DJC tem que angariar fundos para a manutenção e limpeza da casa (terreno), contas de água e luz, pagamento de IPTU, construções e ampliações que precisam ser feitas, prestações (de todas as naturezas) que precisam ser pagas e daí por diante. Tudo isso só se faz com dinheiro.

E dinheiro vem de algum lugar. Para as empresas vem do lucro que obtém. No caso do DJC, como é uma instituição sem fins lucrativos, aquilo que mantém a obra vem dos próprios membros e servidores, através da sua Contribuição Fiel. Sem ela corre-se o risco de comprometermos o trabalho de evangelização.

Não queremos dizer que as pessoas que trabalham não possam ir construindo o seu patrimônio e adquirindo aquilo que necessitam ou que desejam. Absolutamente, não se trata disso. Todos nós temos o direito (e a responsabilidade) de ir garantindo o nosso futuro e o sustento dos nossos entes queridos.

Mas por qual motivo vamos construindo este futuro? Sem sombra de dúvidas pensando no nosso próprio bem e no bem das pessoas que amamos. Certo? Por isso, se você pensa no bem do DJC deve ir tirando, daquilo que Deus lhe concede, um pouco para ajudar na construção desta obra. O seu pouco, com o pouco de outro e mais outro, vai favorecendo a manutenção desta obra maravilhosa.

Neste momento é preciso colocar a mão na consciência e refletir: que amor é esse que tenho pelo meu DJC? Vejo-o, muitas e muitas vezes, em sérios apuros financeiros e não movo nenhuma palha? Onde está o meu amor ágape, o meu amor doação? Será que é um amor que só ama enquanto não exige sacrifício e renúncia? Será que apenas uso aquilo que ele me oferece, mas eu mesmo não posso oferecê-lo o mínimo?

Lembre-se do que disse São Paulo: “todo primeiro dia da semana, cada um coloque de lado aquilo que conseguiu economizar”.

Com a ajuda do Espírito Santo e com muita humildade meditemos sobre estes questionamentos.

Graça e Paz a todos!

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI

Pedofilia: mídia e Igreja



“Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la” (Mt 16,18)

Pedofilia, etimologicamente, significa “amigo da criança”. No entanto, na prática, um pedófilo é um individuo, do sexo masculino ou feminino, que sente atração sexual por uma criança (portanto, esta atração, por si só, é algo doentio). Este indivíduo pode já ter alcançado a idade adulta ou ainda ser um adolescente.

As suas causas ainda são desconhecidas. Sabe-se apenas que, em alguns casos, pode haver uma correlação entre o ato de pedofilia e alguns condicionantes biológicos, sobretudo ligados às atividades cerebrais (falta de massa cerebral branca). Alguns pesquisadores, ainda, apontam para uma ligação entre abusos sexuais sofridos na infância e desenvolvimento da atração por crianças. No entanto, isso vem sendo contestado. Algumas outras pistas foram levantadas, tais como: baixa auto-estima, dificuldades de relacionamento social, QI baixo, graves ferimentos na cabeça que causaram perda de consciência, dentre outros.

A pedofilia, na maior parte dos países, se constitui num crime hediondo, ou seja, é algo “depravado, vicioso, sórdido, imundo, repelente, repulsivo, horrendo, sinistro, pavoroso, medonho, que cheira mal; fedorento”. Por isso, nenhum cidadão de bem pode coadunar com a idéia de que quem pratica tal ato deve ficar impune. Esta hipótese fica veementemente descartada por qualquer pessoa de bom senso.

Para os cristãos, tendo o evangelho e os ensinamentos da Igreja como balizas, esta possibilidade torna-se inexeqüível. Uma vez ficando comprovado, através de uma investigação séria e imparcial, que uma determinada pessoa, religiosa ou leiga, está envolvida num crime de pedofilia, o único caminho é a punição.

Porém, é importante destacar que os atos de pedofilia, na grande maioria dos casos são cometidos por pessoas bem próximas à criança, de maneira muito particular por parentes próximos. E também, na grande maioria dos casos, tais atos permanecem impunes, pois quase sempre são encobertos pela família e nem sequer são denunciados a policia.

Nas últimas semanas, tanto a mídia mundial como a nacional, quase que numa orquestração coincidente, tem mostrado casos de pedofilia em meios católicos. Catequistas, Padres e Bispos estão no centro de um turbilhão de denúncias. Agora, por último, a todo custo, querem atingir a figura do Papa Bento XVI.

Sabemos que por de trás desta sede de manchar a imagem do Papa esta a sede de manchar a imagem da Igreja. E por quê? Simplesmente porque a Igreja Católica, sendo a maior e mais importante instituição do planeta, tem se posicionado energicamente contrária à “cultura de morte” propagandeada por uma pequena parcela da sociedade atual: aborto, crianças anencéfalas, pesquisas com células tronco-embrionárias, pílula do dia seguinte, uso de preservativos, guerras e etc.

Atingido o Papa, sua principal autoridade, tenta-se tirar a credibilidade da Igreja. Mas será que é possível tirar a credibilidade de uma instituição que tem mais de dois mil anos de história e que realiza um trabalho religioso e social sublime e estupendo a nível planetário? Certamente, não.

Sem sombra de dúvidas, todos os envolvidos, apuradas as devidas participações e proporções, devem receber uma punição exemplar, de tal modo que possam pagar pelo mal que fizeram. Ninguém deve ser poupado, sobretudo aqueles que agiram de forma deliberada, fazendo o uso pleno de sua liberdade e consciência. Não se pode proteger ninguém, independente do cargo ou da missão que assumam dentro da Igreja. Isso seria claramente contrário ao evangelho e as leis vigentes, bem como do bom senso humano.

Outrossim, deve-se punir também outros tipos de pedófilos, espalhados nas mais diversas classes sociais: médicos, advogados, juízes, políticos, jornalistas, motoristas, pais, tios, irmãos e etc. A mesma sede de justiça que temos visto para com a Igreja tem que existir também para estas outras classes sociais, para não cairmos na ignorância da parcialidade ou do simples desejo de atingir alguém ou algo a qualquer custo, sem que nada seja comprovado ou sem lhes conceder amplo direito de defesa.

Por fim, rezemos sempre por estes nossos irmãos que, na sua fraqueza e libertinagem, estão envolvidos nestes casos abonáveis. Peçamos ao Senhor que guie sempre a sua Igreja, de tal forma que “as portas do inferno não prevaleçam sobre ela”.

Graça e Paz a todos.

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI

Em vasos de barro



A confiança é um tesouro. É um tesouro imaterial que sustenta e permeia tudo. Tudo depende da confiança que se pode ou não depositar em pessoas, sistemas e instituições. Até mesmo a economia - ancorada sempre na materialidade do que o dinheiro determina, compra e permite possuir como propriedade - depende dos fluxos e refluxos advindos dessa credibilidade.

O comprometimento da confiança é um desastre de proporções incalculáveis e, por vezes, irreparáveis. A forma como a pessoa trata a confiança atribuída a ela define a sua estatura, configura suas responsabilidades e sustenta seus papéis desempenhados nas instituições e nas diversas situações da vida social, familiar, religiosa e política.

A perda da confiança provoca uma crise que corrói bases e raízes – solapando a consistência e a sustentabilidade, particularmente aquela de caráter moral. Na verdade, a confiança é alavancada pela consciência moral regente na conduta pessoal e no exercício das responsabilidades que compõem o tecido das relações, gerando o merecimento da credibilidade.

A competência técnica, ou outra, não substitui nunca o tesouro da confiança. Esse tesouro é precioso e indispensável. Qualidade que envolve desde a credibilidade dos que representam o povo e são servidores públicos, por exigências próprias da política, da religiosidade ou de trabalhos prestados na vida social, até aquela situação familiar ou educacional, quando pais confiam suas crianças, desde a mais tenra idade, ao cuidado de babás ou de educadores.

A traição da confiança é um crime com graves consequências. A garantia para a credibilidade tem a consciência moral como ponto de apoio e de sustentabilidade. A confiança é comprometida quando a consciência moral é atingida por patologias ou por seduções e corrupções circunstanciais.

O tesouro é atingido frontalmente e como um terremoto devastador prejudica as relações interpessoais, as configurações da vida religiosa, social e política. A escolha de candidatos em eleição se define prescindindo da referência desse tesouro da confiança de que o candidato é depositário e que o torna merecedor de credibilidade.

