Como a Igreja se organizou e se manteve ao longo dos séculos?


“Dou testemunho diante de vós: eu não sou responsável se alguém se perder, pois não deixei de vos anunciar todo o plano de Deus a vosso respeito. Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como guardiães, como pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o seu sangue” (At 20,27-28)

Os primeiros cristãos (inspirados pelos ensinamentos e pelo exemplo do próprio Jesus), sobretudo na pessoa dos apóstolos e depois dos primeiros padres, tinham uma preocupação muito grande: estruturar bem o trabalho de evangelização, de tal modo que este pudesse permanecer até mesmo depois da morte deles.

E vejamos só no que deu esta preocupação: em pleno século XXI a Igreja de Cristo, apesar de tudo, permanece firme e forte na sua missão. Tudo isso graças à visão daqueles homens, iluminados pelo Espírito Santo, que enxergavam na estruturação o melhor caminho para que o evangelho do Senhor fosse propagado a todas as gentes conforme Ele mesmo havia pedido (Mt 28,19)

Por algumas passagens do livro dos Atos dos Apóstolos e alguns escritos antigos é possível notar que eles, mas do que falar em fundação de alguma comunidade (e mesmo depois que fundavam) davam grande atenção à continuidade do trabalho de evangelização (At 1,21-22).

Bem sabiam que nenhum trabalho se sustenta só de intenção ou de um desejo que nunca se concretiza no dia-a-dia. Sabiam mais ainda que, por ser um trabalho extremamente difícil, a missão evangelizadora precisava ser constantemente irrigada com muita paresia e com pessoas certas para serviços certos capazes, se necessário, de dar até mesmo a vida pela causa do Reino de Deus.

Por isso, os apóstolos tomaram três decisões.

A primeira delas é que eles seriam os primeiros a darem testemunho da ressurreição do Senhor, mesmo que isso representasse para eles açoites e morte. E fizeram isso com muita lucidez e alegria (At 5,41). Queriam com este ato torna-se referência para os outros que labutavam pela mesma causa. Queria demonstrar que era possível sacrificar-se, até a morte, pela causa de Jesus. Isso passa pelos séculos até os dias atuais: se quem está evangelizando não for o primeiro a dar testemunho, todo o trabalho de evangelização, mesmo que disponha de todos os meios humanos possíveis, fracassará, pois estará faltando o testemunho pessoal que arrasta multidões e inibe a fofoca dos inimigos e invejosos (2Pd 2,11-12).

A segunda é escolher pessoas certas para serviços e ministérios certos (At 6,1-7). Pessoas que tivessem compromisso e disponibilidade para o anúncio da Palavra. Além disso, deviam ser pessoas com reputação ilibada (incorrupta, sem manchas) e com muito amor a Jesus e à Igreja (At 3,1-2). Portanto, logo de início, aquelas pessoas interesseiras, sem comunhão total com a obra de Jesus, mentirosas e que só gostavam de aparecer, eram descartadas (At 5,1-11).

A terceira era escrever, em forma de compilação, tudo aquilo que Jesus tinha ensinado e que o Espírito Santo havia revelado (Lc 1,1; Jo 21,24). Desta forma, eles resolviam três problemas: tinham um conteúdo único para o anúncio da Palavra; esta palavra, agora compilada, podia chegar a lugares longínquos; e, com o anúncio básico nas mãos, os evangelizadores tinham como se livrar dos falsos profetas que queriam pregar a sua própria verdade e não a sã doutrina deixada por Jesus.

Estas três atitudes garantiram a permanência da Igreja ao longo dos séculos. E olha que não foram somente flores no caminho. Muitas pedras e espinhos, cultivados dentro e fora da Igreja, tiveram que ser removidos.

Mas tudo isso só foi possível porque a base havia sido lançada (primeiro pelo próprio
Jesus e depois pelos apóstolos e seus sucessores). E os que vieram depois deles aprenderam tudo isso. E isso é feito até hoje.

É isso que, como DJC, precisamos aprender, pois tais atitudes minimizam os insucessos e maximizam os sucessos na evangelização. Quem manda é o Espírito Santo. Os apóstolos sabiam disso. Por isso, quando tomavam uma decisão eles sempre diziam: "nós e o Espírito" (At 15,28). Mas eram também conscientes que precisavam fazer a sua parte. E isso, com a ajuda de muitos outros, fizeram muito bem.

Caminhemos nesta direção.

Graça e Paz a todos.

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI