Dicernimento na Caminhada Cristã I


“Apenas o homem, entre todos os seres vivos, pode gloriar-se de ter sido... dotado de razão, capaz de entendimento e discernimento, regulará sua conduta dispondo de liberdade e de razão, na submissão àquele que tudo lhe confiou” (CIC nº 1951)

Certa vez, em uma de suas caminhadas, Jesus foi abordado pelos doutores da Lei e pelos fariseus. Eles lhe disseram: “Mestre, essa mulher foi pega em flagrante cometendo adultério. A Lei de Moisés manda que mulheres desse tipo devem ser apedrejadas. E tu, o que dizes?”(Jo 8,4). A pergunta, muito claramente, estava carregada de um desejo muito grande de pegar Jesus pela palavra ou por um ato qualquer e, deste modo, ter um motivo para acusá-lo e prendê-lo.

A situação para Jesus era muito complicada. Se ele dissesse que podia apedrejá-la estaria negando tudo àquilo que já tinha anunciado. Se, pelo contrário, afirmasse que não podia apedrejar estaria comprando uma grande briga com os fariseus, que tinham a lei de Moisés a seu favor.

No entanto, num momento tal delicado Jesus teve uma atitude inusitada. Ela, por si só, já começou a desconcertar os acusadores: “então Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo” (Jo 8,6). Porém, eles continuaram. Foi neste momento que Jesus disse: “Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra” (Jo 8,7). Frase espetacular. Todos ficaram olhando uns para os outros, sem palavras. Depois, um por um, a começar pelos mais velhos, foram saindo e deixando aquela mulher sozinha na companhia de Jesus (Jo 8,8). Com um simples ato e com uma simples frase Jesus continuou fiel à sua pregação e salvou a vida daquela mulher. Que discernimento perfeito.

Discernimento é isso: é fazer uma apreciação, julgar e decidir uma situação com os olhos da razão e, sobretudo, da fé. O cristão, ao fazer uso do dom do discernimento dos espíritos, está colocando o seu pensamento para ser guiado pelo horizonte maior e sublime da fé. Agindo desta forma, os seus passos estarão firmados na rocha que é Jesus e as decisões que tiver que tomar darão sempre bons frutos.

No entanto, para melhor compreender esta passagem do evangelho acima citada, peço que retomemos o começo do capítulo 8 do evangelho de São João. Dois fatos são significativos.

O primeiro deles é que Jesus havia ido ao monte das oliveiras (Jo 8,1). O monte das oliveiras era um dos lugares preferidos de Jesus para a oração. Lá Ele encontrava um espaço propício para uma conversa pessoal e profunda com o Pai. Foi o lugar escolhido pelo Senhor para, diante da grande dor de sua vida terrena, pedir ao Pai que lhe ajudasse (Lc 22,39).

O segundo, e não menos importante, é que no exato momento que trouxeram à mulher até Jesus Ele estava ensinando (Jo 8,2). Cheio do Espírito Santo, e como de costume, Jesus estava ensinando, falando ao povo a respeito das maravilhas do Reino de Deus. Foi no momento do ensinamento que Jesus foi exigido a agir.

São estes dois pilares (oração e ensinamento) que devem sustentar o nosso discernimento cristão. Aprendendo com o Mestre, esse é o caminho que devemos trilhar, pois estas situações ocorrem também conosco. Em nossas pregações e formações, bem como nos nossos acompanhamentos personalizados somos exigidos, por circunstâncias extremamente variadas, a tomar uma posição, a orientar de acordo com os ensinamentos de Cristo e da Igreja. E, seguindo os passos de Jesus, temos que ter as palavras e atitudes certas para os momentos certos.

No próximo texto entraremos mais detalhadamente na realidade de discernimento na caminhada DJC.

Graça e Paz!

Francisco Edmar
Ministro Geral de Desen. Integral

Devemos valorizar os que são de casa


“Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, saiu desse lugar, e voltou para a sua terra. Ensinava as pessoas na sinagoga, de modo que ficavam admiradas. Diziam: «De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram conosco? Então, de onde vem tudo isso?» E ficaram escandalizados por causa de Jesus. Mas Jesus disse: «Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família.» E Jesus não fez muitos milagres aí, por causa da falta de fé deles”. (Mt 13,53-57)

A Igreja é, na terra, a grande família dos filhos de Deus. No sangue de Cristo formamos uma unidade de fé, de tal forma que não podemos pertencer à sua Igreja e permanecermos, individualmente ou coletivamente, isolados. Simplesmente não prosperaríamos e o nosso trabalho de evangelização perderia o seu sentido. Só encontramos a razão de ser da nossa evangelização, a “seiva elaborada” do “ser e fazer discípulos”, dentro da unidade eclesial.

Mesmo que isso nos custe muito, dada a complexidade que envolve as relações humanas, deveremos sempre cultivar a dimensão da eclesialidade, seja com as pastorais instituídas pela Santa Mãe Igreja, seja com os diversos outros organismos que dela fazem parte. Esta é uma verdade inconteste desde os inícios do DJC. Repito apenas para puder alicerçar a reflexão que pretendo fazer, uma vez que, nem sempre, conseguimos diferenciar unidade (acima exposto) de uniformidade.

A Igreja pede de todos os seus organismos uma unidade na diversidade e não uma uniformidade. Se assim não fosse a própria Igreja perderia a sua beleza e, porque não dizer, a sua eficácia na evangelização, pois se ela consegue chegar aos mais longínquos lugares e aos mais variados setores da sociedade é porque se vale, justamente, da sua diversidade carismática, animada pelo próprio Espírito Santo.

Não confundir unidade com uniformidade significa, antes de tudo, “saber quem somos e para onde queremos ir”. Significa, portanto, ter identidade. E a identidade só é cultivada no calor das relações e na vida de oração da própria comunidade de fé. É cultivada, ainda, na valorização e respeito pelos irmãos de caminhada, vendo-os com os olhos de Cristo, enxergando-os como eleitos de Deus para uma missão própria.

Se nós não valorizarmos os que são de casa, ou seja, quem está mais próximo a nós, quem virá fazer isso em nosso lugar?

Nenhum Organismo da Igreja cresce somente dependendo de ajuda de fora. Qualquer que seja o nível de organização ele tem que ter pessoas certas para coisas certas, pois “o que fica com todo mundo não fica com ninguém”. Não que a ajuda de fora, por si só, seja ruim. Isto, desde sempre, já ficou bem claro para todos nós. Aprendemos com tudo de bom que a Igreja nos oferece. No entanto, se os outros lugares têm algo de bom para nos oferecer é porque um dia os carismas foram cultivados e as pessoas foram valorizadas. O DJC precisa trilhar o mesmo caminho. Foi para isso que fomos constituídos pelo Senhor Jesus.

Portanto, a grande questão que quero colocar para nossa meditação, é que o DJC quer permanecer, até a Parusia de Jesus, como Movimento Católico de evangelização. Para tanto, precisa formar uma Equipe de Servidores (sejam eles DCAs ou não), espalhados nos Apostolados e Discipulados Específicos que, fazendo uso do carisma concedido por Deus, sejam capazes de edificar a Igreja através do seu serviço dento do DJC.

E a formação desta Equipe de Servidores passa, necessariamente, pela valorização daqueles nossos irmãos e irmãs aos quais Deus concedeu um carisma específico (seja ele de música, oração, pregação, liturgia, acolhida, ambientação e etc).

E valorizar uma pessoa que recebeu um carisma quer dizer colocá-la para servir. Uma vez comprovado que a pessoa tem o carisma, ama o DJC e valoriza a sua identidade, nada mais justo e sábio do que colocá-la para servir e edificar o Reino de Deus através do seu ministério dentro do DJC. É no exercício do seu carisma que o discípulo vai crescendo na Graça de Deus. Quando não agimos desta forma acabamos por reprimir o Espírito Santo e, conseqüentemente, desvalorizando a ação de Deus em nosso meio. E, no final, quem mais perde é o próprio DJC.

Por isso, cada Conselheiro e Coordenador, com muito discernimento, deve valorizar os carismas que Deus nos deu. Dentro do próprio DJC já são vários os casos que, sem ninguém dá nada por determinada pessoa, ela despontou e hoje é uma benção para todos nós.

É importante ficar bem claro que nossa missão só será sustentada se continuarmos formando novos discípulos para Jesus. A própria Igreja de Jesus só está no meio da humanidade até hoje por conta disso. Foi o próprio Jesus quem iniciou esta santa dinâmica quando, sabendo que iria ser entregue, escolheu doze Apóstolos que deram formaram o primeiro núcleo da Igreja (Mc 3,16). Os Apóstolos, seguindo os passos de Jesus, fizeram a mesma coisa (At 1, 15-25). Existiam na época de Jesus, sem sombra de dúvidas, pessoas mais capacitadas, com o discurso mais bonito. No entanto, o Senhor só poderia contar com aqueles pobres homens. E, na sua misericórdia, Deus os auxiliou.

Devemos ter no nosso coração esta mesma mística de multiplicação de discípulos. Essa é a nossa missão específica como Movimento Católico de Evangelização (2Tm 2,1-2). O Discipulado só irá crescer e permanecer até a Segunda Vinda de Jesus se formos capazes de fazer isso. Caso contrário, quando os mais antigos começarem a morrer, o DJC poderá morrer com eles. Deus nos livre desta desgraça!

É só colocar na cabeça que não somos insubstituíveis e nem eternos. Não podemos cair no pecado dos moradores da Cidade de Nazaré (cidade natal de Jesus). Lá foi o único lugar que Jesus não realizou milagres pela falta de fé deles na pessoa de Jesus, pelo simples fato de ele ser seus conterrâneos. Esta atitude deixou Jesus muito triste (Mt 13,53-57).

As pessoas que estão mais próximas a nós devem ser as mais valorizadas. Mesmo com todos os pecados e fraquezas são elas que no dia-a-dia estão conosco, nos ajudando na missão. Isso não nos incentiva à divisão ou ao fechamento e isolamento. Pelo contrário, é uma exortação para que possamos cumprir, de todo coração e com toda a unção, a missão que nos foi confiada por Jesus Cristo.

Graça e Paz a todos!

Francisco Edmar de S. Silva
Ministro Geral de Desenvolvimento Integral

O jovem precisa de referências


"Um jovem se aproximou, e disse a Jesus: «Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?" (Mt 19, 16)

Todos nós, independente do estágio de vida onde nos encontramos, precisamos de boas referências para encaminhar a nossa vida pelos caminhos corretos da vida e da fé. Más referências, num primeiro momento muito coloridas e atraentes, pouco tempo depois se mostram incapazes de preencher o nosso ser da verdadeira paz e alegria que brotam do coração de Jesus.

No entanto, é inegável, tanto do ponto de vista psicológico como espiritual, que os jovens carecem muito mais destas boas referências. Quando nos encontramos nesta fase da vida pensamos ser super-heróis, que tudo e todos estão errados e que somente nós somos portadores da verdade e da razão. Esta euforia juvenil pode nos induzir a trilhar caminhos tortuosos, que não raras vezes não têm volta.

Por isso, boas referências são fundamentais para um desenvolvimento juvenil equilibrado. Elas possuem o seu fundamento no convívio familiar, mas também devem ser repassadas pela escola, pela Igreja, pela mídia e etc. Infelizmente, algumas destas instituições não estão correspondendo à sua responsabilidade.

Grande parte das famílias não possui mais o senso do divino e, portanto, não consegue repassar os bons valores que vão nortear um crescimento maduro e saudável do jovem. Bombardeada pelos pelas ‘miragens de felicidade’ do mundo moderno, ela nem sempre coloca em prática a sua missão educadora. Por isso, não é a toa que a violência, dentro e fora de casa, tem aumentado de modo assustador nas últimas décadas, a despeito da melhoria das condições de vida e das facilidades da vida moderna.

A escola, espaço da educação formal, também abicou da vocação de transmissão dos bons valores aos jovens. Não querendo ser vista como uma instituição retrograda assume uma postura ‘moderna’, em detrimento de uma formação humana mais aprofundada de seus alunos. Muitos professores e dirigentes escolares demonstram aversão completa a qualquer modelo de ensino que não “esteja na moda”. Na sua ignorância simplesmente repetem para os seus alunos o modelo de sociedade falida que está em vigor.

A mídia, por sua vez, patrocinada pelas grandes corporações empresariais, tem tentado, a todo custo, alardear um estilo de vida meramente hedonista e consumista. Não há na TV brasileira, com exceção de alguns canais estatais e de canais administrados por entidades religiosas, uma programação que estimule os jovens a cultivarem uma responsabilidade pessoal e coletiva, bem como um crescimento, em todas as dimensões, sadio e equilibrado.

Pelo contrário, a programação tem estimulado de modo ininterrupto o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro (meio caminho andado para drogas mais pesadas), a competição a todo custo, o descompromisso com o namoro e o casamento, uma vida sexual desregrada, uma vida pautada em festas e orgias, preocupação apenas com a vida profissional e etc.

Apesar de excelentes experiências, alguns setores da Igreja, por seu turno, nem sempre têm se colocado como deveriam na educação e formação dos jovens. As pastorais, grupos e movimentos dedicados à evangelização dos jovens nem sempre propagam uma mensagem diferente daquela que é alardeada pela sociedade. Muitas das vezes falta coragem e parresia para anunciar aos nossos jovens que existe uma possibilidade, sem perder a riqueza desta fase da vida, de uma vivência pessoal e social diferente.

O fracasso da evangelização da juventude, na maior parte das vezes, é fruto da falta de amor (é isso mesmo) de quem está com o leme da evangelização na mão, pois se o capitão do barco não encoraja os seus marinheiros a se sacrificarem para que o barco não naufrague, como esperar que eles acordem para a realidade em que estão metidos?

Da mesma forma se, no trabalho de evangelização, a pessoa que está à frente não é a primeira a demonstrar felicidade e alegria naquilo que faz, como esperar que os outros se entusiasmem pela mesma causa? Se o responsável sempre está atolado de coisas para fazer e destina somente o sobejo do seu tempo para a evangelização, como esperar que os demais membros deixem de lado os seus afazeres terrenos (e, portanto, passageiros) para se dedicarem aos afazeres celestes (fundamento dos primeiros)? Se não há uma busca pela novidade inspirada pelo Espírito Santo, como esperar que a evangelização não afunde na mesmice? Se não há uma pescaria constante como não esperar que, em termos quantitativos, a FVC vá definhando? E assim sucessivamente.

Estes são apenas alguns questionamentos. Existem vários outros. Quem está com ‘o leme na mão’ deverá se preocupar com eles, buscando sempre a solução.

Se quem está à frente da evangelização não se torna, por meio de palavras e ações, referência para os demais jovens, o trabalho de evangelização esbarra na mesmice, na falta de motivação e testemunhos vivos. E, aos poucos, todos vão se dispersando: uns mudam de igreja... outros de movimento ou pastoral... outros ainda, o que é pior, abandonam completamente a fé e enveredam pelos caminhos da perdição... outros permanecem, mas sem grandes motivações.

É necessário ter muita coragem, unção e parresia para, a partir de Cristo e dos ensinamentos da Igreja, oferecer um SANTO CAMINHO aos jovens. O DJC Jovens não poderá abdicar desta sua prerrogativa.

O Discipulado no seu conjunto espera muito do DJC Jovens. É dele que sairão os novos evangelizadores, pregadores, ministros de oração, coordenadores, conselheiros, acompanhantes locais e etc.

Que o Senhor ilumine o DJC Jovens na sua missão específica. Que Maria interceda por cada jovem para que perseverem nos caminhos santos. E que São Paulo, o apóstolo missionário, interceda por cada coordenador e conselheiro para que possam evangelização com toda unção, amor e parresia.

Graça e Paz!

Fugi da ganância II



Em continuação a nossa meditação sobre a situação de miséria dos filhos de Deus, fruto da ganância de poucos, muitos pessoas dizem: isso é dever do estado.

Pode até ser, mas o estado, em si mesmo é uma abstração jurídica, que, sem povo, não passa de teoria. O estado, nada mais é, do que uma entidade jurídica, composta de leis e regulamentos, que regem um determinado espaço geográfico que é reconhecido pelos demais países como uma entidade soberana.

Não existiria estado se não existisse o ser humano. O estado, tal qual como conhecemos, é uma criação humana. Um cavalo ou uma vaca não cria e nem administra um estado. Não cria leis e regulamentos além daqueles que já estão gravados dentro do seu instinto animal de sobrevivência.

Se o estado inexistiria na ausência da espécie humana, logo a responsabilidade pelo bem de todos é de todos nós, seres humanos.

Se pessoas passam fome é porque somos complacentes. Se pessoas morrem nas filas de espera de hospitais é porque somos cúmplices. Seja de modo direto (autoridades legalmente constituídas) ou indireto (cada um de nós), toda a sociedade tem culpa na desgraça de muitos que, nem para mais nem para menos, são exatamente iguais a nós perante Deus e, até mesmo, perante o tão propalado estado de direito.

E por que nada é feito? Falta de vontade, falta de luta e falta de empenho coletivo. É cada qual cuidando do seu umbigo, dos seus interesses, do seu patrimônio, do seu bem estar.

E os outros? Os outros são sempre os outros e não eu. Ele que se cuide. Ele que busque o seu “lugar ao sol”. Ele que, através do seu trabalho e da sua dedicação, faça por merecer! Esta é a mentalidade reinante, mesmo entre alguns cristãos (E o Cristo nos ensinou?).

Só agimos desta forma porque não se trata de alguém da sua família, de uma pessoa que você conhece e ama. Quando isso ocorre logo fazemos tudo que está ao nosso alcance. Mas será que, mesmo sem muitas posses, não poderíamos fazer algo mais. Ajudar um vizinho, um parente. Se todos nós fizéssemos um pouquinho a mais será que haveria tanta fome e miséria?

O sistema, meu irmão, é cruel. Os poucos ricos vivem da pobreza de muitos. E isso se explica por um princípio físico-matemático: para ter muito em um lugar é necessário ter pouco em outro. Se só existem dois sapatos (um par) eles não poderão calcar quatro pés. É algo lógico, mas que poucas pessoas falam.

E quando alguém quer ser diferente? É doido. Não está pensando no futuro. Não está enxergando a realidade tal como ela é. É, simplesmente, excluído do seu grupo de amigos.

Se isso não for feito de modo claro, é feito de modo implícito, através de colocações maliciosas, revestidas de raríssima inteligência.

Às vezes fico pensando onde vamos parar. Pensando se sempre foi assim e se nada vai mudar. Chego à triste conclusão que desde que o homem é homem (mais precisamente desde o momento que se afastou do Criador) ele é assim. E caso não haja uma conversão coletiva que comece em cada coração, nada vai mudar. Tudo continuará como está. E porque não dizer que, por tudo aquilo que temos visto, vai piorar. Não se trata de uma visão pessimista ou apocalíptica, mas de uma leitura da realidade. Posso estar errado, mas está é a minha visão.

Vejamos bem o que Jesus falou: “ATENÇÃO! TENHAM CUIDADO COM QUALQUER TIPO DE GANÂNCIA. PORQUE, MESMO QUE ALGUÉM TENHA MUITAS COISAS, A SUA VIDA NÃO DEPENDE DE SEUS BENS” (Lc 12, 15).

Esta passagem da Sagrada Escritura está em letras garrafais e em negrito para que nenhum de nós esqueçamo-nos disso. Como cristão não podemos agir de modo diferente do nosso mestre, pois incorreremos em contradição performativa.

Tenhamos o básico para viver e procuremos, no possível, e em alguns casos no impossível, ajudar aos nossos irmãos, pois somos filhos do mesmo Pai e companheiros de Pátria Celeste. Parece simplório e repetitivo, mas se cada um de nós fizermos um pouquinho tudo será transformado.

Por fim me pergunto se não estou sendo apelativo demais. No entanto, penso que podemos ser apelativos de dois modos. O primeiro é fazendo uso de algo mentiroso. E o segundo é fazendo uso de algo real. Como tenho consciência de que se trata do segundo fico mais a vontade. Além disso, apelo é sinônimo de invocação, chamamento, convite ou sugestão para se prestar auxílio. E se é desta forma sejamos todos apelativos.

Encerro com uma pequena história real que vivenciei em sala de aula.

Outro dia desses, numa aula, estava falando da concentração de renda. Explicava que parecia absurdo um jogador de futebol ganhar mais de 1 milhão de reais por mês. Antes de terminar o meu raciocínio um aluno replicou: mas ele merece professor. Veja bem a frase: ele merece. Diante da intervenção se abateu sobre mim dois sentimentos: tristeza e compaixão.

Tristeza porque demonstra um certo grau de ignorância de uma pessoa que está numa sala de aula e, supostamente, deveria ter mais consciência da realidade que o cerca. Compaixão porque é um sentimento cristão e, ao mesmo tempo, que brota do coração de todo professor diante de algumas situações.

Logo depois perguntei a ele: quanto o seu pai ganha por mês? – ele respondeu: um salário mínimo. Prossegui: ele trabalha quantos dias por semana? – de segunda a sábado. De que horário? – de oito da manhã às cinco da tarde.

Os sentimentos aumentaram. É muita cegueira.

Aí perguntei: já que você me respondeu que o jogador merece, pergunto se o seu pai não merece? – ele respondeu: acho que sim. Ô meu Deus! Quanta ignorância! E por que ele não ganha? – ele não soube responder.

Onde vamos parar?

Depois fiquei sabendo que é o salário mínimo que o seu pai recebe ainda vem com descontos. Desta forma, ao final do mês, ele não recebe nem sequer um salário mínimo completo. Porém, mesmo este fato não é suficiente para abrir os seus olhos. Que pena.

Mas, infelizmente, a sociedade apregoa que está tudo bem. Que não tem nada demais. Entretanto, como cristão, sabemos que tem sim muita coisa. Muita coisa errada que precisa ser modificada.

Que o Senhor Jesus nos ajude a fugir da ganância que gera, por onde passa, desgraça na vida de muitos, em detrimento da boa vida de poucos.

Graça e Paz.

Fugi da ganância I


“Depois Jesus falou a todos: “ATENÇÃO! TENHAM CUIDADO COM QUALQUER TIPO DE GANÂNCIA. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens.” E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus” (Lc 12,15-21).

Você já parou para pensar quantas pessoas passam fome no planeta terra? Quantos irmãos e irmãs nossos morrem todo dia por inanição (por falta de alimentação)? Quantas morrem porque não tem como pagar um tratamento médico adequado? Quantas pessoas padecem porque não possuem uma moradia digna ou um trabalho que não os explore até a exaustão?

Como você é uma pessoa inteligente e antenada nas notícias que correm pelo mundo através dos meios de comunicação, acho que sim. Isso acontece todos os dias em várias partes do planeta. É só acessar os sites de notícias e de ONG’s, bem como buscar vídeos e fotos na internet e lá estão estas cenas horrendas, de partir o coração de qualquer um.

Talvez perto da sua casa, de modo menos claro, aconteça isso. Talvez você já tenha ouvido falar de algo parecido no seu bairro, na sua cidade. Sobretudo quem mora em grandes centros urbanos, certamente, já deve ter se deparado com situações como essas.

Pois bem, vendo um destes programas veiculados na mídia me deparei com o quadro intitulado “As coisas mais caras do mundo”.

Custei para acreditar, mas a apresentadora dizia o seguinte: para os ricaços um esmalte (que custa R$ 2,50 no Brasil) chega a custar de 180 a 250 reais no mundo a fora. E explicava que o preço era tão alto porque é o mesmo esmalte usado pela atriz Angelina Julie. É algo padronizado e, pelo simples fato de ter sido utilizado por ela, vale uma fortuna. Que absurdo

Outra informação dava conta de que alguns hambúrgueres (que normalmente custam mais ou menos de 5 a 10 reais) chegam a ser comprados por R$ 300,00.

No entanto, isso não é tudo. O mais absurdo e, porque não dizer uma afronta a pobreza do mundo, vem agora.

Sapatos que podem custar R$ 300.000 reais (é isso mesmo).... doces que podem custar R$ 15.000... carros que chegam a custar oito milhões de reais pelo simples fato de serem estilizados.

Muitas pessoas não acreditam. Pesam se tratar apenas de marketing das empresas. Prefiro, porém, acreditar que neste mundo de ambição e desejo constante de ostentação tudo é possível. Caso contrário, não creio que fosse exposto em rede nacional.

Polêmicas a parte, a situação ao nosso redor cada vez mais se estraga. A situação é tão grave que muitos setores da sociedade já entraram em estado de putrefação moral. Só para citar um exemplo podemos nos referir à classe política. É um escândalo atrás do outro. Denúncias de corrupção, desvio de verbas, perseguição a adversários, assassinatos, processos licitatórios direcionados são apenas a ponta do iceberg da corrupção.

No entanto, também podemos citar os empresários que enriquecem às custas da morte lenta enfrentada pelos trabalhadores por conta das péssimas condições de trabalho, transporte, moradia, segurança, saúde, escola e etc. Depois vem os sindicatos, algumas entidades religiosas.....

A situação de pobreza só aumenta... aumenta a violência... falta de qualidade de vida...

O sistema é assim. E é assim porque o ser humano é assim: ambicioso, soberbo, gosta de ostentar e de quere ser mais do que os outros. E ele só é assim porque ainda não conheceu de verdade o mestre de Nazaré: Jesus Cristo.

Não se deixaram ainda vencer pelo seu amor e humildade. Pelo seu desejo de ajudar o próximo. Pela sua escolha preferencial pelos pobres e marginalizados.

Graça e Paz!

“Tratem o mal com o bem”




“Afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz e procure segui-la. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos estão atentos à prece deles. Mas o rosto do Senhor se volta contra os que praticam o mal” (1Pd 3,11-12)

O que geralmente encontramos diante dos nossos olhos hoje? Que realidade podemos observar em todos os recantos do globo terrestre, senão, numa primeira leitura, algo desanimador e desesperador?

A fotografia que tiramos do mundo em que vivemos é sem cor, sem brilho e cheia de cenas aterrorizantes e atemorizantes. São as mazelas do mundo.

No tempo da vinda de Jesus e nascimento da Igreja não era muito diferente: “Os homens desprezaram o conhecimento de Deus; por isso, Deus os abandonou ao sabor de uma mente incapaz de julgar. Desse modo, eles fazem o que não deveriam fazer: estão cheios de todo tipo de injustiça, perversidade, avidez e malícia; cheios de inveja, homicídio, rixas, fraudes e malvadezas; são difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, fanfarrões, engenhosos no mal, rebeldes para com os pais, insensatos, desleais, gente sem coração e sem misericórdia” (Rm 1,28-31).

De lá para cá pouca coisa mudou. Mudaram as formas de violências e depravações, mas não aquilo que as impulsiona: a maldade humana. E a maldade humana surge justamente quando o homem, usufruindo do seu livre arbítrio, afasta-se de Deus. A regra é simples.

Quando passamos a fazer uma reflexão desta realidade nasce em nosso coração e brota do nosso consciente outras interrogações, tais como: onde vamos chegar? O que fazer? Como cristãos qual deve ser a nossa postura?

Não são perguntas fáceis de responder e mesmo quando respondidas não são de fácil aplicação. Mas Palavra de Deus nos orienta. O certo é que como cristãos não podemos ser nem alienados e nem viver sem esperança numa luta sem sentido e com o sentimento de derrota antecipado.

São muitos os males: diversos tipos de violência, corrupção, falta de sentido para viver, dificuldades dentro da própria Igreja de Cristo, secularismo, relativismo religioso, tibieza dos discípulos e etc. Se fossemos enumerar tudo passaríamos um longo tempo.

No entanto, mesmo diante destas trevas, não podemos caminhar como se não tivéssemos a luz. Temos a Luz. Cristo é a luz do mundo (Jo 8,12). Cristo é a luz dos cristãos.

Embora não possamos e nem devamos ficar alienados diante de todas estas situações, muitas delas dramáticas e aparentemente sem solução, também não é do agrado do Senhor que façamos a mesma leitura histórica que é feita por aqueles que não têm fé, nem muito menos tenhamos na mente e no coração o desejo de encontrar a saída como eles estão tentando encontrar: pagar o mal com o mal. A Palavra de Deus nos ensina justamente o contrário: “tratem o mal com o bem” (Rm 12,21; 1Ts 5,15, 1Pd 3,11, 3Jo 1,11).

Se somos filhos de Deus a Palavra d’Ele é o nosso guia. Sabemos que não é fácil colocarmos toda a verdade e profundidade desta palavra dentro do nosso ser e, logo depois, em ação. Mas não podemos desanimar. Devemos continuar pedindo ao Senhor que ilumine os nossos pensamentos e os nossos sentimentos. Tudo isso para o nosso próprio bem e de toda a humanidade.

Caminhemos procurando a paz. “Que a graça e a Paz de Deus nosso Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre conosco” (1Cor 1,3).

Um abraço fraterno! Graça e Paz

Francisco Edmar de S. Silva - MGDI

Siloé, mais do que um simples encontro






Como está narrado no Evangelho de São João (Jo 9,1-11) o ambiente do Siloé está destinado à cura e libertação de todos aqueles que se encontram enfermos tanto no corpo, como na alma e no espírito.

O Novo Testamento, por todas as suas narrativas, e a interpretação realizada pela Igreja durante estes dois milênios, nos apresentam Jesus como o próprio Siloé, enviado pelo Pai para a salvação de todo o gênero humano.

Por isso o Siloé não é um simples evento a mais, ou uma mera data a ser cumprida dentro da Disciplina Comum do DJC Local. Embora ele seja realizado semanalmente (e por conta disso o encaremos com algo rotineiro) deverá sempre ser revestido de uma profunda mística, trazendo sempre no coração e na mente a importância e a necessidade do Siloé em nossas vidas e nas vidas de todos aqueles que, toda quarta-feira, vêm ao encontro de Jesus.

A começar pelo Acompanhante Local, passando por todos os servidores e membros do DJC, sempre deverá ser cultivada está mística: “o Siloé é um mergulho na Graça de Deus”. Caso contrário ele, ao cair nas armadilhas perversas da rotina e da falta de amor e motivação, perderá a sua razão de ser e não corresponderá a vontade de Jesus e nem a necessidade do povo de Deus.

Devemos, a cada quarta-feira, participar do Siloé com toda fome e toda sede de Deus. Em todos os momentos deverá resplandecer o rosto misericordioso de Jesus, de tal forma que os nossos irmãos sintam gosto de sair das suas casas.

Por toda a importância do Siloé estas orientações, que se seguem, são destinadas a quem serve no Siloé nos mais diferentes ministérios. Outrossim, servem também para todos os outros momentos de evangelização do DJC: sejam eles encontros de FVC, encontros de espiritualidade ou aprofundamento, retiros e etc.

Por isso é preciso que possamos reproduzir com todo zelo estas orientações, pois a evangelização deve ser realizada com toda unção, mas também com toda a técnica disponível, pois dentro do nosso coração deve existir o desejo profundo de uma “nova evangelização”.

1. Apostolado da Benção

- as orações (Devoção Mariana, Espírito Santo e Benção) devem ser ministradas de acordo com os direcionamentos do dia. Desde o primeiro momento quem vai ministrar oração deve prestar atenção naquilo que o Dirigente está direcionando, sobretudo, aqueles que ministram oração de Benção depois da pregação: a pregação deve direcionar a oração, senão fica algo sem sentido e sem continuidade. O Ministro de Oração deve rezar a pregação.

- oração é oração; pregação é pregação... Por isso é que cada momento tem o seu específico. Quem vai pregar não pode, ao mesmo tempo, querer ministrar oração. Da mesma forma quem vai ministrar oração não pode fazer uma nova pregação. Existe algo próprio na oração: pedir para o Povo de Deus ir repetindo (isso os ajuda a rezar); pedir para levantar as mãos, colocar as mãos no coração; pedir para que eles rezem com suas próprias palavras (esta atitude ajuda a espantar a tibieza); só ministrar músicas que tenham sido combinadas com o Ministério de Música e que se tenha a segurança em ministrar;

- o Ministério de Intercessão deve ficar todo reunido num lugar bem à frente para colocar em prática o seu carisma e para estar a disposição quando for solicitado pelo dirigente ou Ministro de Oração. É sua missão também encontrar um lugar bem visível e bonito para a caixa dos pedidos de oração.

- a Palavra de Deus, através do Ministério de Liturgia, deverá ser proclamada com toda a solenidade e beleza possíveis. Sem atropelos ou falta de unção, pois ela é próprio Jesus.


2. Apostolado da Infra-Estruturada

- uma boa evangelização começa na acolhida. Acolhida bem feita, pessoa bem evangelizada. A Dona Lúcia (DJC Fortaleza) poderá depois nos dá uma aula de acolhimento. Ela é mestre nisso;

- a ambientação deverá ser organizada com amor e zelo. Todo evento pode esbarrar na estética que o antecede. Coisas espalhadas pelo lugar de oração, ambientes sujos, mal decorados ou com uma estética feia espantam o povo logo de primeira vista. Da mesma forma que ao chegar à casa de um amigo para almoçar podemos ficar assustados com a cor das panelas, dos pratos e das colheres (por mais que a refeição seja a melhor possível e a mais atraente), o povo de Deus fica receoso de freqüentar um lugar onde não se prima a higiene e a beleza (em todos os recantos do espaço de evangelização, inclusive os banheiros).

- a Livraria e a Lanchonete também estão a serviço da evangelização. Por isso mais do que vender as mercadorias e receber dinheiro, os servidores que lá estão devem estar preocupados com a evangelização, que começa pelo modo como se trata os discípulos que se dirigem a estes dos Ministérios. Se forem bem atendidas, mais do que adquirir um produto estas pessoas estarão sendo evangelizadas (maior objetivo). Caso contrário, estes ministérios podem ser pedra de tropeço para a evangelização, uma vez que poderão ser tachados de mercenários e contrários ao que nos ensina o Evangelho de Jesus.


3. Apostolado das Artes

- desde a montagem do som tudo deverá ser realizado com muito amor e unção, pois isso também já faz parte da evangelização.

- depois é necessária a escolha com antecedência do repertório de louvor, uma vez que as músicas de oração são pedidas um pouco antes do Siloé pelos ministros de oração. Se tudo for feito em cima da hora o povo percebe e a evangelização vai perdendo credibilidade.

- louvor é louvor. Nem é pregação e nem oração. Por isso quem ministra louvor deve criar um clima favorável onde o povo de Deus possa louvar e agradecer a Jesus por tudo. O povo gosta do mais simples. Louvor com muitas coreografias não ajuda. Uma coisa é um show de evangelização, outra coisa é um encontro de oração. O Siloé recebe pessoas de várias idades, por isso o discernimento deverá sempre ser posto em prática para não excluir ninguém. Além do mais o que garante a eficácia de um louvor não é quantidade de coreografias (embora sejam importantes), mas a unção e o amor com os quais são ministrados.

No mais, é importante lembrar que não é aconselhável que sejam realizadas, no decurso anual do Siloé, muitas trocas de dirigentes. O Acompanhante Local mesmo sendo o primeiro responsável pela condução do Siloé poderá convidar, por necessidade ou falta de carisma, uma pessoa para dirigir o Siloé. No entanto, esta exceção não pode se constituir numa fuga da missão, nem muito menos uma banalização do Siloé.

Desta forma, as pessoas que, por ventura, venham a ser convidadas para realizar a dirigência do Siloé devem ser orientadas a não esquecerem a peculiaridade do Siloé e a vocação e missão do DJC. Ademais nunca é redundante lembrar que devem ser pessoas maduras, com carisma e que demonstrem muito amor pelo DJC.

Francisco Edmar de S. Silva
Ministro Geral de Desenvolvimento Integral

Mais íntimo do que o “eu”


O Deus inefável realiza o ser humano. Não realiza da mesma forma o animal, porque nele nada existe que possa perceber o transcendental. Eis o motivo pelo qual os animais não são religiosos. Até a cabeça deles (voltada para baixo) indica que suas ocupações são terrestres. Mas o “homo sapiens” percebe o Ser por excelência. Seu conhecimento é a partir da inteligência. “Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós” (Tg 4,8). Sua cabeça é ereta (aberta para as coisas do alto). Nesta situação terrestre, a inteligência é a única forma normal de conhecer o Criador. Mas não é um conhecimento evidente, como percebemos, sem sombra de dúvidas, que o boi anda e a andorinha voa. Quando nos voltamos a Deus, a par de nossas certezas, sempre sobra alguma coisa mal explicada, alguma dúvida. Caso contrário, acabaria a fé. Em coisas evidentes nós temos certeza absoluta. Não podemos depositar fé. Só podemos crer, por um ato livre de vontade, em coisas ou pessoas que não conhecemos pela evidência dos sentidos.

Um prócer da literatura mundial, português, com enorme desdém, exclama que Deus só existe na cabeça das pessoas. Ainda bem que nos sentimos honrados com isso. Pois a nossa fé no Eterno, realmente provém da iluminação da inteligência. Agora, o ateísmo vem do coração (das paixões, da rebeldia). A descrença não vem de argumentos da inteligência. Os enganadores argumentos contra o Ser Supremo são uma ginástica posterior à decisão de não querer crer. O reconhecimento do único ser necessário, como todos podem sentir, se enquadra perfeitamente na nossa psicologia. Ele é o convexo que se encaixa no nosso côncavo. Encontra-se no centro do nosso “eu”. É a resposta para nossos anseios mais profundos. “Por ti, ó Deus, suspira a minha alma” (Sl 42, 1). Mesmo a organização social, para não ser um tortura de erros, deve derivar dos princípios do Autor de nossa natureza. A humanidade tem o direito de elaborar as leis sociais, de organizar a justiça da boa convivência. Ela tem o dever de descobrir o sentido da nossa existência. Mas seu coração não deve perder, por um momento, a sintonia com o Criador, que sabe para que finalidade nos criou. Caso contrário daremos “magni passus, sed extra viam”. Executaremos largos passos, mas fora do caminho (Santo Agostinho).

Dom Aloisio Roque Oppermann

Encontrar o real sentido da vida sempre foi uma das tarefas mais difíceis para o ser humano. Por séculos e mais séculos a angústia de querer ancorar o seu mais profundo íntimo pertubou o seu coração.

De repente, por vontade de Deus, a humanidade pôde conhecer um homem que dizia ser o porto seguro para o ser humano. O Homem de Nazaré, Jesus, andava pregando o amor, o bem e ensinando a todos o caminho da salvação e da vida nova. Anunciava que o Reino de Deus estava próximo e que todo aquele que N'Ele acreditasse teria a vida eterna.

No entanto, este mesmo homem (uma boa parte) que buscava tanto direcionar a sua vida para aquilo de mais sublime e profundo, não conseguiu reconhecer, em Jesus, o porto seguro que tanto procurava.

Aqueles que conseguiram enxergar, ao longo da história, que naquele simples homem, morto de forma violenta na cruz e renegado até mesmo pelos seus parentes e amigos mais próximos era (e é) o Filho de Deus que em si traz a verdadeira paz e felicidade, puderam (e podem) descansar em paz, mesmo que fora de si esteja ocorrendo uma grande tempestade.

Por outro lado, infelizmente, aqueles que não conseguiram enxergar em Jesus a âncora para a sua vida, ainda perambulam pela vida preencendo a sua vida e euforia e de pequenos momentos de prazer. Se perdem nas drogas, na prostituição, no relativismo e secularismo, na descrença e etc.

E aqui reside, ao meu ver, a gênese de todas as mazelas sociais, morais e espirituais pelas quais passa a humanidade. Na medida em que todos nós reconhecermos que Jesus é o Filho de Deus, o porto seguro da nossa vida, poderemos de fato descansar em paz e tudo aquilo que nos aflinge terá sido dissipado pela força do amor de Jesus.

Graça e Paz.

Optar por Cristo


Diariamente somos “experimentados” em nossa liberdade de escolha. Ao mesmo tempo, somos convidados a fazer o mal e solicitados a praticar o bem; assim como a seguir os critérios do mundo e a não nos conformar com ele, mas a transformar-nos renovando a nossa maneira de pensar e julgar, buscando o que é da vontade de Deus (cf. Romanos 12, 1-2).

Quem de nós não foi tentado a “olhar para trás” (cf. Lucas 9, 62) depois de ter prometido amor e fidelidade a Deus, ao cônjuge, ao amigo? Aliás, falar de “fidelidade” em nossos dias tornou-se algo complicado e problemático...

Ontem, como hoje, Jesus é “sinal de contradição”. Segui-Lo, comprometer-se com Ele, com o Seu projeto, com a causa do Reino que Ele veio implantar, não é para quem costuma ficar “em cima do muro”. A opção por Ele deve ser definitiva e incondicional. Não há lugar para o descomprometimento. Escolher um caminho é preciso. É necessário tomar uma posição concreta e transparente: servir a Cristo ou aos variados ídolos que o mundo apresenta e segue. Não se pode ficar indiferente. “Se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje quem quereis servir” (Josué 24, 15). Não há outra opção nem uma terceira via. Continuar com Cristo ou ir embora. Há “Caminho” melhor do que optar por Cristo?

É possível cansar-me de ser bom e fiel, de praticar o bem, de me comprometer com a verdade, a justiça, a caridade, o amor? É possível fartar-me da Eucaristia dominical, da frequência dos sacramentos, da leitura e meditação da Palavra de Deus? E o que fazer quando a fidelidade conjugal e familiar começar a pesar, a descrença me assediar e o Evangelho a ser palavra dura?

Murmurando, “muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com Ele [Jesus Cristo]” (João 6, 66), porque a Sua palavra era “insuportável” aos ouvidos e incompreensível à razão humana.

“Também vós quereis ir embora”? (João 6, 67).

No seguimento de Jesus só se aceitam voluntários e incondicionais. Os milhares de pessoas na multiplicação dos pães ficaram reduzidos ao pequeno grupo dos amigos mais íntimos de Cristo. Para receber regalias e benefícios pessoais jamais faltarão multidões entusiastas. Ao contrário disso, os verdadeiros discípulos de Jesus são sempre minoria.

Quando as exigências da fé crescem, a debandada é geral. A maioria entende mais de pão do que de discipulado. Quando tudo corre bem, a adesão a Cristo fica mais convidativa. Mas a fé não pode ser confundida com seguro de vida ou convênio de saúde. Ela traz em si exigências que inquietam e levam à “desinstalação”.

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (João 6, 68). Cristo apresenta-se como opção única e absoluta. Não há outro messias a escolher, não há outro caminho a seguir.

Todos temos dificuldade para assimilar as palavras de Jesus em nossa vida. Justamente porque pensavam em categorias “carnais”, muitos ouvintes de Jesus não podiam aceitar um Messias que viesse numa “carne” humana, isto é, humilde, manso, servo, alheio ao sonho de grandeza, fato próprio de quem se deixa seduzir pelo mundo materialista e pagão. A “carne” de Jesus não combina muito com a nossa sede de sucesso, com o incômodo da partilha, com a entrega da nossa “carne” para a vida do mundo. Confundimos a “glória” de Cristo com “espetáculos religiosos”. Viramos o rosto para Sua imagem desfigurada na pessoa de mendigos, de drogados, de bandidos e sofredores de rua. Essa é uma “carne” que nos incomoda e seria melhor passarmos longe dela, mesmo sabendo que as pessoas sofridas podem ser, também, alimento para a nossa caminhada e certeza da posse do Reino que o Pai preparou para os seus “benditos” (cf. Mateus 25, 33. 34).

Tudo passará. Inexoravelmente. Só Cristo permanece como única esperança para o ser humano sedento de valores perenes. Só a Sua Palavra é mais resistente do que o tempo, capaz de assegurar a vida eterna.

Enquanto perdurar nossa peregrinação na fé e na esperança rumo à eternidade, cabe a nós a decisão da escolha entre o Bem e o Mal, entre Deus e outros ídolos. Na vida de todo ser humano chegará o momento da escolha definitiva. A minha opção, a minha única opção é por Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna.

Dom Nelson Westrupp
Bispo da diocese de Santo André (SP)

Obediência Cristã - parte II


Nos primeiros capítulos de Gênesis, o livro das origens, vemos Adão e Eva, instigados por Satanás, desobedecendo uma ordem do Criador. Já conhecemos toda a história. Depois desta desobediência sobrevêm as desgraças: eles perdem o direito do paraíso; Caim mata Abel... ocorre a confusão da Torre de Babel... veio o Dilúvio... depois as grandes guerras... A desobediência está nas nossas origens e só atrai desgraça! O pecado dos pecados é a desobediência.

O Diabo é o desobediente por excelência. Renunciando a Graça de Deus, ele mesmo quis ser deus. E é por isso que ele tenta, de todas as formas e em todas as situações, que os filhos de Deus sejam desobedientes. Ele sabe que, na medida em que alguém cultiva a desobediência, está se fechando em si mesmo, nas suas próprias verdades e aspirações humanas e renunciando a sua própria salvação.

Por isso, devemos renunciar ao diabo e cultivar em nosso meio o Dom da Obediência. Cristo, o Senhor das nossas vidas e do DJC, foi O Obediente por excelência. Sendo obediente, Jesus quis mostrar que a nossa salvação, pessoal e comunitária, passa pela obediência.

A obediência, antes de tudo, é graça de Deus; é Dom do Espírito Santo. É sinal de crescimento humano e espiritual. Somente alguém agraciado por Deus e maduro pode ser obediente, pois é algo próprio da pessoa imatura a rebeldia e a desobediência.
Quem vai amadurecendo passa a enxergar a obediência como uma necessidade e não somente com aquela conotação de que alguém está ‘mandando em mim’.

Chegar à obediência é todo um processo. Deve ser, portanto, cultivado. Isso vale tanto nas grandes como nas pequenas coisas. E todo este cultivo deve ser regado com muita mística e muita oração. Caso contrário, torna-se algo seco e sem sentido, com um peso insuportável.

Quando somos obedientes não quer dizer que deixamos de ser nós mesmos; não perdemos nossa identidade e nem autonomia. Pelo contrário, curvamos a nossa verdade a um objetivo muito maior. Passamos a escutar ao pé (para utilizar o significado do termo obediência). Passamos a escutar mais, agir mais e falar menos e contestar menos. E quando falamos ou contestamos, devemos ter fundamentos convincentes, que sempre são muito mais do que a nossa própria vontade.

É uma ilusão imaginar que podemos caminhar dentro da Igreja sem cultivar a Obediência, pois onde não reina a obediência, que é dom de Deus, reina a bagunça, a desordem e a confusão, que são frutos do Diabo.

Para ressuscitar dos mortos, Jesus teve que ser obediente na sua Paixão e Morte: “Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26,38-39). Jesus poderia muito bem ter renunciado àquela etapa da sua missão e ter salvado a humanidade de outra forma. Sendo Deus, tudo estava ao seu alcance. Mas o Senhor sabia que era aquela a vontade do Pai e que era aquele o caminho que Ele mesmo tinha percorrido.

Tudo isso Jesus fez por amor ao Pai e à humanidade. Assim sendo, toda obediência é fruto do amor e da humildade:“apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz" (Fl 2,7-8). O fruto imediato de nossa obediência, por ter nascido do amor e da humildade, é que, a exemplo de Jesus, recebemos o reconhecimento e as bênçãos de Deus (Fl 2,9-11).

Maria é outro modelo de obediência. Mesmo em meio às incertezas e, até mesmo perturbações, que a mensagem do Anjo Gabriel deixou em seu coração, ela foi capaz de exclamar: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa Palavra” (Lc 1,38). Que belo modelo a ser seguido! Tudo naquele momento era desfavorável para Maria. O contexto social não ajudava: como todos iriam receber a mensagem de que uma menina muito nova, que estava noiva, tinha engravidado? Maria além de perder o amor de José, seria apedrejada e mataria seus familiares de vergonha. Tudo aquilo ultrapassava e muito a compreensão daquela jovem judia. Mas Maria disse “faça-se em mim segundo a vossa palavra”.

Maria não só foi obediente, mas nos ensinou a ser. No Evangelho de S. João, encontramos, por ocasião de uma festa de casamento, a seguinte frase de Maria: “façam tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,4).

Em vários escritos do nosso Patrono São Paulo, encontraremos exortações acerca da necessidade da obediência: “obedecei aos vossos dirigentes, e sede-lhes dóceis; porque velam pessoalmente sobre as vossas almas” (Hb 13,17); “tenhais consideração por aqueles que se afadigam no meio de vós, e vos são superiores e guias no Senhor.” (1Ts 5,12).

É por isso que, para o nosso próprio bem e da evangelização, devemos cultivar a obediência dentro do DJC. Não é compreensível alguém que dá o seu SIM ao DJC, depois simplesmente desconsiderar os seus encaminhamentos. Isso é, ao mesmo tempo, contradição e ação diabólica em nosso meio.

Peçamos ao Espiríto Santo que nos conceda o dom da obediência. Que Maria e São Paulo interceda por nós. Que nos abramos a este dom com muita mistíca e amor.

Francisco Edmar de S. Silva
M. G. Desenvolvimento Integral

PT pune dois deputados que são contra a legalização do aborto


Após noves meses da abertura do processo, o julgamento final aconteceu nesta quinta-feira, 17. A Comissão Nacional de Ética do Partido dos Trabalhadores (PT) suspendeu alguns direitos partidários dos deputados Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC) por serem contra à legalização do aborto.

A maior punição caiu sobre o parlamentar baiano. Bassuma ficou proibido de participar de decisões na legenda e na Câmara, durante um ano; o PT determinou que ele retire todos os projetos de lei contrários à descriminalização do aborto e o impediu de participar de comissões parlamentares; não vai poder votar nem ser votado nas eleições internas e, dificilmente, terá a legenda para disputar as eleições em 2010.

Henrique Afonso, que é do Movimento Pró-Vida, também respondeu a processo, mas recebeu como pena a suspensão do partido por 90 dias.

Em seu discurso de defesa, publicado no site do deputado, Luiz Bassuma afirmou que sua posição contrária ao aborto não é só uma discussão religiosa, mas atinge toda sociedade. “Luto por uma causa que não é, como dizem, apenas religiosa. É muito mais ampla, com aspectos filosóficos, éticos, jurídicos, científicos, políticos, religiosos e espirituais. Trata-se de garantir o direito mais fundamental de todos os seres vivos: o de existir”, declara.

fonte:Cançao Nova

Articulação: caminho certo para uma boa evangelização


O DJC, por necessidade e desígnio de Deus, está se organizando de modo a garantir a formação de um tronco, a partir do qual novos ramos e frutos possam brotar. Este encaminhamento tem um único objetivo: tornar melhor o que já era muito bom. Em outras palavras, tem como objetivo melhorar a nossa missão evangelizadora.

Os nossos Estatutos já estão sendo estudados pelo Conselho Geral do DJC e, cada vez mais, os Ministérios Gerais estão sendo ocupados.

Uma das preocupações do Conselho Geral, e também diversas vezes colocada pelo nosso Acompanhante Geral Padre Marcos Oliveira, é que cada Discipulado ou Apostolado Específicos possam se articular para melhor evangelizar.

Neste sentido é desejo do Conselho Geral que, sem perder o foco local ou mesmo ficar divagando em pensamentos fora da realidade, cada Discipulado Específico, e também cada Apostolado, possa ir conversando e se articulando.

Desta forma, os Conselheiros Gerais têm, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade e uma ótima oportunidade de colocar em prática os encaminhamentos que o Senhor tem dado ao DJC.

É o momento de se articular. Por meio dos Encontros Vocacionais, mas também através de telefone, e-mail, blogs e etc. Hoje em dia a única coisa de que não podemos reclamar e da falta de comunicação. Se alguém deixa de se comunicar é porque não se esforçou muito para fazê-lo.

Por exemplo, o DJC Jovens, com a sua Conselheira Geral Edilma, poderá conversar com os respectivos responsáveis pelo DJC Jovens Locais e organizar um evento destinado especificamente à juventude. Da mesma forma Casais e Adultos.

Os Apostolados Específicos também podem seguir o mesmo caminho. Através dos seus responsáveis, e sob o comando dos seus respectivos Conselheiros Gerais, podem organizar momentos de oração, formação, encontros de aprofundamento e etc.

Tudo isso com muita oração, discernimento e diálogo, de tal forma que as coisas não sejam feitas de modo atropelado.

Quem não se articula acaba se perdendo no caminho, mesmo que este caminho seja a evangelização.

Estarei sempre disponível para ajudar a todos.

Graça e Paz!

Francisco Edmar de S. Silva
Ministro Geral de Desenvolvimento Integral

Obediência Cristã - parte I




A nossa obediência cristã (a Deus e aos irmãos) encontra seu sentido mais profundo, ou seja, a sua razão de ser, em duas pessoas: Jesus e Maria.

Maria, por meio do Dom da Obediência, abriu as portas da Salvação para a humanidade. Jesus, o obediente por excelência, consumou a salvação para todo o gênero humano. É deste ponto que partimos!

A obediência mortifica aquilo que de pior nós temos: egoísmo, vaidade, auto-suficiência, prepotência, egocentrismo... Todos estes pecados são amados pelo Diabo, mas derrotados pela força da obediência.

A obediência não nos sufoca. Ao contrário, abre novos horizontes. Quando cultivamos a obediência somos como que obrigados a sairmos de nós mesmos, do nosso mundo, daquilo que supomos e mergulharmos na humildade. Ou seja, saímos do nosso egoísmo e egocentrismo e começamos a enxergar um ‘outro mundo’ para além daquele que havíamos formulado na nossa cabeça. Este é um excelente exercício que nos fazem crescer como discípulos.

Humanamente, obedecer é humilhar-se. Espiritualmente a humildade é a virtude mais amada por Deus. Por meio dela temos portas abertas para receber todos os outros dons. Maria foi agraciada por Deus justamente por conta da sua humildade(Lc 1,48-49.51-52.55). Através da humildade Maria Santíssima não recebeu somente mais dons, mas O DOM.

A obediência é fruto concreto do amor. Se amamos alguém, quando do nosso erro, somos capazes de reconhecer a nossa fraqueza, pedir perdão e escutar com atenção o que ela tem a nos dizer(já que a palavra obediência vem das palavras hebraicas obedecere e obdaudire, ou seja, escutar de perto, escutar ao pé).

Quando amamos os nossos pais somos capazes de obedecê-los. Quando amamos a Obra de Deus somos capazes de obedecer. Quando amamos o DJC somos capazes de obedecer às sua diretrizes e àquelas pessoas que o próprio Deus chamou para nos guiar(1Ts 5,12-13).

A obediência também é fruto de uma vida espiritual madura. Quanto mais meditamos a Palavra de Deus e rezamos, mais vamos entendendo, misticamente, o sentido sublime da obediência.

Por fim, a obediência é fruto de uma maturidade humana. Quanto mais madura na vida é uma pessoa, mais ela tem consciência de que, para o reinado de um bem maior, é preciso que haja obediência.

Isto se dá de maneira gradual. Quanto mais vamos tomando consciência do chamado de Deus; quanto mais vamos descobrindo o por quê estamos aqui na terra com este determinado carisma, mas vamos compreendendo a necessidade de sermos obedientes, uma vez que passamos a entender que a obediência esta ordenada para duas finalidades maiores: para o plano individual(nossa própria salvação) e para o plano coletivo(evangelização/salvação).

Graça e Paz!
Francisco Edmar - MDI

Virtudes e dons do Espírito Santo





Virtude é o hábito do bem, isto é, disposição estável para agir bem.

Opõe-se ao vício - que é o hábito do mal.

Virtudes naturais são adquiridas pelo exercício e aperfeiçoamento de dons naturais. Desenvolvem-se pelo esforço da vontade, agindo sobre a aptidão específica. Por exemplo, a virtude de um bom pintor.

Virtudes sobrenaturais são as que, pela graça santificante, recebemos de Deus, tendo por fim nossa eterna salvação. Não dependem de nosso esforço - ao nos dar a graça, Deus as infunde em nossa alma. Devemos, porém, desenvolvê-las.

Virtudes teologais são infusas (ou sobrenaturais). Vêm de Deus e nele têm seu objeto imediato. São a Fé, a Esperança e a Caridade. Recebemo-las com a graça do Batismo, e, em maior abundância, com a da Confirmação.

Virtudes morais são diretamente ligadas aos costumes - ligam-se a Deus, de modo indireto. Podem ser naturais, isto é, que se alcançam por meios naturais, ou sobrenaturais, pelo efeito da graça.

Dentre essas virtudes, destacam-se a Prudência, Justiça, Força e Temperança. Todas as outras virtudes morais derivam-se dessas quatro. Sem a prática dessa virtudes ninguém pode entrar na vida de perfeição". Recebidas no Batismo, são infusas (ou sobrenaturais) - recebemo-las com a graça santificante.



"Ter fé numa coisa, é aderir a ela, por causa da afirmação de outrem, sem podermos conferir pessoalmente. Se a afirmação é de nossos semelhantes, nossa fé é humana. Se a afirmação é de Deus, trata-se de fé divina.

É praticamente impossível viver sem fé. Não existe quem só creia no que pode conferir. Acreditamos em bulas de remédios e em tabuletas de ônibus. Esta fé é humana - e dela precisamos para viver como homens.

Para vivermos como filhos de Deus, precisamos da fé divina, da Fé, virtude teologal que nos leva a crer na palavra de Deus, no que o Verbo revelou e a Igreja ensina. Como virtude teologal, seu objetivo imediato é Deus.

A Fé - Virtude teologal é infusa (é recebida no Batismo), sobrenatural em seu princípio e seu fim (Deus). "Não é uma busca, mas uma posse". "É um encontro da alma com a Verdade de Deus". "Deus nos capacita a crer em Deus - não círculo vicioso: é circulação de amor".

Esperança

No sentido amplo, é a expectativa de um bem que se deseja. Em sentido restrito, aqui empregado, é virtude sobrenatural que nos dá firme confiança para alcançarmos a felicidade eterna e obtermos os meios de consegui-la. Seu princípio é a graça e Deus é o seu fim. Faz-nos passar pelo mundo "como se não fôssemos do mundo" - sem nos prender a ele.

O demasiado apego a coisas mundanas, a sofreguidão na busca de prazeres, a busca de soluções unicamente materiais para todos os problemas - tudo isso são sinais de desespero. A Esperança - virtude cristã - leva-nos a "passar no mundo, sem nos prender a ele; a pisar de leve, para não se prender no lodo; a possuir como se não possuísse. Não se trata pois, de esperar nos homens, mas de esperar em Deus e com Deus.

Caridade

É a maior das virtudes. (Leia-se a 1º. Epístola de S. Paulo aos Coríntios, cap. 13). Romperá as portas da eternidade e para sempre viverá. No Céu, a Fé será substituída pela visão de Deus; a Esperança, pela sua posse - mas o Amor viverá eternamente.

É a virtude sobrenatural que nos faz amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, pelo amor de Deus. Tem em Deus seu objetivo e seu fim principal. Por causa desse amor a Deus, leva-nos a amar o próximo como a nós mesmos. Assim, aí, encontra-se uma ordem no amor: Deus, acima de tudo, em primeiro lugar; depois, nós mesmos e, em seguida, o próximo. Sim, antes de nos perguntar pelo que fizemos dos outros ou com os outros, Deus nos perguntará pelo que fizemos dos dons que Ele nos deu, o que fizemos de nós mesmos.

Antes de sermos responsáveis pelos outros, cada um é responsável pela própria alma - e é nesse sentido que o amor a si mesmo vem antes do amor do próximo. Trata-se do bom amor de si mesmo, relacionado com nossa alma imortal e seu destino; amor de si mesmo, pelo que nós somos principalmente: filhos de Deus, ao Céu destinados.

Não se trata, pois, de egoísmo ou amor-próprio, que, no sentido mais empregado, é o mau amor de si mesmo, por motivos secundários, desprovidos de real importância (por causa de beleza, inteligência, cultura, etc.)

Em terceiro lugar, vem o amor ao próximo. Este deve ser amado por amor a Deus e em Deus - e, também, pelo que possui de mais importante: sua alma imortal, com imagem e semelhança divina. Este é o verdadeiro amor ao próximo que, acima de nacionalidade, posição social, cor da pele, etc, abrange todos os homens. É o amor verdadeiro, centelha do amor de Deus. É a verdadeira Caridade, a que levou S. João Gualberto a amar seu inimigo e S. Francisco de Assis a beijar um leproso. Leva-nos a imitar o Mestre que nos disse e nos mostrou que Deus é Amor.

Prudência

É a virtude que nos faz conhecer e praticar, oportunamente, o que é bem. A Prudência sabe escolher meios, ajeitá-los ao fim que pretende. Aproveita a hora propícia, o lugar acertado. Não dá passos errados. Nisso tudo, é virtude moral natural.

Tornar-se-á sobrenatural quando, ainda fazendo isso mesmo, estiver iluminada pelo brilho da fé, auxiliada pelo concurso da graça, e referir tudo à meta suprema da eterna salvação. No Batismo a recebemos como virtude infusa - é fruto da graça recebida. Prudência não tem, pois, o sentido vulgar e mesquinho que, às vezes, lhe emprestam. É a virtude do reto agir. É racional e honesta. Justamente, é considerada como a "rainha das virtudes morais".

Encontram-se, na Prudência, três elementos:

Reflexão - O homem prudente pensa antes de agir - e o cristão, além disso, reza. Calcula os prós e contras, considera ensinamentos da experiência (própria e alheia).

Determinação - O homem prudente, depois de pensar, toma uma decisão. (As virtudes são correlatas. Aqui, a força ajuda).

Realização - O homem ao examinar bem um assunto e decidir-se sobre ele. Só se torna um ato de Prudência quando realizado. (Também, aqui, entra o auxílio da força.)

Contra a Prudência, pode-se pecar por insuficiência ou por excesso. No primeiro caso, há irreflexão (quando não se pensa bem) ou descuido (quando não são empregados meios devidos para a realização - tornando-a imprudente).

No segundo caso, encontra-se a astúcia - "mascara da prudência", usada para fins repreensíveis e a prudência do século que, absorvida por interesses materiais, esquece os objetivos espirituais. Liga-se a um demasiado zelo pelo futuro (temporal) e conseqüente descuido pela vida eterna.

Em nossos dias, sob diversos aspectos, é a deturpação da Prudência que mais encontramos - apesar do aviso de Cristo: "Procurai, primeiro, o reino de Deus e sua justiça, que tudo o mais vos será dado de acréscimo" (Mt 6, 25-33).

Justiça

É a virtude que nos leva a dar, a cada um, o que lhe é devido. Abrange todas as nossas obrigações para com Deus e para com o próximo, isto é, a religião inteira. Por isso é que, no Antigo Testamento, os homens virtuosos são chamados de homens "justos". Não ignoravam os judeus que a justiça importa em fidelidade a todos os preceitos da Lei.

Também Nosso Senhor tinha em mira este mesmo sentido, quando proclamou "bem –aventurados os que têm fome e sede de justiça, e por causa dela sofrem perseguições" (Mt 5, 6-10), e quando insta, junto dos discípulos, para que se preocupem, antes de tudo, com o "reino de Deus e sua justiça" (Mt 6, 33).

Força

É a virtude que nos dá energia diante dos obstáculos da vida e dos que se encontram dentro de nós mesmos. Aliás, para enfrentar bem aqueles é preciso, primeiro, dominar estes. O orgulho, a cobiça, a sensualidade e outras inclinações congêneres devem ser enfrentados com fortaleza – isso nos tornará mais aptos, mais fortes diante das dificuldades externas da vida.

Temperança

É a virtude que refreia o desejo dos gozos sensíveis, especialmente do gosto e tato. Leva-nos a usar os bens temporais na medida em que servem de meio para atingir os bens eternos. O prazer sensível não é mal, em si – o mal está na sua procura desordenada e desvinculada do nosso verdadeiro fim.

Opõem-se à Temperança a gula e a impureza – que embrutecem, degradam, atingido o homem na alma e no corpo. A virtude da Temperança nos faz sóbrios e castos. Pelo exercício do autocontrole, leva-nos à contenção do orgulho – princípio de todo pecado – e, portanto, à prática da humildade – virtude fundamental, que a ele se opõe.

As virtudes teologais nos levam diretamente a Deus, As morais, indiretamente, também nos levam a Ele. Por Seus Dons, o Espírito Santo nos ajuda neste caminho – caminho que conduz ao Céu.

Estes 7 dons são mencionados por Isaías (Is 11, 3), referindo-se a Cristo – que os tem em plenitude. É pelos méritos de Cristo que os recebemos do Espírito Santo.

Conheça o sentido de cada Dom:

Sabedoria

É o que nos dá o gosto das coisas divinas. Sábio é o que bem hierarquiza valores. O que coloca em primeiro lugar o que realmente está em primeiro lugar. Liga-se à maior de todas as virtudes – a Caridade – pois que a grande Sabedoria está no Amor.

Conselho

É o Dom do discernimento. Em situações difíceis. Faz-nos reconhecer e encontrar a vontade de Deus. Lembra juízo e bom senso. Liga-se à Prudência.

Inteligência

É o que nos leva a perceber a Verdade onde ela se encarta. Embora sem desvendá-los, ajuda-nos a aceitar os mistérios da Religião. É como que o instinto da Verdade. É o Dom que nos faz convictos. Liga-se à Fé.

Força

Dá-nos energia para superar obstáculos a fim de cumprir a vontade de Deus. É o Dom que Maria teve no mais alto grau quando, de pé, no Calvário, assistiu à morte de seu Filho. Foi o Dom de S. João Nepomuceno, preso e torturado com ferro em brasa, por não revelar um segredo de confissão. É ligado à virtude do mesmo nome.

Ciência

Leva-nos a compreender a Religião, sem estudos especiais. O santo Cura D’ars a possuiu em alto grau. S. Tomás de Aquino afirmava Ter aprendido mias aos pés do altar, que nos livros. Não se trata de ciência humana. Trata-se, ao contrário, da noção da indigência do ser criado. Liga-se ao dom das Lágrimas (porque nos vemos como somos) e a virtude da Esperança (porque conhecemos os efeitos da graça de Deus em nós, capaz de nos aperfeiçoar e nos fazer conquistar o Céu).

Piedade

Dá-nos uma atitude filial diante de Deus. Leva-nos a desejar sempre o que for mais perfeito, como o mais justo diante do Pai. Liga-se à Justiça.

Temor de Deus

É o temor de desagradar ao Bem Supremo. Teme-se por amor, e este amor nos faz cautelosos, e nos dá equilíbrio. Liga-se a Temperança e, portanto, à Humildade – virtude básica para a Vida cristã, justificando, assim, a sua definição na Sagrada Escritura: "O temor de Deus é o princípio da Sabedoria".

Ministério Geral de Desenvolvimento Integral





Graças a Deus e ao esforço de muitas pessoas (na sua maior parte humilde, mas comprometidas) o Discipulado de Jesus Cristo tem dado muitos passos. A sua própria existência durante estes anos todos, já é uma vitória da misericórdia do Senhor sobre as nossas fraquezas.

No decorrer de sua história o DJC tem se expandido (quantidade) e amadurecido (qualidade). De passo em passo, estamos nos organizando: algumas pessoas saem, outras entram... e a missão continua, sem desânimos ou rancor no coração. Caso contrário, não poderíamos ser chamados de discípulos de Jesus. Quem saiu continua sendo companheiro de caminhada, embora em ‘casas’ diferentes. Esta é a riqueza da Igreja que nunca poderá ser perdida. Em relação a eles o DJC só tem o sentimento de agradecimento.

Quanto ao DJC ele continua a sua caminhada. Ora com acertos, ora com erros, mas sempre com o olhar fixo em Jesus e na sua própria Vocação e Missão. Estamos nos fortalecendo em cada localidade, realizando os Encontros Vocacionais para o Compromisso de Aliança, rezando e melhorando os nossos Estatutos, promovendo eventos de evangelização (tanto a nível local como geral), nos fortalecendo na fraternidade, aprimorando os nosso blogs, colocando no ar o nosso programa semanal na internet, editando os nossos subsídios e etc. E, sem sombra de dúvidas, com a Graça de Deus, a tendência é o crescimento. Com aqueles que estão descobrindo a real razão de ser do DJC dentro da Igreja, continuaremos caminhando sempre para frente.

E é neste contexto que se encaixa o meu Ministério. Ele me confiado pelo DJC, através do meu Acompanhante Geral e do Conselho Geral, justamente para promover o ‘Desenvolvimento Integral do DJC’. Sem muito idealismo, mas também sem pessimismo e agindo na prática mais do que na teoria, me coloco a disposição de todo o DJC para ajudá-lo a cumprir com o êxito a sua Vocação e Missão nos seus mais variados organismos e localidades.

Por isso, na medida das minhas possibilidades e amparado pela infinita misericórdia de Jesus, a quem de fato pertence o DJC, desejo exercer o meu Ministério com muito amor, mística e parresia.

Graça e Paz a todos!