O mesmo vale no exercício de variadas responsabilidades profissionais no conjunto de serviços prestados na sociedade: do profissional da saúde ao faxineiro, da babá ao juiz, do comerciante ao informante. De modo particular, esse tesouro da confiança é insubstituível no âmbito confessional religioso.

O tesouro da fé, com seus desdobramentos morais e suas significações que configuram condutas com exigentes performances próprias, não dispensa a credibilidade de que todo crente, religioso, consagrado deve ser merecedor. Qualquer comprometimento nessa esfera atinge frontalmente o tesouro da fé. Atinge-o não na sua essência, em razão de sua consistência própria.

Mas, alcança o depositário da indispensável credibilidade. Respinga e consome feições e configurações na instituição a que esta ou aquela pessoa pertence e atua. E exige posturas firmes e transparentes para que patologias, conveniências e conivências não gerem e presidam processos que possam prejudicar a beleza da confiança ancorada no tesouro da fé e da moral.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, na sua segunda carta, 4,7, adverte que "trazemos este tesouro em vasos de barro". O tesouro da fé e da moral tem sua consistência própria e sua força inigualável de sustentabilidade. Força essencial que dá sentido à vida e ilumina o horizonte de suas direções. Esse tesouro é carregado em vasos de barro. Esta advertência educativa feita pelo apóstolo Paulo, sublinha ele, é "para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós". O tesouro da confiança é a liga que dá consistência ao barro que configura e dá forma ao vaso depositário dos valores éticos, morais e da fé. Esses valores são tesouros imperecíveis. O vaso é de barro. Embora seja de barro, é indispensável que tenha a liga necessária - a credibilidade - para evitar o risco de rachar com facilidade. O ajuntar e o emendar cacos de vaso de barro é tarefa, muitas vezes, impossível. Esse horizonte situa o desafio enorme que a Igreja Católica vive no enfrentamento dos casos de pedofilia nos quadros da vida sacerdotal. Os incontáveis sacerdotes sérios, abnegados e merecedores de incondicional credibilidade estão atingidos. Está atingida a Igreja na sua tarefa de depositária do tesouro imperecível da fé e da moral, demanda insubstituível na sustentabilidade e continuidade da vida. É por isso, sobretudo, apesar da permissividade e do relativismo que encontramos na sociedade, que a crise tem proporções tão grandes.

O tesouro da confiança, particularmente nos que se consagram a serviço da fé e da moral, não admite fissuras. Configura-se a tarefa urgente de reparação, prevenção, expurgos desses quadros na Igreja. A essencialidade da fé e da moral exige depositários servidores de confiança.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte

Catequese de Bento XVI na Quarta-feira da Oitava da Páscoa 2010


Queridos irmãos e irmãs!

A tradicional Audiência Geral da quarta-feira é, hoje, inundada pela alegria luminosa da Páscoa. Nestes dias, de fato, a Igreja celebra o mistério da Ressurreição e experimenta a grande alegria que surge da boa notícia do triunfo de Cristo sobre o mal e a morte. Uma alegria que se prolonga não somente durante a Oitava da Páscoa, mas se estende por cinquenta dias até Pentecostes. Após as lágrimas e o desânimo da Sexta-feira Santa, e após o silêncio cheio de expectativa do Sábado Santo, eis o anúncio maravilhoso: "Verdadeiramente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!" (Lc 24, 34).

Essa, em toda a história do mundo, é a "boa notícia" por excelência, é o "Evangelho" anunciado e transmitido através dos séculos, de geração em geração. A Páscoa de Cristo é o ato supremo e insuperável do poder de Deus. É um evento absolutamente extraordinário, o fruto mais bonito e maduro do "mistério de Deus". É tão extraordinário a ponto de se tornar inenarrável naquelas dimensões que escapam à nossa capacidade humana de conhecimento e investigação. E, no entanto, esse é também um fato "histórico", real, testemunhado e documentado. É o acontecimento que funda toda a nossa fé. É o conteúdo central no qual cremos e o motivo principal por que acreditamos.


O Novo Testamento não descreve a Ressurreição de Jesus enquanto processo. Refere-se sobretudo aos testemunhos daqueles que encontraram Jesus em pessoa após sua ressurreição. Os três Evangelhos sinóticos nos relatam que aquele anúncio - "Ressuscitou!" - foi proclamado inicialmente por alguns anjos.

