O cristão não é obrigado a disputar um cargo político. Isso fica a critério de cada um, de acordo com o seu projeto de vida e jeito para a coisa. No entanto, o cristão não pode ser uma pessoa apolítica ou despolitizada, avesso ou contrário a toda e qualquer forma de reflexão política. Isso seria impossível, uma vez que todos os direcionamentos da vida em sociedade passam por decisões políticas.

Assim sendo, refletir sobre o quadro político que ora se coloca no país é um modo de sairmos da alienação política e encarar de frente a difícil tarefa de escolher os nossos representantes pelos próximos 4 anos.

Começaremos esta reflexão pelo montante em dinheiro a ser gasto nesta campanha. Ele demonstra o quanto estes cargos públicos, verdadeiras “minas de ouro”, são disputados no nosso país.

Há alguns dias, os nove candidatos à presidência da república declaram o quanto devem gastar na campanha eleitoral deste ano. Ao todo serão gastos mais de 463 milhões de reais.

Pensando bem é muito dinheiro a ser gasto. Mais isso representa apenas a ponta do iceberg. Estamos falando apenas do caixa 1, ou seja, daquele dinheiro que foi declarado à justiça eleitoral. O caixa 2, ou seja, o dinheiro não declarado, deverá representar um montante muito maior. É isso que temos visto nas últimas campanhas eleitorais.

O candidato que vai gastar menos, de acordo com o que foi declarado, é Rui Pimenta (PCO). Ele garante que vai gastar até 100 mil reais. E disse ainda possuir um patrimônio de 80 mil reais. O candidato Zé Maria (PSTU) declarou um patrimônio de apenas 16 mil reais e que pretende gastar 300 mil reais.

O patrimônio declarado de Mariana Silva (PV) é de quase 150 mil reais. O do seu vice, o empresário Guilherme Leal (proprietário da Empresa Natura), é de mais de 1 bilhão de reais. De acordo com o TSE o PV vai gastar até 90 milhões na campanha presidencial deste ano.

A candidata Dilma Rousseff (PT) declarou um patrimônio de pouco mais de 1 milhão de reais. Já o seu vice, Michel Temer declara possui um patrimônio de mais de 6 milhões de reais. A coligação pretende gastar nesta campanha um valor de 157 milhões de reais. É o segundo maior orçamento para a campanha deste ano.

A maior previsão de gastos é do PSDB. A coligação pretende gastar 180 milhões de reais. Jose Serra declara bens de quase 1 milhão e meio de reais. O patrimônio do seu vice (Índio da Costa - DEM) é praticamente o mesmo.

O valor declarado pelos outros candidatos completa o valor de 463 milhões de anos.

Como cristãos devemos ficar com os olhos bem abertos, pois quem gasta um montante desse, já deve pensar como vai resgatar este dinheiro ou retribuir àqueles que estão contribuindo. Na verdade a corrupção no Brasil já começa neste momento. Quem ganhar vai tirar “o que investiu”. Isso é uma pena, mas é pura verdade.

Por isso, sobretudo a CNBB, tem se preocupado em repassar orientações práticas, de acordo com os princípios éticos e morais da fé católica, quanto à postura dos cristãos (e cidadãos de modo geral) frente ao pleito de outubro. A igreja, como mãe, esta tentando nos mostrar o caminho certo.

Para não cairmos em falsas promessas, ou até mesmo em contradição com a nossa fé, é necessário muito discernimento e espírito crítico. A nossa fé deve iluminar a nossa escolha eleitoral.

Graça e Paz!

Francisco Edmar de S. Silva
MGDI