A doutrina da redenção segundo o espiritismo


Este é parte do ensinamento que esta sendo proposto pela "onda de espiritismo" que ora se espalha em nosso país. Com muita serenidade e discernimento, firmes em Cristo, é preciso renunciar a tudo aquilo que não seja proveniente de Jesus, da Palavra de Deus e dos Ensinamentos da Igreja


"É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que ele derramou profusamente sobre nós", explicava são Paulo aos efésios (1,7).

Nossa redenção pela paixão, morte e ressurreição de Jesus é outra verdade fundamental da fé cristã. Nisso consiste propriamente a "boa nova" ou o "evangelho". Mas nem esta verdade tão central entra no credo espírita de Allan Kardec.

Segundo ele cada um deve ser seu próprio redentor através do sistema das reencarnações. Por isso no espiritismo a soteriologia (ou doutrina sobre a redenção ou salvação do homem) é deslocada da cristologia para a antropologia. Leão Denis o enuncia cruamente quando escreve: "Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo 'de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. É o que os espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo" (Cristianismo e espiritismo, p. 88).

E o Reformador, órgão máximo da propaganda reencarnacionista no Brasil, ensina em seu número de outubro de 1955 (p. 236): "A salvação não se obtém por graça nem pelo sangue derramado por Jesus no madeiro", mas "a salvação é ponto de esforço individual que cada um emprega, na medida de suas forças". Daí esta doutrina de Allan Kardec: "Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes" (V, 88).

Ele reconhece a necessidade e o valor do arrependimento; mas este arrependimento não basta ao pecador para obter o perdão divino. Segundo ele, a contrição é apenas o início da expiação e tem como conseqüência o desejo de "uma nova encarnação para se purificar" (I, 446). "O arrependimento concorre para a melhoria do espírito, mas ele tem que expiar o seu passado" (I, 448); "o arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve" (I, 450); "o arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação" (V, 90); e a graça é coisa que não existe porque "seria uma injustiça" (IV, 76).

No livro Roma e o Evangelho (5ª - ed.), o espírito de "Maria" dita estas palavras: "Jesus Cristo não podia, nem quis assumir todas as responsabilidades individuais, contraídas ou por contrair, emanadas dos pecados dos homens, e muito menos podia, pelo sacrifício da sua vida, remir a humanidade da pena de desterro a que fora condenada... A redenção da humanidade não se firma, pois, nos méritos e sacrifícios de Jesus, e, sim, nas boas obras dos homens... Que cegueira! Quanta aberração! Supor e afirmar que os sofrimentos e a morte do Justo foram ordenados do alto, em expiação dos pecados de todos, é a mais orgulhosa das blasfêmias contra a justiça do Eterno".

Espiritismo – orientação para católicos
Frei Boaventura Kloppenburg - 7ª ed. 2002