É, portanto, um anúncio que tem origem em Deus; mas Deus o confia imediatamente aos seus "mensageiros" para que o transmitam a todos. Assim, são esses próprios anjos que convidam as mulheres, que se dirigiram ao sepulcro de manhã cedo, a ir rapidamente dizer aos discípulos: "Ele ressuscitou dentre os mortos, e eis que vos precede na Galiléia; lá o verão" (Mt 28, 7). Desse modo, mediante as mulheres do Evangelho, aquele mandato divino atinge todos e cada um para que, por sua vez, transmitam a outros, com fidelidade e coragem, essa mesma notícia: uma boa notícia, prazerosa e portadora de alegria.


Sim, queridos amigos, toda a nossa fé se baseia sobre a transmissão constante e fiel desta "boa notícia". E nós, hoje, desejamos expressar a Deus nossa profunda gratidão pela incontável legião de crentes em Cristo que nos precederam através dos séculos, porque não menosprezaram o chamado fundamental de anunciar o Evangelho que haviam recebido. A boa notícia da Páscoa, portanto, requer o trabalho de testemunhas entusiastas e corajosas. Todo o discípulo de Cristo, também cada um de nós, é chamado a ser testemunha.

É esse o preciso, desafiador e emocionante mandato do Senhor Ressuscitado. A "notícia" da vida nova em Cristo deve resplandecer na vida do cristão, deve ser viva e ativa - no que a toca, realmente capaz de mudar o coração, a existência toda. Ela é viva, antes de tudo, porque Cristo mesmo é sua alma vivente e que lhe dá vida. Nos recorda São Marcos ao final de seu Evangelho, onde escreve que os Apóstolos "partiram e pregaram por toda parte, enquanto o Senhor agia junto com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam" (Mc 16, 20).


Os acontecimentos na vida dos Apóstolos são também os nossos e aqueles de todo o crente, de todo o discípulo que se torna "anunciador". Também nós, de fato, estamos confiantes de que o Senhor, hoje como ontem, trabalha em conjunto com suas testemunhas. Esse é um fato que podemos reconhecer cada vez que vemos brotar as sementes de uma paz verdadeira e duradoura, lá onde o empenho e o exemplo dos cristãos e dos homens de boa vontade são motivados pelo respeito à justiça, pelo diálogo paciente, pela estima convicta pelos outros, pelo desinteresse, pelo sacrifício pessoal e comunitário.

Infelizmente, vemos no mundo também muito sofrimento, tanta violência, tantas incompreensões. A celebração do Mistério pascal, a contemplação alegre da Ressurreição de Cristo, que vence o pecado e a morte com a força do Amor de Deus, é ocasião propícia para redescobrir e professar com mais convicção a nossa confiança no Senhor ressuscitado, que acompanha as testemunhas da sua palavra, fazendo maravilhas em conjunto com eles. Seremos verdadeiras e completas testemunhas de Jesus ressuscitado quando deixarmos transparecer em nós a maravilha do seu amor; quando em nossas palavras e, ainda mais, em nossos gestos, em plena coerência com o Evangelho, se poderá reconhecer a voz e a mão do próprio Jesus.


Para toda a parte, portanto, o Senhor nos envia como suas testemunhas. Mas o podemos ser apenas a partir e em referência contínua à experiência pascal, aquela que Maria Madalena expressa anunciando aos outros discípulos: "Eu vi o Senhor" (Jo 20, 18).

Nesse encontro pessoal com o Ressuscitado está o fundamento inabalável e o conteúdo central da nossa fé, a fonte inesgotável e inexaurível da nossa esperança, o dinamismo ardente da nossa caridade. Assim, a nossa própria vida cristã coincidirá plenamente com o anúncio: "Cristo Senhor ressuscitou verdadeiramente". Deixemo-nos, por isso, conquistar pelo fascínio da Ressurreição de Cristo. A Virgem Maria nos sustente com sua proteção e ajude-nos a desfrutar plenamente da alegria pascal, para que saibamos levá-la a nossa volta e a todos os nossos irmãos.


Mais uma vez, Feliz Páscoa a todos!

Papa Bento XVI

fonte: Canção Nova